Ronha – Associação Cultural, criada em 2022, em Odemira
A Ronha – Associação Cultural é uma organização cultural sem fins lucrativos dedicada a apoiar e desenvolver projetos culturais, educativos e ambientais, atuando em diversas disciplinas artísticas.
A 3.ª edição do livro de banda desenhada Histórias à Sombra do Montado, um projeto que une literatura e artes visuais para celebrar o montado de sobro, foi lançada em setembro. Acerca desta obra o “Diário do Alentejo” falou com Hugo Tornelo, co-fundador da Ronha e criador do projeto editorial.
Como nos apresenta este livro?Esta é a terceira publicação do projeto “Histórias à Sombra do Montado”, que reúne quatro novas narrativas inspiradas no montado de sobro e no concelho de Odemira. O nosso objetivo é prestar homenagem, através da banda desenhada (BD), a este ecossistema de enorme importância, destacando a sua relevância cultural, ambiental e económica. Acreditamos que esta é uma forma criativa, acessível e envolvente de divulgar histórias de BD, escritas e adaptadas por autores de renome, inspiradas no montado, a todos os habitantes de Odemira. Ao mesmo tempo, promove boas práticas e sensibiliza a comunidade para a preservação do território.
Quais os objetivos principais a que este projeto, que vai já na sua terceira edição, se propõe?O principal objetivo é homenagear o montado de sobro e reforçar o sentimento de identidade e pertença da população do concelho de Odemira, através de histórias que juntam escritores e autores de banda desenhada de renome. Paralelamente, “Histórias à Sombra do Montado” procura inspirar práticas sustentáveis junto da comunidade, partilhando boas práticas ambientais que constam na publicação, desenvolvidas em colaboração com a Associação de Defesa do Património de Mértola.
Indicia de alguma forma esta continuidade das “Histórias à Sombra do Montado” a necessidade de dar mais visibilidade ao sobreiro (Quercus suber), de sublinhar a importância da sua preservação e continuidade?Sem dúvida. A continuidade do projeto reflete a necessidade crescente de valorizar o sobreiro, símbolo da região e da cultura alentejana, parte fundamental de um ecossistema essencial, a nível ambiental e económico. Cada publicação inclui, no final, um conjunto de boas práticas para a regeneração do montado, procurando educar o público sobre a relevância ambiental deste território e a importância da sua preservação. Através destas histórias, queremos aumentar a consciencialização e contribuir para que o montado se mantenha vivo e protegido para as gerações futuras.
Em finais de 2011, a Assembleia da República atribuiu ao sobreiro o estatuto de “Árvore Nacional de Portugal”. Considera que esta simbologia é aplicada na prática?Esse estatuto reforça o valor simbólico do sobreiro, mas a sua preservação efetiva depende de políticas consistentes de gestão ambiental e florestal, bem como de uma maior consciencialização pública. Acredito que projetos como “Histórias à Sombra do Montado” têm precisamente o papel de estimular ações concretas, sensibilizar a população e promover boas práticas de conservação, regeneração e valorização deste ecossistema. José Serrano