Diário do Alentejo

Moura: O concelho dos resultados mais equilibrados ao longo dos anos

07 de outubro 2025 - 08:00
Nas últimas sete eleições autárquicas, desde 2021, a tónica tem sido de disputa renhida entre socialistas e comunistas
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

O concelho de Moura tem sido o exemplo paradigmático de equilíbrio entre o PS e a CDU no território, chegando ao ponto de a câmara municipal ter sido vencida em três eleições por 97, 22 e três votos de diferença. É com esta característica histórica que Álvaro Azedo (PS) correrá um terceiro mandato, que André Linhas Roxas (CDU) tentará recuperar para os comunistas e que Rui Sousa (AD) e Rui Rodrigues (Chega) tentarão vencer pela primeira vez.

 

O concelho de Moura fechou o ano de 2024 com 13 331 habitantes, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE), um número praticamente idêntico ao de 2021. O ligeiro crescimento de 0,1 por cento em três anos contrasta com a tendência nacional, em que a população subiu 3,2%. A densidade populacional mantém-se baixa, com 14 residentes por quilómetro quadrado. Apesar da estabilidade global, a estrutura etária mostra sinais de mudança: há menos jovens e mais idosos. As estatísticas apontam para 1958 crianças e jovens até aos 14 anos (menos 72 do que em 2021), 7815 pessoas em idade ativa (mais 36) e 3558 idosos com 65 ou mais anos (mais 55). O envelhecimento da população é, assim, uma realidade crescente. Em termos eleitorais, a Comissão Nacional de Eleições fixou os cadernos para o próximo dia 12 com os seguintes eleitores: 11 761 no total, com 11 750 cidadãos nacionais, nove cidadãos da União Europeia não nacionais e dois outros cidadãos estrangeiros.

Nas escolas a tendência é de quebra. No ano letivo 2023/24 estavam matriculados 2228 alunos, distribuídos por 367 na pré-escolar, 1384 no básico e 477 no secundário. Face a 2021, são menos 57 estudantes, resultado de uma descida em todos os ciclos: menos sete no pré-escolar, menos 19 no básico e menos 31 no secundário.

A habitação apresenta outro retrato. Os Censos de 2021 registaram 5311 alojamentos de residência habitual, a que se juntavam 3526 de uso secundário e perto de 1500 casas vagas, entre arrendamento e outros motivos. Ainda assim, entre 2022 e 2024 surgiram 15 novas habitações familiares, mais cinco do que no triénio anterior, sinal de algum dinamismo no setor.

No plano económico, Moura enfrenta desafios significativos. O ganho médio mensal em 2023 foi de 1137,20 euros, abaixo da média nacional (1460,80€) e o terceiro mais baixo entre os municípios vizinhos: Barrancos, 1036,50€; Mourão, 1142,20€; Reguengos de Monsaraz, 1144€; Serpa, 1102,10€; Alandroal, 1171,40€.

Mas há também um dado que reforça a identidade do concelho: Moura é um dos 33 municípios portugueses onde a superfície agrícola utilizada cobre mais de 75 por cento do território, confirmando a agricultura como marca dominante da paisagem e da economia local.

11 761 eleitores recenseados nos cadernos eleitorais para as Autárquicas de dia 12 no concelho de Moura, respeitantes às freguesias de Amareleja, Póvoa de São Miguel, Sobral da Adiça, Moura (Santo Agostinho e São João Baptista) e Santo Amador, Safara e Santo Aleixo da Restauração.

 

41,96 foi a taxa de abstenção no concelho, nas últimas eleições autárquicas, em 2021, em que num universo de 12 022 inscritos houve 6978 votantes.

Candidatos e propostas

 

A candidatura do Chega, com Rui Rodrigues como cabeça de lista, centra-se no rigor, transparência e desenvolvimento económico. Propõe a realização de uma auditoria independente às contas dos executivos anteriores para garantir a confiança na gestão pública. A sua estratégia económica assenta no incentivo ao comércio de rua e na atração de investimento privado, especialmente, para a hotelaria, sugerindo o incentivo à construção de novos hotéis e pousadas. Para fixar a população, propõe benefícios fiscais e a implementação de “políticas natalistas” para combater o despovoamento. Defende a criação de parcerias com escolas para criar cursos profissionais alinhados com as necessidades de emprego do concelho, combatendo a fuga de jovens. A valorização dos produtos locais como o azeite e o vinho, através de festivais gastronómicos, é vista como um motor para o turismo e a economia. Por fim, propõe a atribuição de um subsídio municipal para os bombeiros e a valorização das forças de segurança.

Já a coligação PSD/CDS-PP, liderada por Rui Sousa, apresenta um programa focado na inversão da desertificação e na criação de alternativas económicas. A sua principal bandeira económica é uma redução significativa de impostos municipais (IMI, IMT e derrama), bem como a baixa da quota municipal do IRS para os residentes, como forma de atrair investimento e fixar famílias. Propõe um vasto plano de infraestruturas, que inclui a construção de uma variante a Moura, a criação de bolsas de terrenos para construção a custos controlados e a requalificação de espaços como a “praia do Lago” e as termas. Na área da Sustentabilidade, destaca-se a aposta na “bioeconomia”, com programas para transformar resíduos do olival em energia e fertilizantes. Para os jovens, propõe aumentar em 50 por cento o apoio às propinas do ensino superior e criar um fórum juvenil anual para promover a sua participação cívica. A governação pauta-se pela transparência, com a promessa de auditorias regulares e transmissão on line das assembleias municipais.

A candidatura do PS, liderada pelo atual presidente, Álvaro Azedo, apresenta-se com o lema “Compromisso com o concelho de Moura”, procurando consolidar o trabalho realizado e iniciar um novo ciclo de desenvolvimento. O programa destaca a continuidade de investimentos e a concretização de novos projetos estruturantes, como a construção do Centro Escolar Norte e a construção da variante a Moura. No plano Social, propõe a criação de um programa de apoio ao arrendamento para jovens e famílias e o “Cartão Moura +70 Social” para idosos com baixos rendimentos. Uma medida concreta para fixar profissionais qualificados é a requalificação de antigas casas de ferroviários para servirem de “casas de função” para médicos. A estratégia do PS passa também por uma forte reivindicação junto do poder central para a concretização de projetos como a requalificação do centro de saúde e da esquadra da PSP e a conclusão da rede de regadio.

O programa da CDU, cujo candidato é André Linhas Roxas, estrutura-se em cinco eixos, com forte ênfase na melhoria do quotidiano, na consolidação económica e no desenvolvimento social. Uma das suas propostas centrais é o lançamento do programa “Moura 30”, um guião para captar investimentos estruturantes aproveitando fundos nacionais e comunitários. A nível económico, pretende criar um programa de apoio ao investimento de base local, focado na agricultura, energia, turismo e comércio, e desenvolver comunidades de energia renovável. Para a juventude, destaca-se a proposta de construção de uma casa da juventude com delegações em todas as localidades e a elaboração de uma carta concelhia da juventude. O eixo “Cuidar bem das nossas terras” visa melhorar a limpeza e os espaços públicos, com a criação de uma brigada de intervenção rápida. A CDU aposta também na proximidade, com iniciativas como a «Câmara fora de portas» e o apoio direto ao movimento associativo.

 

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