Os ministros da Defesa de Portugal e da Suécia, Nuno Melo e Pål Jonson, respetivamente, reuniram-se na Base Aérea n.º 11, em Beja, para assinalar a “colaboração” dos dois países, quer na compra de quatro aviões militares, quer na relação de “aliados” no “novo contexto geopolítico” da Europa.
Texto e Foto | Ana Filipa Sousa de Sousa
Os ministros da Defesa de Portugal e da Suécia, Nuno Melo e Pål Jonson, respetivamente, reuniram-se, no passado dia 18, na Esquadra 506 da Força Aérea Portuguesa na Base Aérea n.º 11, em Beja, para debater a “colaboração” entre os dois países no que diz respeito à aquisição, por parte dos suecos, de quatro aviões KC-390.
Em causa, segundo explicou Nuno Melo em declarações ao “Diário do Alentejo” (“DA”), está a parceria “muito vantajosa” que Portugal detém com a construtora aeronáutica brasileira Embraer, empresa responsável pelo projeto das aeronaves militares KC-390.
“Portugal é parte da construção do KC-390 e é também beneficiário do lucro, o que mostra que é uma parceria muito boa, muito vantajosa e que esta aeronave cada vez é mais solicitada e querida por muitos países aliados”, garantiu o responsável português. A compra dos quatro aviões vai render cerca de 45 milhões de euros para Portugal.
Por sua vez, Pål Jonson admitiu que as “relações” entre os dois países estão a mudar, sendo que “há cerca de 19 meses eram países parceiros” e, desde a entrada da Suécia na NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte, e após a compra destes aviões, passaram a ser “aliados” e membros do “Clube KC-390”.
Sobre o aumento do investimento em defesa por parte da Suécia, o governante sueco lembrou que foi apresentado, “há poucos dias”, o orçamento que eleva o investimento nesta área para 3,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), em 2023.“Então, no próximo ano, estaremos com 2,8 por cento do PIB e faremos o maior rearmamento da Suécia desde os anos 1950, por causa da agressão ilegal da Rússia na Ucrânia”, acrescentou.
Paralelamente, o encontro entre os dois ministros permitiu abordar o “novo contexto geopolítico” na Europa e, consequentemente, a “participação conjunto cada vez maior” entre os países aliados.
Para Pål Jonson, é imprescindível ter atenção à exposição da Suécia “à agressão ilegal da Rússia contra a Ucrânia”, assim como “as movimentações dos russos no mar Báltico e no oceano Atlântico”.
“É algo que nos uniu. Falamos sobre a proteção da infraestrutura crítica no mar e também sobre o nosso apoio para a Ucrânia”, disse.
“Bases abertas” canceladas para “não correr riscos” Na mesma ocasião, quando questionado pelos jornalistas sobre o porquê do cancelamento da iniciativa “Bases abertas”, agendadas para este mês e outubro, o chefe de Estado-Maior da Força Aérea, Cartaxo Alves, admitiu que, face à atual conjuntura, Portugal “não pode correr riscos”.
“Não podemos ter ou correr riscos, mas, principalmente, o grande motivo tem a ver com o grande empenhamento e seguir uma linha que todos os nossos aliados na Europa também seguiram, [isto] é, cancelaram todos eles estas atividade”, explicou.Para especificar, o responsável justiçou que, por exemplo, se a Força Aérea estivesse “empenhada numa grade operação” como a “Bases abertas” poderia ficar “a descoberto” e suscetível a “alguns eventuais atentados”, como já ocorreram na Europa.
“Se nos focarmos na Europa, quantos festivais europeus é que foram cancelados neste ano?”, questionou, respondendo logo de seguida: “Todos”. “Portanto, são decisões que não são tomadas isoladamente pelos países, [mas, sim,] analisadas entre os parceiros”, afirmou Cartaxo Alves.
Ainda assim, o “envolvimento operacional” nos “últimos tempos”, como, por exemplo o apoio à Ucrânia e o transporte de emergência médica em território nacional, também motivou o respetivo cancelamento das atividades.
“Agora temos aqui quase todas as esquadras de combate da NATO num grande exercício. Portanto, é um empenhamento operacional também adicional à atividade que havia”, lembrou, referindo-se ao “Tiger Meet”, um dos principais exercícios anuais da organização.
Por isso, “seguimos na linha de todos os nossos aliados e de todos os países”, ou seja, “este tipo de atividades foi cancelado, dando origem a mais empenhamento operacional e mais treino operacional”, concluiu o chefe de Estado.
Neste encontro na Base Aérea n.º 11, os ministros da Defesa dos dois países, assim como o chefe de Estado-Maior da Força Aérea, tiveram oportunidade de experimentar o simulador da aeronave KC-390, o único na Europa, e conheceram as oficinas de manutenção deste avião militar.