A cerca de três meses das eleições autárquicas o cenário começa a ficar preenchido no que diz respeito aos candidatos à presidência das câmaras do distrito de Beja. Entre surpresas, confirmações e algumas incógnitas, fazemos a análise das diversas candidaturas já anunciadas.
Texto Aníbal Fernandes
Nos 14 concelhos que constituem o distrito de Beja apenas em três os presidentes em funções não se recandidatam: João Efigénio Palma, em Serpa, e Leonel Rodrigues, em Barrancos, ambos eleitos pela CDU, e Carlos Teles, do PS, em Aljustrel.
Para os seus lugares já foram anunciados, respetivamente, João Dias, ex-deputado do PCP à Assembleia da República que nas eleições de 2024 não conseguiu a reeleição; Emílio Domingues, técnico superior na junta de freguesia e presidente da assembleia municipal locais durante uma dúzia de anos; e Nelson Brito, deputado do PS até final da anterior legislatura e ex-presidente da câmara à qual agora se recandidata.Dado o perfil dos candidatos referidos para Serpa e Aljustrel, é fácil reconhecer que quer a CDU, quer o PS, apostam forte na manutenção destas autarquias, candidatando dois quadros com provas dadas quer ao nível local, quer ao nível nacional.
Também os nomes de Tadeu Freitas (PSD) e João Português (CDU) se destacam como grandes apostas dos seus partidos, respetivamente, para Almodôvar e Ferreira do Alentejo. O primeiro, com currículo no setor social (Cruz Vermelha Portuguesa e Banco Alimentar), extravasa a mera influência local e tenta recuperar para os sociais-democratas a Câmara de Almodôvar, onde o presidente em funções, António Bota, não se recandidata devido à lei de limitação de mandatos, e o PS concorre com Ana Carmo, até agora vice-presidente da autarquia.
Já em Ferreira do Alentejo, João Português desafia Luís Pita Ameixa, que se recandidata ao terceiro e último mandato, mas que já, anteriormente, tinha sido presidente da autarquia durante 12 anos. O ainda presidente da Câmara Municipal de Cuba – onde cumpriu três mandatos – tem pela frente um histórico do poder local socialista no Baixo Alentejo e ex-deputado da nação.
Já em Moura e Beja, os principais protagonistas das eleições de 2021 vão voltar a enfrentar-se. Em Moura, Álvaro Azedo (PS), atual presidente da câmara, recandidata-se a mais um mandato voltando a ter como opositor André Linhas Roxas (CDU); e em Beja, Paulo Arsénio (PS) repete a contenda eleitoral com Vítor Picado (CDU) e Nuno Palma Ferro (coligação Beja Consegue).
Resta Ourique, onde ainda é possível que a disputa seja entre Marcelo Guerreiro (PS) e Gonçalo Valente (PSD), mas para isso é necessário que o deputado da AD se decida recandidatar, o que só será decidido ou anunciado em meados deste mês.
Históricos
De referir que dois históricos autarcas do distrito resolveram voltar às lides e apresentar-se a votos: João Rocha, em Serpa, e Francisco Orelha, em Cuba. O primeiro, ex-presidente em Serpa e Beja pela CDU, concorre agora como independente e, no próximo domingo, dia 6, faz a apresentação dos candidatos que o acompanham, na praça da República, num evento que contará com a animação do cantor Toy.Já Francisco Orelha fez a apresentação pública dos candidatos autárquicos do PS a Cuba no passado fim de semana, num evento, no largo da Bica, que contou com a presença de José Luís Carneiro, recentemente eleito secretário-geral dos socialistas.
Também em Alvito a surpresa aconteceu. Dinis Pinto, atual presidente da junta de freguesia, eleito pela CDU, e Agostinho Mira, eleito pelo PS como presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova da Baronia, “rebelaram-se” e patrocinam uma candidatura independente à câmara municipal. José Efigénio recandidata-se a um segundo mandato pelo PS.
A incógnita
Nas eleições de 2021 o Chega apresentou candidatos a seis dos 14 concelhos do distrito. Até ao fecho desta edição o partido de André Ventura apenas tinha divulgado os candidatos a Castro Verde – onde não tinha apresentado candidatura em 2021 –, Moura, Serpa, Beja, Ourique, Odemira e Ferreira do Alentejo.
Resta saber se o eleitorado, que votou maioritariamente no Chega nas últimas eleições legislativas, vai manter o sentido de voto ou se fará opções diferentes de acordo com os diversos candidatos em disputa. Aqui estará a chave para perceber se haverá – ou não – uma mudança significativa no cenário político autárquico do Baixo Alentejo.