Diário do Alentejo

Entrevista a Alberto Matos

12 de maio 2025 - 08:00
Cabeça de lista do Bloco de Esquerda pelo círculo eleitoral de Beja

Reagir Incluir Reciclar (RIR), Bloco de Esquerda (BE), Livre (L), Iniciativa Liberal (IL), Partido Popular Monárquico (PPM), Volt Portugal (VP), Ergue-te (E), Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP), Nova Direita (ND) e Alternativa Democrática Nacional (ADN). São estas as designações dos 11 partidos – para além dos quatro que têm ou já tiveram assento parlamentar na Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Beja.

 

O “Diário do Alentejo” quis saber quais as ideias e propostas desses partidos para a região.

 

1 - Quais são as três grandes prioridades do seu partido para o distrito de Beja?

As três grandes prioridades para o distrito são a habitação, a emergência climática e os transportes e acessibilidades. [Defendemos] a reabilitação de casas devolutas no centro de cidades como Beja e nas nossas vilas e aldeias. As autarquias devem notificar os proprietários e, no caso de estes não terem condições para assumir as obras, lançar mão de programas de financiamento para a reabilitação de casas para arrendamento a custos controlados, cativando as rendas até estas cobrirem o custo das obras. Os períodos de seca extrema e de chuvas torrenciais, com inundações e desmoronamento de terras, vão alternar com cada vez maior violência. As chuvadas do último inverno não podem servir de cortina para o Governo levantar as restrições anunciadas no outono ao uso e abuso da água na agricultura intensiva e no seu desperdício devido ao estado de degradação das redes de distribuição pública de água. O rio de lama que invadiu Ervidel no início do ano é um aviso muito sério: é preciso pôr um travão à agricultura superintensiva dos olivais, amendoais, e ao mar de plástico das estufas no litoral de Odemira. A nossa prioridade é a ferrovia, a eletrificação e modernização da linha do Alentejo de Casa Branca à Funcheira e em todos os ramais: reativar o de Aljustrel para transporte de passageiros e de minério, tal como o que liga Neves-Corvo à estação de Ourique; construir o novo ramal para o aeroporto de Beja, “esquecido” pelos governos PS e PSD e pela Ccdra (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo); reabilitar com nova via e material circulante o ramal de Moura para novas ligações transfronteiriças com a Andaluzia e a Estremadura, passando por Barrancos. Deve-se aproveitar o canal ferroviário com mais de 100 anos, não se desperdiçando os gastos já incorridos com ecopistas que podem ser construídas noutras localizações. É urgente trabalhar este projeto para assegurar financiamento dos fundos europeus.

 

2 - Como “dar peso” à região junto dos poderes de decisão?

É possível tornar o distrito, do interior ao litoral, atrativo para muitos, mas para isso é preciso reforçar o investimento nos serviços públicos, nos acessos, e nos transportes, em especial, na ferrovia. A Trimbal [rede de transportes intermunicipal] deve ter horários compatíveis com a vida das pessoas, para além do período escolar, e assegurar transportes gratuitos. Os imigrantes têm sido o principal fator de combate à queda demográfica. Para reforçar este impulso positivo é preciso saber acolher, integrar e fixar quem nos procura, combatendo o trabalho escravo, o racismo e todas as formas de discriminação. Quanto ao peso eleitoral da região, a sempre adiada regionalização será o principal fator de mudança. Entretanto, um círculo único do Alentejo, incluindo os quatro concelhos do litoral integrados no distrito de Setúbal, elegeria mais de uma dezena de deputados e asseguraria maior proporcionalidade, aumentando o peso político da região.

 

3 - O que será um bom resultado, no círculo de Beja, para o seu partido?

Um bom resultado será aumentar a votação do Bloco e combater a extrema--direita, castigando em simultâneo quem nos tem desgovernado e votado o Alentejo ao abandono.

 

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