A provedora da Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS) diz que a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) poderá retomar “o acordo de gestão em parceria” relativo à administração do Hospital de São Paulo assim que o entender, uma vez que já está em curso um processo especial de revitalização (PER), no valor de “mais de cinco milhões de euros”, apresentado a 10 de março, e cujo administrador judicial foi designado na semana passada.
Texto Nélia Pedrosa
Recorde-se que o acordo firmado no início de 2024 entre a UMP e a SCMS com vista à gestão, por parte da primeira, daquela unidade de saúde, chegou ao fim. Na ocasião, o presidente da UMP, Manuel de Lemos, em declarações ao “Diário do Alentejo” (“DA”), afirmava que “não havia condições” para manter o protocolo “perante a situação financeira” da SCMS.
“Da parte do senhor presidente da União das Misericórdias foi referido que assim que estivessem criadas estas condições, nomeadamente, relacionadas com o PER, aquando da apresentação da petição inicial, que a União retomaria connosco o acordo de gestão em parceria para assim se efetivar aquilo que é a responsabilidade da União na gestão da área da Saúde, nomeadamente, no que diz respeito à unidade médico-cirúrgica, ao início do seu funcionamento, portanto, está do lado da União das Misericórdias”, sublinha Isabel Estevens ao “DA”, frisando que foi a UMP que apresentou “como única proposta de solução”, para a situação financeira da SCMS, “avançar-se para um PER”, proposta “aceite pela mesa administrativa”, porque, “de facto, não vislumbrou outra forma de dar continuidade ao caminho e aos objetivos que nos norteiam”. “Aguardamos agora que a União das Misericórdias retome a situação no ponto em que realmente ficámos, porque foi esse o acordo que foi feito entre as duas partes”, reforça.
Isabel Estevens frisa que o PER “é a melhor forma de proteger a santa casa, os seus funcionários, os seus fornecedores e, em primeiríssimo lugar, os utentes”, e lembra que “um processo especial de revitalização não é uma insolvência para lançar o pânico”. É, sim, um processo, “para que a santa casa cumpra com aquilo que são os seus compromissos relativamente aos seus credores, para que comece a delinear uma gestão que permita a estabilidade, a recuperação, o conseguirmos sair deste ‘buraco negro’ onde, de facto, temos vivido nestes últimos anos”. A provedora admite que a situação da SCMS “tem sido muito difícil. Não obstante, nas palavras da equipa técnica que trabalha connosco [no PER], não é uma situação caótica”. “Teremos aqui dias, meses, quiçá os primeiros tempos, em que será de uma grande exigência. (…) mas não considero que o futuro da santa casa esteja em risco, pela medida tomada [o PER]”.
Isabel Estevens reforça, ainda, que a UMP “é o parceiro que, por todo o conhecimento, por todo o envolvimento com a gestão de misericórdias ao nível hospitalar, oferece as devidas condições para nos acompanhar num processo tão complexo como é a área da Saúde”.
Entretanto, na semana passada, depois de várias insistências, o Movimento de Defesa do Hospital de São Paulo foi recebido pela provedora. Luís Mestre, membro do movimento, adianta ao “DA” que Isabel Estevens lhes transmitiu “as enormes dificuldades que a instituição tem para manter o Hospital de São Paulo aberto”, e garante que o movimento vai continuar “a pressionar o poder político”, porque é aí “que está a chave da resolução destes problemas”. “A única solução é a integração do serviço na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo”, conclui.