Diário do Alentejo

Vale da Rosa negocia dívida de cerca 18 milhões com credores

09 de fevereiro 2025 - 08:00
Empresa mãe, subsidiária Uval e António Silvestre Ferreira requereram três processos especiais de reabilitação
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

O grupo Vale da Rosa tem uma dívida à banca de cerca de 17 milhões de euros, a que acrescem mais 150 mil euros à Segurança Social e à Autoridade Tributária. As negociações com os credores começaram no início da semana, no âmbito de três processos especiais de reabilitação (PER) requeridos em meados de dezembro de 2024.

 

A Vale da Rosa, sociedade agrícola com sede em Peroguarda, a subsidiária Uval e o comendador António Silvestre Ferreira deram entrada, a 18 de dezembro, no Juízo de Competência Genérica de Ferreira do Alentejo, a três requerimentos de processo especial de reabilitação, com o objetivo de ser aprovado um plano de recuperação do grupo.

No início do mês de janeiro foi apresentada a lista de credores e as negociações começaram oficialmente na segunda-feira, noticiou o “Expresso”, citando o administrador judicial provisório Jorge Calvete. Ainda segundo o mesmo semanário, a exposição da banca ao universo Vale da Rosa é de cerca 17 milhões de euros, aos quais acrescem 150 mil euros em dívida à Segurança Social e à Autoridade Tributária. Para além destes credores existem, ainda, fornecedores e prestadores de serviços, nomeadamente, stands, empresas de leasing, cooperativas, energia e telecomunicação que também reclamam créditos.

Em outubro, em declarações ao “Jornal de Negócios”, António Silvestre Ferreira admitia que na última campanha iriam ter “menos produção” devido “ao arranque de 40 hectares de vinhas que já não eram interessantes”, o que implicaria uma redução de mil toneladas, para um total de 3500 toneladas.

A diretora comercial, Susana Ferreira, explicava na altura que a situação era “temporária” e que resultava do facto de haver muita área com vinha de primeiro ano, quando “são precisos cinco até as vinhas produzirem a todo o vapor”, enquanto o comendador revelava que, nos últimos cinco anos, tinham investido 10 milhões de euros na reconversão da vinha, “sempre com a língua de fora”, uma vez que a produção era metade daquilo que os 270 hectares podiam produzir (oito mil toneladas), sendo que o objetivo era aumentar a área para 500 hectares e duplicar a produção. António Silvestre Ferreira reconhecia, então, ser “um investimento muito grande”, e que estava “na hora de encontrar um parceiro, mas não é fácil encontrar o certo”.

A este cenário, havia ainda que juntar o facto de o “maior cliente” (a Jerónimo Martins) ter posto fim a uma colaboração de 25 anos e “fechado a porta à boca da campanha”.

Na mesma reportagem o dono da Vale da Rosa reconhecia que a empresa estava a “sofrer muito com isso”, porque não estavam preparados. “Estávamos a fazer contas a centos de toneladas para o cliente de sempre – o maior – e, de um momento para o outro, ele fecha a porta, o que foi muito grave para nós”. Tão grave que pode estar na origem destes PER que agora decorrem nos tribunais.

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