Passada que está a quadra natalícia, ocasião em que há um aumento de consumo por parte dos portugueses, o “Diário do Alentejo” conversou com o presidente da Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Turismo do distrito de Beja, Ricardo Roque, para aferir como correram as vendas do comércio tradicional.
Texto | José Serrano
Que balanço faz das vendas do comércio tradicional, em Beja, durante a quadra natalícia?
De acordo com a avaliação realizada pela Acistdb, através da consulta a alguns associados, constatou-se que, de forma geral, o volume de vendas no comércio tradicional durante a quadra natalícia manteve-se estável, embora, em certos casos, tenha ficado aquém das expectativas. Observou-se, ainda, uma preferência crescente por produtos de menor valor. Adicionalmente, o aumento expressivo das compras on line foi destacado como um fator relevante para a redução das vendas no comércio físico local.
Teme que o futuro do comércio tradicional, no distrito, nomeadamente, na cidade de Beja, esteja em risco? Qual o sentimento que lhe é transmitido pelos lojistas?
Tal como o restante tecido económico, o comércio tradicional enfrenta desafios significativos que requerem uma capacidade de adaptação constante. A proximidade com o cliente e o atendimento personalizado continuam a ser as suas maiores mais-valias, mas estes fatores precisam de ser complementados por uma oferta diversificada e de qualidade. Para além disso, é imperativo que os comerciantes apostem em estratégias mais abrangentes, como o reforço da sua presença em canais de comunicação e divulgação, e na transformação digital. Há quem esteja otimista, seja pelo setor em que atua, pela dimensão do seu negócio ou pelas estratégias que tem implementado, antecipando melhorias no futuro. Contudo, existem comerciantes que vivem uma realidade mais preocupante, enfrentando a estagnação ou mesmo o decréscimo das vendas, o que configura um cenário particularmente exigente e desafiante.
Quais as medidas necessárias a serem tomadas para que se possa, a curto/médio prazo, incrementar a vitalidade do comércio local em Beja ?
Atualmente, a Acistdb lidera um consórcio cujo objetivo é apoiar a digitalização de micro e pequenas empresas. Enquanto copromotor do programa “Bairros Comerciais Digitais” para Beja, esperamos também uma adesão significativa, com especial destaque para o comércio, a restauração e os serviços locais. Ambicionamos também continuar a contar com a candidatura ao projeto de formação-ação, que ao longo dos anos tem sido crucial para a disponibilização de consultoria especializada. Adicionalmente, encontram-se abertos avisos de âmbito regional aplicáveis ao comércio e à restauração, que podem servir para realizar investimentos diferenciadores. No caso de Beja, estes apoios podem alcançar uma taxa de financiamento de 50 por cento.