A inexistência de vagas num conjunto de respostas sociais da Cercicoa, e a consequente necessidade de criar “uma resposta intermédia que permitisse acolher” algumas das pessoas que estavam numa “vasta lista de espera”, levou a cooperativa a avançar com um centro de atendimento, acompanhamento e reabilitação social para pessoas com deficiência e incapacidade, que entrará em funcionamento em janeiro.
Texto | Nélia Pedrosa
A Cercicoa – Cooperativa para a Educação, Reabilitação e Capacitação para a Inclusão, com sede em Almodôvar, vai passar a dispor, a partir de 1 de janeiro, de uma nova resposta social, o Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação Social para Pessoas com Deficiência e Incapacidade.
Com capacidade para 30 pessoas, o novo centro resulta de um acordo de cooperação entre a cooperativa e o Instituto da Segurança Social e traduz-se numa “resposta especializada que assegura o atendimento, acompanhamento e reabilitação de pessoas com deficiência, com idade igual ou superior a 18 anos”. São objetivos da nova resposta social “informar, orientar e encaminhar para os serviços e equipamentos sociais adequados a cada situação; promover programas de reabilitação inclusivos com vista ao desenvolvimento de competências pessoais e sociais; assegurar o acompanhamento do percurso de reabilitação social com vista à autonomia e capacidade de representação; capacitar e apoiar as famílias, bem como os cuidadores informais”.
Em declarações ao “Diário do Alentejo”, o presidente do conselho de administração da Cercicoa, António Matias, explica que a ideia de implementar o centro remonta a 2016, face “à inexistência de vagas num conjunto de respostas sociais [da Cercicoa], nomeadamente, de acolhimento” – “na ocasião ainda só tínhamos um lar residencial e uma residência autónoma” – e à consequente necessidade de se criar “uma resposta intermédia que permitisse acolher” algumas das pessoas que estavam numa “vasta lista de espera”. Depois de várias insistências, em 2023, “finalmente, tivemos esta resposta positiva para assinar este acordo”, adianta o responsável, avançando que será disponibilizado um conjunto de serviços “que vão ao encontro das necessidades das pessoas”, designadamente, “terapia da fala, fisioterapia, hidroterapia ou hipoterapia, entre outros”.
Lista de espera para acolhimento residencial continua a ser problema Com a criação desta resposta, reforça, “em princípio”, conseguirão, “de alguma forma, cobrir as necessidades neste âmbito”. O problema, realça António Matias, continuará a ser a lista de espera para acolhimento residencial. “Vamos, com este centro, criar uma oferta para mais 30 pessoas [com acordo, a que acrescem mais cinco fora acordo], que não estavam a ter qualquer cobertura, pelo menos da nossa parte. E ainda que com esta resposta as pessoas possam resolver uma parte dos seus problemas, nós vamos continuar sempre com uma grande lista de espera para o lar residencial. Muitos casos sociais de vários pontos do País, situações complexas que não têm respostas nos seus territórios”.
Destinando-se, “prioritariamente”, a utentes dos seis concelhos de abrangência da Cercicoa – Almodôvar, Ourique, Castro Verde, Aljustrel, Ferreira do Alentejo e Mértola –, o centro vai dispor, “inicialmente, de gabinetes de atendimento em Ourique e Almodôvar, assim como um centro de reabilitação devidamente equipado, também em Ourique”. O presidente do conselho de administração explica que serão, ainda, estabelecidas parcerias, nomeadamente, com os municípios, de forma a que possam “ter alguns dias de atendimento noutros concelhos, o mais perto possível da área de residência [dos utentes]”.
“O acordo tem efeito a partir de 1 de janeiro. Já temos uma equipa técnica constituída e estamos agora na fase de preparação dos espaços físicos para poder começar a desenvolver as atividades”, acrescenta o responsável, revelando que o investimento “é sobretudo em recursos humanos” – uma despesa anual prevista de 100 mil euros –, porque “os equipamentos de reabilitação já existiam”.
Com a entrada em funcionamento do Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação Social para Pessoas com Deficiência e Incapacidade passarão a ser 16 as respostas sociais disponibilizadas pela Cercicoa, que emprega, atualmente, “cerca de 120 trabalhadores” e dá apoio a “perto de 900 utentes”. “Esperamos conseguir manter estas respostas todas num funcionamento saudável e equilibrado para garantir níveis de qualidade na prestação dos serviços”, conclui António Matias.