Dinis Branco Pratas 19 anos, natural de Castro Verde
Foi aluno no Conservatório Regional do Baixo Alentejo (CRBA), tendo feito parte de um ensemble de trompetes da instituição, e músico da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1.º de Janeiro de Castro Verde. Após a conclusão, em 2023, do ensino secundário, no agrupamento de escolas da sua terra, ingressou na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, no curso de Matemática. É tesoureiro do Núcleo de Estudantes de Matemática da sua faculdade, na qual, diz, ter “o prazer de realizar diversas atividades de divulgação desta disciplina”.
Dinis Branco Pratas, estudante da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, foi um dos vencedores das Bolsas Gulbenkian Novos Talentos 2024, na área de matemática. As bolsas atribuídas pela Fundação Calouste Gulbenkian destinam-se, de acordo com a instituição, “a estudantes excecionais” do ensino superior português, “promovendo o seu talento e estimulando a iniciação à investigação”.
O “elevado mérito académico”, por si evidenciado, que conduziu a esta distinção é, presumo, fruto da sua dedicação à matemática. O que o apaixona nesta ciência?
A matemática é a busca interminável pela “perfeição” daquilo que é mais inerente aos seres humanos – o raciocínio lógico. Desde os mais conhecidos aos mais reservados problemas sem resposta, o esforço de milhares de mentes a trabalharem em conjunto para serem resolvidos motiva-me a querer entender esta área e, talvez, um dia, a tentar resolver algum dos puzzles matemáticos que passaram séculos sem resposta.
É difícil “explicar”, aos outros, não matemáticos, esta sua paixão?
Sem dúvida. Não são poucas as vezes que as pessoas “torcem o nariz” ao saber que faço matemática. Infelizmente, está muito enraizada na sociedade uma visão negativa da matemática. O modelo de ensino atual apresenta a matemática como sendo de difícil acesso, muito artificial e com pouca visão da sua utilidade ao mundo real, algo desmotivador. As fórmulas complicadas que continuam a “atormentar” as mentes dos alunos resultaram, por vezes, de trabalhos que duraram séculos a desenvolver. No entanto, não existe tempo suficiente para passar esta visão das motivações e das histórias por detrás das fórmulas, o que leva muitas vezes a uma falta de apreciação pelo que é ensinado.
Considera que a matemática pode ser, dependendo da forma como é lecionada, mais entusiasmante para a maioria dos alunos do ensino secundário, onde se regista, usualmente, fracos resultados na disciplina?
Claro que sim. Foram necessários muitos anos para o desenvolvimento do que se leciona hoje nas escolas. Uma aprendizagem que explique, nem que de passagem, a motivação e a história por detrás das fórmulas do livro poderia dar uma luz diferente a esta área. É importante, também, realçar o papel de quem ensina. Um professor apaixonado, conhecedor e com grande capacidade de aproximação para com os alunos ajuda a dar um “aspeto” positivo da matemática. Felizmente, tive a sorte de ter um excelente professor, no ensino secundário, que me inspirou a vir para esta área.
Que projeto, no âmbito da atribuição desta bolsa, gostaria de levar a termo?
O meu objetivo é aprofundar o meu estudo em áreas mais avançadas da matemática. Neste momento, em particular, tenho interesse na área que se intitula análise funcional. Pretendo desenvolver, de acordo com o plano desta bolsa, um trabalho de investigação, com o apoio de um professor, que irei apresentar em outubro de 2025.
José Serrano