Diário do Alentejo

A “concretização de um sonho” no início do novo ano letivo

20 de setembro 2024 - 08:00
Centro Escolar dos Bombeiros Voluntários de Moura foi inaugurado no passado dia 13
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

Com um investimento “a tocar os quatro milhões de euros”, e incluído na primeira fase do plano de renovação da rede escolar da cidade, a Câmara Municipal de Moura abriu portas ao renovado Centro Escolar dos Bombeiros Voluntários de Moura. A obra contou com um cofinanciamento de 85 por cento do Programa Operacional Regional Alentejo 2020.

 

Texto Ana Filipa Sousa de Sousa

 

As paredes brancas pouco ou nada se deixavam ver. Os corredores que davam acesso à sala multiusos encheram-se, durante a manhã, de pais e encarregados de educação que, curiosos, conheciam o novo edifício do Centro Escolar dos Bombeiros Voluntários de Moura. Os mais novos, os atuais usufruidores do espaço, subiam e desciam escadas explorando cada recanto.

“É um dia muito feliz para todas as pessoas que acompanharam este sonho do agrupamento de escolas e que se preocupam com a natureza do trabalho que fazemos em prol das nossas crianças”, referia o presidente da Câmara Municipal de Moura, Álvaro Azedo, ao “Diário do Alentejo” (“DA”).

O “moderno estabelecimento”, cofinanciado em 85 por cento pelo Programa Operacional Regional Alentejo 2020, apresenta agora “espaços fluidos, com áreas de aulas, de recreio, de trabalho, de permanência e de encontro entre alunos, pais, docentes e auxiliares”, contabilizando oito salas dedicadas ao 1.º ciclo, duas salas de pré-escolar, uma sala de atividades, uma sala multiusos, um laboratório, quatro gabinetes de trabalho, uma biblioteca/ludoteca, um refeitório e cozinha, um espaço de hortas pedagógicas e um parque infantil, além de “diversos espaços exteriores”.

“A obra já estava pronta há alguns meses, só nos faltava, de facto, os sons das crianças dentro do espaço de escola, mas quisemos que o regresso às aulas fosse o primeiro dia do regresso à escola de Moura, [porque] podemos fazer muita obra ao longo dos nossos mandatos, mas não há obra melhor, não há obra que nos satisfaça mais, do que a concretização de um sonho desta natureza, porque é aqui que temos os alicerces certos da nossa sociedade, na escola pública”, relembrou.

A empreitada, que contava inicialmente com um prazo de execução de 18 meses, faz parte da primeira fase do plano de renovação da rede escolar da cidade mourense e ficou orçamentada em quase “quatro milhões de euros”.

“O importante é que o município também faça ver o seu papel, faça ver o seu trabalho no sentido de estar à altura não só destas obras, mas também destes compromissos financeiros, e o certo é que quer o projetista, quer a câmara, quer depois o empreiteiro, fizeram todos um trabalho extraordinário no sentido de cumprirmos os objetivos para que a escola pública estivesse de parabéns por estar aqui um trabalho extraordinário ao serviço das nossas crianças e da missão que os professores e os funcionários têm de desenvolver todos os dias”, reforçou.

Ao “DA”, também o diretor do agrupamento de escolas de Moura, Rui Oliveira, destacou a influência que o novo equipamento terá para a comunidade escolar, afirmando que com as “excelentes condições” os “alunos têm tudo para serem felizes, para crescerem, para aprenderem e terem um futuro melhor”.

“Penso que nós aqui em Moura ficamos mais ricos e a educação, em particular, vai beneficiar muito com este centro escolar”, garantiu.

Por sua vez, a subdiretora-geral da Educação, Eulália Alexandre, acredita que este “equipamento de qualidade” vem servir de exemplo para o que deve ser replicado no País, uma vez que “as escolas precisam de dignidade”. “As pessoas às vezes confundem e dizem que é luxo ou que estamos a fazer instalações muito boas, que são demasiado, mas não são. Os nossos alunos, os nossos professores e os nossos pais que todos os dias entregam as suas crianças de manhã nas escolas, que nos entregam aquilo que têm de mais precioso, merecem o melhor. Portanto, este equipamento escolar é, também, para mim, que nasci em Moura, muito importante, porque é uma conquista para a terra e é aquilo que eu acredito na educação”, assegurou.

Da mesma opinião partilha a antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública. Ao “DA”, Alexandra Leitão garantiu que o ambiente de trabalho e, consequentemente, de estudo, é o principal motor do sucesso escolar. “Um espaço agradável, luminoso, funcional, mas esteticamente bonito é muito importante para as crianças gostarem da escola, para estarem bem na escola e aprenderem melhor. O presidente da câmara diz que é um dia muito feliz para ele e, seguramente, é um dia muito feliz para todas as pessoas de Moura e, em especial, para a comunidade educativa porque, de facto, é aqui onde se fazem os homens e as mulheres do amanhã”, afirmou a atual deputada na Assembleia da República.

Na sessão de inauguração, no passado dia 13, também o secretário de Estado da Administração e Inovação Educativa, Pedro Cunha, fez questão de lembrar as dificuldades com que a carreira docente tem sido confrontada. “A nossa sociedade tem vindo a esquecer progressivamente o papel e o respeito que estas pessoas nos merecem, porque este país não tem futuro nenhum sem elas e temos que diariamente nos lembrar disso quando planeamos os territórios e as regiões. A nossa responsabilidade é não falhar com o futuro destas crianças, não o podemos fazer e não temos esse direito, [mas] para isso temos de valorizar a escola pública e as pessoas que a constroem. Elas são os verdadeiros pilares desta escola”, assegurou.

O governante sublinhou ainda o “reconhecimento justo” do trabalho desenvolvido pelas associações humanitárias dos bombeiros voluntários, em especial, a corporação mourense, que “agora é eternizada nesta escola”, dando o seu nome ao novo centro escolar.

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