Diário do Alentejo

A herança do império romano em Beja é “riquíssima”

25 de maio 2024 - 12:00
Segredos de Beja Romana, um livro de José d’Encarnação
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 José d’Encarnação, 79 anos, natural de São Brás de Alportel 

 

Licenciou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1970, com a tese “Divindades Indígenas Sob O Domínio Romano em Portugal”. Doutorou-se em 1984, com a tese “Inscrições Romanas do Conventus Pacensis”. É catedrático aposentado, desde 2007, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A epigrafia romana é a sua especialidade. Tem mais de 1200 trabalhos publicados. Jornalista, escreve regularmente na imprensa local. Vive em Cascais.

 

Texto José Serrano

No âmbito do congresso internacional “Escritas e leituras do passado romano”, que se realiza hoje e amanhã, dias 24 e 25, no auditório do Museu Rainha Dona Leonor, em Beja, José d’Encarnação lançará no primeiro dia do encontro, às 17:00 horas, a sua mais recente obra intitulada Segredos de Beja Romana.

 

Como nos descreve este seu livro?Reúne os textos que, regularmente, fui publicando no “Diário do Alentejo”, desde 2012, sobre monumentos epigráficos romanos de Pax Iulia, com a intenção de mostrar a mensagem que veiculam e que é, afinal, bem próxima de nós, quer seja na relação com as divindades, quer com os entes queridos que faleceram, quer da comunidade em relação aos cidadãos que se distinguiram. As belíssimas ilustrações originais que acompanham os textos, da lavra de José Luís Madeira, constituem, por seu turno, um veículo visual aliciante.

 

Como classifica a herança do império romano que Beja, ainda, detém?Riquíssima. E ainda com muito para descobrir, tanto no perímetro urbano como no território derredor, das preciosas casas de campo romanas (villae), que a todo o custo importa preservar. Pax Iulia, como capital político-administrativa de todo este sudoeste lusitano, teve uma importância enorme, que as novas descobertas arqueológicas, paulatinamente, têm dado a conhecer.

 

Considera que a cidade tem sabido preservar e “aproveitar” convenientemente esse milenar recurso patrimonial?Sabido não tem, até porque as preocupações políticas têm sido dirigidas para outras prioridades. Estou, porém, em crer que doravante, resolvidas que quase estão essas questões prioritárias para a população, a vertente do património histórico-cultural vai ganhar maior relevo.

 

O que lhe apraz dizer acerca da demora na valorização do fórum romano, descoberto em 1999, localizado junto à praça da República de Beja, tido como o maior e mais monumental descoberto, até hoje, em Portugal?Entendamo-nos: prioritário é resolver o grave défice das comunicações rodoviárias e ferroviárias e rendibilizar o aeroporto. Logo em seguida, seria bom se concomitantemente, mostrar que o glorioso passado da cidade merece ser indispensável trunfo a esgrimir. Se Beja ganhar mais espaço a nível nacional, não só o imponente fórum romano entrará na liça como os demais vestígios do passado também.

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