Diário do Alentejo

Para conhecimento “da riquíssima avifauna” da região

01 de fevereiro 2025 - 08:00
Guia Ilustrado Para a Observação de Aves de Odemira, de Rui Doudinho

Rui Doudinho, 56 anos, natural de Vila Verde de Ficalho, Serpa

 

Iniciou a sua atividade de observação de aves por volta dos 18 anos. Uns anos mais tarde seguiu a profissão de professor do ensino básico, o que lhe tem permitido percorrer várias zonas do Alentejo e Algarve, mantendo, sempre, o interesse pela temática das aves. Há cerca de 20 anos “assentou arraiais” em Vila Nova de Milfontes, tendo publicado em 2018 um guia sobre as aves dessa localidade. Em dezembro de 2024 publicou, em colaboração com a junta de freguesia, o Guia de Aves da Freguesia de Vila Verde de Ficalho.

 

Foi publicado neste mês de janeiro o Guia Ilustrado Para a Observação de Aves de Odemira, obra da autoria de Rui Doudinho, que pretende dar a conhecer cerca de duas centenas e meia de aves que se podem observar no concelho.

 

Como nos apresenta este livro?

Além de um guia motivacional de iniciação à observação, identificação e estudo das aves do concelho de Odemira, pretende esta publicação ser um meio de conhecimento, criando em todos os iniciantes na atividade hábitos e atitudes de respeito, proteção e preservação da riquíssima avifauna do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. O livro procura dar a conhecer a avifauna do concelho de Odemira, as aves que por aqui se observam durante todo o ano, as que nos visitam em diferentes épocas do ano e aquelas que por aqui passam em migração. O guia foi concebido para utilização do público em geral, miúdos e graúdos, uma vez que apresenta imagens bem definidas de cada espécie, em alguns casos com diferenciação de sexos, idades e plumagens das aves.

 

Das 242 espécies de aves que apresenta, qual a mais difícil de ser observada?

Há espécies com apenas dois ou três avistamentos ao longo dos anos e, ainda, algumas com apenas um registo, como a petinha-marítima, raridade em Portugal. As aves marinhas apresentam dificuldades acrescidas, uma vez que se observam quase sempre em alto mar, com raras aparições junto à costa. Para a observação destas espécies são necessárias visitas, de barco, ao mar, as chamadas saídas pelágicas, atividade por explorar na região.

 

Como classifica a riqueza ornitológica do concelho de Odemira?

A orla marítima do concelho representa uma importante zona para os observadores de aves do Alentejo, pois é aqui que encontram espécies praticamente impossíveis de registar no interior. Por aqui passam observadores de outras regiões de Portugal e estrangeiros à procura de espécies importantes, difíceis e necessárias para as suas listas pessoais.

 

Considera que a ornitologia poderá vir a assumir-se, no território, como um importante fator de desenvolvimento, nomeadamente, junto das populações das áreas rurais?

A observação de aves (ou birdwatching) é uma atividade pouco conhecida no concelho pela população residente. No entanto, vão surgindo os primeiros passos, com o aparecimento de empresas que se dedicam, parcialmente, a estas atividades. A edição deste guia visa o interesse da população por este passatempo, sobretudo, junto dos mais jovens, como alternativa ao tradicional turismo de massas. Faltam os imprescindíveis incentivos das entidades competentes e de empresas dedicadas a este hobby, como acontece em outras zonas do País. Como professor, tenho tentado motivar os meus alunos para o conhecimento da fauna e da flora da região, tendo em conta o respeito, a preservação e a proteção das espécies.

José Serrano

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