Três Perguntas a Jorge Serafim, presidente da Associação de Defesa do Património de Beja (AdpBeja)
A propósito da recente eleição de Jorge Serafim ao cargo de presidente da Associação de Defesa do Património de Beja (AdpBeja) o “Diário do Alentejo” conversou com o próprio sobre os objetivos a que este se propõe a curto/médio prazo, a responsabilidade que agora assume após o mandato de Florival Baiôa, figura de referência na defesa do património da cidade, e a necessidade de existir uma maior envolvência da comunidade com a AdpBeja a fim de valorizar, mais eficazmente, na região e a nível nacional, o património cultural de Beja.
Texto | José Serrano
Foi eleito, recentemente, presidente da AdpBeja. Quais os objetivos a que se propõe, a curto/médio prazo?Esta direção e todos os seus órgãos sociais propuseram-se dar continuidade a uma série de iniciativas que vêm de mandatos anteriores e que são marcantes da atividade cultural e social da cidade. Nomeadamente, a Festa das Maias, a Festa do Azulejo, assim como continuar com o ciclo de conferências subordinadas ao património da cidade e do concelho. Queremos angariar mais sócios para a AdpBeja, com especial incidência nos jovens. Iremos realizar um conjunto de iniciativas, que decorrerão num espaço temporal alargado, que pretendem homenagear e evocar a extraordinária importância que Florival Baiôa teve na cidade, enquanto investigador, historiador e amante do património de Beja. Também pretendemos desenvolver, a médio e longo prazo, atividades em torno do forno comunitário [Ti Bia Gadelha, em Beja], criando no edifício adjacente, pertencente à associação, o núcleo museológico do pão e seus ofícios.
Sucedendo a Florival Baiôa, figura de referência na defesa do património da cidade, acresce-lhe a este seu mandato uma maior responsabilidade?Acresce enorme responsabilidade a toda a equipa que assumiu os destinos da AdpBeja. Mas também a todos os sócios e cidadãos. Porque Florival Baiôa comprovou, através da sua profunda dedicação à história e ao património, que é um dever, de todos, exercer a cidadania, no sentido de valorizar identidades, cuidando de um bem comum, que projetem e dinamizem a região. A valorização do património físico e humano foi sempre um baluarte da associação ao longo destes 40 anos. A preservação das tradições, da memória dos ofícios, a necessidade constante de envolver e dinamizar os artistas emergentes em diversas iniciativas, tirando-os do anonimato, sempre foram objetivos que fizeram parte do nosso cardápio de atividades. Temos, obviamente, o dever de cumprir com Florival Baiôa, Joaquim Mestre, Leonel Borrela, Barbosa Bentes, José Luís Palma, Ni Almodôvar e tantos outros fundadores da AdpBeja, continuando a valorizar e a orgulharmo-nos deste riquíssimo património que temos e somos.
Considera, assim, a necessidade de uma maior envolvência da comunidade com a AdpBeja, com o objetivo comum de se valorizar, mais eficazmente, na região e a nível nacional, o património cultural de Beja?É essencial que os cidadãos e as entidades se envolvam em torno de tudo o que possa ser uma mais-valia para a região. O maior património são as pessoas. Uma cidade cuidada reflete, com a mesma, o envolvimento das instituições e dos seus cidadãos. Não há democracia sem cidadania. O amor e o conhecimento que temos sobre o nosso património é o que nos permitirá ser exigentes na sua preservação, valorização e projeção.