A propósito do I Giovani e le Scienze, um concurso de ciência, que decorreu em Milão (Itália) com o intuito de promover as carreiras científicas junto dos jovens, o “Diário do Alentejo” conversou com as alunas do Agrupamento de Escolas de Odemira que alcançaram o segundo lugar na competição, Ana Ramos, Bruna Matos e Mariana Gonçalves, sobre o projeto desenvolvido, a importância da medalha de prata tendo em conta que concorreram com jovens investigadores oriundos de países como Itália, Bélgica, Brasil, Luxemburgo, Espanha, Taiwan, Turquia e Tunísia, assim como as suas perspetivas quanto à relação existente entre os jovens e a ciência.
Texto | Ana Filipa Sousa de Sousa
Entre os dias 16 e 18 deste mês decorreu em Milão (Itália) o I Giovani e le Scienze, um concurso de ciência que pretende promover as carreiras científicas junto dos jovens. A vossa investigação sobre a biodegradação de polietileno alcançou um segundo lugar entre 35 trabalhos. Como é que apresentam o vosso projeto?
O nosso projeto começou quando nos deparámos com um dos maiores problemas existente no concelho de Odemira, ou seja, a acumulação de resíduos plásticos proveniente da cobertura de estufas. Como tal, decidimos testar se os fungos Penicillium digitatum (bolor proveniente de um limão) e Pisolithus tinctorius (localmente chamado “bufa-de-velha”) teriam a capacidade de fazer a degradação e o descarte do polietileno usado em estufas. Após seis semanas de trabalho, chegámos à conclusão que os Penicillium digitatum têm maior capacidade de degradar o plástico, contudo, o consórcio entre os dois fungos obteve melhores resultados do que estes em separado.
Que importância adquire a vossa medalha de prata considerando que concorreram com jovens investigadores oriundos de países como Itália, Bélgica, Brasil, Luxemburgo, Espanha, Taiwan, Turquia e Tunísia?
Termos ganho esta medalha demonstra um enorme reconhecimento pelo nosso trabalho e dedicação, não só por estarmos a concorrer com jovens investigadores a nível internacional, mas também por termos conseguido realizar o projeto com os reduzidos recursos materiais que dispúnhamos, comparando com os laboratórios de outros concorrentes. Este prémio também nos deu uma maior motivação para nos envolvermos em mais projetos relacionados com a ciência no futuro.
Como descrevem a relação existente, atualmente, entre os jovens e a ciência?
Na nossa perspetiva, atualmente, a maior parte dos jovens não mostra muito interesse na área científica, talvez por se sentirem intimidados com a sua complexidade e por esta não ser abordada de forma cativante. No entanto, muitos programas educativos e iniciativas tornam a ciência mais acessível e envolvente para os jovens, incentivando-os a explorar o mundo científico. Pessoalmente, temos uma grande sorte em ter a professora Ana Paula Canha que, para além de nos despertar a curiosidade, dá-nos a conhecer oportunidades e experiências importantes para o nosso percurso. Em suma, achamos que deveria haver um maior investimento na ciência.