Diário do Alentejo

“O envelhecimento da população, o problema migratório e a mudança de paradigma (...) são alguns dos desafios que as IPSS irão enfrentar”

23 de março 2024 - 12:00
Três Perguntas a Conceição Casa Nova, presidente da União das Instituições Particulares de Solidariedade Social do Distrito de Beja (Udipss Beja)

A propósito da recente reunião entre a União das Instituições Particulares de Solidariedade Social do Distrito de Beja (Udipss Beja) com a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal), o “Diário do Alentejo” conversou com a presidente da Udipss Beja, Conceição Casa Nova, sobre quais os objetivos da própria reunião, a atual situação das IPSS no distrito, bem como os principais desafios que se colocam atualmente à Udipss Beja.

 

Texto | José Serrano

 

A Udipss Beja reuniu-se, recentemente, com a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal). Quais os objetivos desta reunião?

Esta reunião teve como objetivo a apresentação da Udipss Beja e do trabalho que está a desenvolver e verificar a possibilidade de cooperação em projetos conjuntos. Sendo a Udipss Beja uma entidade distrital, representando instituições de solidariedade implantadas em todo o território e abrangendo a Cimbal 13 dos 14 dos municípios do distrito, o trabalho colaborativo, numa lógica de rentabilização e racionalização de recursos, faz todo o sentido. E estando o processo de consolidação da transferência de competências ainda em curso, a Udipss Beja afirma-se como um parceiro privilegiado no território.

 

Em junho de 2021, em declarações ao “Diário do Alentejo”, o então presidente da Udipss Beja, Vítor Igreja, sublinhava a situação “extremamente difícil” vivida pelas instituições particulares de solidariedade social (IPSS) de Beja. Cerca de dois anos e meio passados como classifica a atual situação das IPSS no distrito?

Todas as IPSS no País, em geral, e no distrito, em particular, vivem uma situação de grande dificuldade de sustentabilidade financeira. Os aumentos do salário mínimo nacional, nos últimos anos, e as atualizações dos salários de todas as categorias profissionais, que, naturalmente, saudamos, não foram acompanhados das atualizações das comparticipações por parte do Instituto da Segurança Social. Verifica-se, assim, que os aumentos anuais dos acordos de cooperação, constantes do Compromisso de Cooperação assinado entre as entidades representativas do setor e os sucessivos governos, ficam aquém das necessidades das instituições para fazer face ao acréscimo de vencimentos e à subida acentuada da inflação. De referir ainda que, apesar do aumento do salário mínimo, continuamos a ter baixos salários, num setor que exige competência e perfil adequado, dificultando a cativação e a fixação de recursos humanos. Caso não sejam devidamente equacionados os conhecidos dilemas da sua sustentabilidade, poderá estar em causa a sobrevivência de muitas das instituições que prestam serviços indispensáveis em diversas áreas sociais.

 

Quais os principais desafios que se colocam, atualmente, à Udipss Beja?

O envelhecimento da população, o problema migratório e a mudança de paradigma que os novos tempos e públicos exigem são alguns dos desafios que as IPSS irão enfrentar. Nas crises mais recentes as IPSS conseguiram superar-se e manter uma grande robustez na capacidade de resposta. Esse capital e essa experiência são indispensáveis, não podendo, por isso, ser desperdiçados. No momento que vivemos, de alguma incerteza e previsível instabilidade política, as preocupações adensam-se, mas estou certa de que, numa lógica de complementaridade entre todas as instituições e com os meios adequados, seremos capazes de responder aos desafios.

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