O secretário-geral do PCP, em visita ao distrito de Beja no sábado, no âmbito da campanha da CDU para as Legislativas de domingo, dia 10, afirmou que “o único voto que garante uma resposta” aos problemas da região “é o voto na CDU e a eleição do deputado João Dias”. Um deputado “ao serviço, e só ao serviço, do povo e dos trabalhadores, ao contrário dos deputados do PS e do PSD” eleitos pelo círculo de Beja.
Texto | Nélia Pedrosa
Uma “ação sobre acessibilidades” junto a um viaduto inacabado das obras do IP8, na zona de Figueira dos Cavaleiros, no concelho de Ferreira do Alentejo, marcou o início da visita que o secretário-geral do PCP fez no sábado, sétimo dia de campanha para as Legislativas do próximo domingo, 10, ao distrito de Beja.
Acompanhado pelos candidatos da CDU (Coligação Democrática Unitária) pelo círculo eleitoral de Beja, Paulo Raimundo sublinhou, em declarações aos jornalistas, que a suspensão das obras do IP8 foi “uma opção do Governo PSD/CDS, na altura da troika, e uma opção que o PS decidiu, em vez de contrariar, continuar”, não resolvendo, assim, o problema. O líder da coligação frisou, também, que o IP8 “é uma infraestrutura estrutural para o desenvolvimento da região, do distrito de Beja”, e que, para além da “construção do IP8 na sua vertente inicial”, são “linhas fundamentais de atuação” o “desenvolvimento da linha ferroviária, mais um elemento estruturante para a região e para o País”, e “potenciar ao máximo o aeroporto de Beja”, porque “corre-se o risco de ter uma infraestrutura que, daqui a uns anos, se não for potenciada, será mais um mamarracho”. E considerando que “os alentejanos são pessoas de paciência, mas isto [IP8] até dá cabo da paciência aos alentejanos”, garantiu que “a única forma de resolver”, “de uma vez por todas”, estes problemas, “é dando mais força ao PCP e à CDU”.
Já João Dias, deputado e cabeça de lista da CDU por Beja, lembrou que no debate do Orçamento do Estado de 2021, ao questionar Pedro Nuno Santos, então ministro das Infraestruturas, sobre os investimentos na região, “ele disse que não iria fazer investimentos sem saber se fazem falta – as palavras são dele, estão gravadas –, ora, é precisamente o contrário, os investimentos públicos é que depois criam o desenvolvimento económico e social”.
De Figueira dos Cavaleiros Paulo Raimundo seguiu para Beja, onde, depois de almoço, participou num comício da CDU, inicialmente previsto para o “jardim do Bacalhau”, mas que acabou por ser transferido para a Casa da Cultura devido às condições meteorológicas. Perante uma sala repleta de militantes e simpatizantes, e depois de ter assistido a dois momentos culturais protagonizados pela oficina de percussão Rufar e Bombar e pelos músicos Paulo Ribeiro e Manuel Nobre e pelo ator António Revez, o secretário-geral do PCP – que mais à frente haveria de afirmar que “defender a cultura é defender a democracia” – voltou a referir-se aos projetos estruturantes para a região, lembrando, uma vez mais, que o PSD e CDS “pararam as obras no IP8 e o PS arrastou essa bandeira até aos dias de hoje”, contribuindo para “aquela imagem deplorável, degradante, de uma obra que parou e nunca mais andou”, como se pôde constatar, disse, nessa mesma manhã, em Figueira dos Cavaleiros. “Ainda há pouco dizia isto, mas quero repetir, porque é sentido o que vou dizer, os alentejanos têm, como todos, virtudes e defeitos, mas há uma virtude que têm extraordinária, que é paciência de alentejano. Mas é demais. É demais a espera pela conclusão do IP8, é demais a espera pelo transporte ferroviário, é demais a espera pelo aproveitamento de todas as possibilidades do aeroporto de Beja”.
Paulo Raimundo referiu, ainda, que “não é possível, hoje, ignorar as alterações que estão em curso nesta região, e um pouco por todo o País, com o aumento significativo do número de trabalhadores imigrantes e da exploração do conjunto dos trabalhadores”. Mas, deixou bem claro, “para que não restem dúvidas”, que “o discurso do ódio, o discurso do racismo, o discurso da discriminação que tem vindo a aumentar, mais não faz do que querer desviar a atenção dos reais problemas e dos responsáveis, em particular dos que empurraram milhares e milhares de cidadãos, em particular, jovens – e jovens alentejanos – para fora do País, à procura de melhores salários, de mais estabilidade”. Ainda em relação ao fenómeno da imigração, defendeu “que é preciso garantir os direitos a todos, independentemente da sua nacionalidade”, porque “Abril fez-se para todos os que cá estão e os que chegam”.
O secretário-geral do PCP afirmou, também, que o deputado João Dias, “ao contrário dos deputados do PS e do PSD eleitos aqui pelo distrito – e podemos dizer isto de peito cheio e sem nenhum receio de se fazer um fact check [verificação dos factos] – nunca faltou a nenhuma chamada das populações onde foi preciso estar”. “João Dias é um deputado de palavra, um deputado de dignidade e de confiança, um deputado ao serviço, e só ao serviço, do povo e dos trabalhadores, ao contrário dos deputados do PS e do PSD eleitos aqui pelo distrito”, disse ainda, reafirmando que “o único voto que garante a resposta” aos problemas da região “é o voto na CDU e a eleição do João Dias”.
Antes da intervenção de Paulo Raimundo, subiram ao palco da Casa da Cultura Lucas Candeias, da Juventude Comunista Portuguesa, que chamou a atenção para “os muitos problemas que os jovens” do distrito de Beja, e do País, “enfrentam”, nomeadamente, “a falta de investimentos nas escolas, a falta de emprego ou os baixos salários”, e ainda o deputado João Dias, que, tendo em conta “a energia tão boa” da plateia, “que alimenta a alma”, sublinhou que “aqui [nesta sala] não se fazem sondagens”, mas “é esta energia que nós identificamos nas ruas das nossas aldeias, das nossa vilas, esta energia que as sondagens não identificam e que nós sabemos que está connosco”.
O deputado, referindo-se ainda às necessidades do distrito, nomeadamente, na área da saúde, para além da construção da segunda fase do hospital de Beja, defendeu que o hospital de Serpa, que é agora gerido pela União das Misericórdias Portuguesas, deve regressar ao Serviço Nacional de Saúde, “para servir a nossa população e não estar a encher os bolsos dos outros”.