Diário do Alentejo

“Reconhecer que há coisas por fazer não quer dizer que nada foi feito”

02 de março 2024 - 12:00
Nelson Brito sublinha que, apesar do que há por fazer na região, só o PS dá “garantia” de execução, nomeadamente, das obras em curso ou projetadas
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

Nelson Brito 49 anos. Advogado. Presidente da Federação Regional do Baixo  Alentejo do PS. Deputado à Assembleia da República. Natural de Aljustrel. Residente em Aljustrel

 

No que diz respeito ao distrito de Beja, há temas incontornáveis, seja em tempo de eleições ou não: acessos e mobilidade; saúde; a questão da seca. Em todos eles, o cabeça de lista do PS, Nelson Brito, prefere ver o copo meio cheio a meio vazio. Reconhecendo o que ainda há a fazer, enaltece o que se fez e o que está projetado fazer, sem deixar de “puxar dos galões” por ter sido o seu partido a estar na origem do Alqueva, do aeroporto de Beja ou por ser o responsável pelo maior investimento na Saúde, na região, de uma só vez.

 

Pedro Nuno Santos referiu que o PS quer que “o povo do Baixo Alentejo finalmente veja obra”. Não parece haver aqui uma crítica implícita a uma certa inação na região, tendo em conta que o PS governou o País nos últimos oito anos?

Não é uma crítica, é o reconhecimento feito com humildade de que nem tudo está feito e que há equipamentos e infraestruturas que têm, de uma vez por todas, que ser executadas. O PS não se esconde atrás de palavras, sabemos bem quais os nossos compromissos e o que sempre desejamos para o Baixo Alentejo. Relembro que na origem desses projetos está o Partido Socialista, com o Alqueva, a A26, o IC 27 e o aeroporto. Alguns destes projetos estão em curso, outros em fase de estudo e outros a necessitar de uma definição concreta dos tempos e investimentos. Seja como for, é fundamental que se concluam e que os baixo-alentejanos possam reconhecer que as promessas que fizemos serão executadas. É que só o PS dá a garantia das suas execuções, mais nenhum partido. Isso é evidente e indesmentível!

 

Em declarações à comunicação social, Nelson Brito disse que o foco do futuro Governo deverá estar na “execução” dos projetos previstos para a região. Quais os que considera prioritários e passíveis de concluir na próxima legislatura?

Tem a ver com o que expliquei na pergunta anterior, o PS tem a obrigação de dar continuidade aos projetos que iniciou, cumprir a sua execução. Muito está a ser feito em gabinetes e estudos, agora é hora de avançar e colocar essas infraestruturas ao serviço da região e dos baixo-alentejanos. Por isso defendemos que o Baixo Alentejo é a nossa razão de ser, pelos compromissos, pela visão de desenvolvimento que temos vindo a realizar. Chegou o momento de fazer pelo Baixo Alentejo! Mas é importante esclarecer que reconhecer que há coisas por fazer não quer dizer que nada foi feito. Neste momento temos em investimento na região, em Ambiente, infraestruturas de apoio à agricultura e à água, nos apoios sociais e equipamentos, na Educação, no apoio à economia, na Saúde e na valorização do património, cerca de 1300 milhões de euros. Não é de somenos importância para se entender que há muito feito e num volume significativo.

 

Têm sido anunciadas a construção e requalificação de unidades de saúde na região. Qual a garantia de que não teremos equipamentos modernos, mas vazios de profissionais de saúde?

Esse é o grande desafio, não só da região, mas de todo o País, como é público. No entanto, convém começar pelo essencial que é ter equipamentos de saúde com condições para receber médicos e outros profissionais, para reforçar os cuidados e os meios de diagnóstico e isso está a ser feito! Estão em curso investimentos de 20 milhões de euros na região na Saúde, incluindo a abertura do serviço de ressonância magnética já em março. Estamos a investir para tornar mais atrativa a vinda dos profissionais de saúde. Nunca houve um investimento com esta dimensão na nossa região de uma só vez. Mas não escondo a preocupação com a integração de equipas médicas na região para dar as respostas devidas, apesar de ser um problema mais complexo, como se sabe.

 

O presidente da EDIA diz que “a manta é curta” para o Alqueva poder alargar o fornecimento de água muito para além do que está previsto, a propósito de futuros transvases. Qual é a sua posição?

A gestão dos recursos da água é um problema complexo com que lidamos. Não é uma questão exclusiva da nossa região mas de todo o País e do mundo em geral. No Baixo Alentejo estão a ser feitos grandes investimentos para alargar ao máximo a todo o território. Falamos de um investimento global de mais de 400 milhões de euros. E se não fosse o Alqueva estaríamos a viver uma situação dramática, quer no abastecimento às populações, quer à agricultura e indústria. Depois de termos resolvido e ultrapassado o problema de abastecimento da barragem do Monte da Rocha, fica por resolver a situação na barragem de Santa Clara, onde a solução possível é sempre insuficiente. Ora, uma solução alternativa, que é urgente estudar e desenvolver tecnicamente, sobretudo, e garantindo qualidade e quantidade, é o desafio que a EDIA tem pela frente e confio que o fará e que está nas suas preocupações e prioridades.

 

A nova liderança do PS promete repor na ordem do dia a questão da regionalização. Qual o modelo que defende? Um Alentejo com base na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) ou uma região para o Baixo Alentejo?

Não há dúvidas sobre o que eu penso e o que os baixo-alentejanos pensam e desejamos todos: defendemos a criação da região Baixo Alentejo. Não evocamos slogans nem agitamos bandeiras por conveniência ou pelas circunstâncias. O Baixo Alentejo é um desígnio que está na essência de tudo aquilo que defendemos para a região, no conjunto do seu território, das suas potencialidades e que é um motivo de orgulho e de mobilização dos baixo-alentejanos. E o Partido Socialista, uma vez mais, é quem está na linha da frente e desde sempre na sua defesa, ao lado dos cidadãos e em prol do futuro!

 

“Aeroporto de Beja como o grande motor de desenvolvimento da região”

Que futuro prevê para o aeroporto de Beja? E como justifica a demora e indecisões em torno da ferrovia e da rodovia?

O aeroporto de Beja é uma infraestrutura aeroportuária fundamental para o desenvolvimento económico não só da região mas também do País. A sua vocação principal é de manutenção e logística e de complementaridade na vertente de passageiros. Como se sabe, está concessionada à ANA e é importante que o Governo consiga fazer entender e estimular a concessionária para a importância e potencial desta infraestrutura. Para nós não existem dúvidas e estamos empenhados em continuar a defender o aeroporto de Beja como o grande motor de desenvolvimento da região. No que respeita à rodovia, é público o arranque da obra de requalificação do IP8 e a construção de variantes em Figueira de Cavaleiros e Beringel. Mas também temos defendido que esta obra tem de incluir todo o percurso até Vila Verde de Ficalho, o que Pedro Nuno Santos assumiu há dias em Beja, no debate com entidades da região, que fará sem reservas. Na ferrovia o plano está definido e o que temos tentado e desejamos é conseguir antecipar os prazos definidos.

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