Três Perguntas a Pedro Xavier, presidente da Associação de Futebol de Beja
A propósito do aumento do número de praticantes, sobretudo de futebol e futsal, inscritos na Associação de Futebol de Beja o “Diário do Alentejo” conversou com o presidente da instituição, Pedro Xavier, sobre a relevância destes 4000 atletas no contexto desta associação regional, o papel que o futebol feminino tem desenvolvido para este sucesso, bem como as atuais necessidades que têm de ser ultrapassadas para que este crescimento seja, ainda, mais expressivo.
Texto | José Serrano
A Associação de Futebol de Beja ultrapassou, recentemente, a marca dos 4000 praticantes inscritos, entre atletas de futebol e futsal. Qual a relevância deste número no contexto de uma associação regional?
É com grande satisfação que alcançamos esta marca, um número que ainda pode crescer e que só é possível devido ao grande empenho dos nossos clubes, principais responsáveis por este registo. Estes números têm uma dimensão não só regional, mas também nacional, já que a generalidade das associações distritais e regionais tem conseguido atingir novos recordes no número de praticantes. É a afirmação do futebol e do futsal, enquanto modalidades de maior relevo para os portugueses. Para nós, esta marca é uma evidência da vitalidade do futebol distrital e da nossa associação.
A maior atratividade que o futebol feminino vem a conquistar nos últimos anos tem contribuído para este sucesso?
O futebol e o futsal feminino em Portugal têm vindo a conquistar visibilidade, através do trabalho de divulgação e promoção que a Federação Portuguesa de Futebol tem vindo a incrementar. A criação da liga BPI [Campeonato Nacional de Futebol Feminino] representou um passo determinante na competitividade e nessa visibilidade. A isso acrescem os bons resultados das seleções nacionais femininas e a realização da Festa do Futebol Feminino, evento anual [criado em 2011]. O futuro do futebol será cada vez mais feminino, com mais jogadoras e melhores condições para que o talento que já vemos surgir possa ser potenciado. Não podemos dissociar esta aposta no futebol feminino do sucesso que obtivemos quanto ao número de praticantes. No nosso território tivemos, nos últimos anos, um aumento significativo no número de atletas femininas, fruto da criação dos centros de treino de futebol feminino junto dos clubes da nossa associação. Prevemos, para esta época, um aumento de 30 por cento no número de jogadoras.
Quais as necessidades da Associação de Futebol de Beja que precisam de ser ultrapassadas para que o número de praticantes seja, ainda, mais expressivo?
É necessário criar condições para aumentar a oferta da prática do futebol, futsal e futebol de praia no feminino e termos uma especial atenção aos escalões informais, olhando para uma franja de potenciais praticantes, com idade acima dos 50 anos, para os quais foi criado o walking football (futebol a passo). Esta é uma modalidade para quem quer manter-se ativo e divertir-se a jogar, mesmo quando o corpo já não permite grandes aventuras. Para que esta seja uma atividade cada vez mais presente no território, é essencial contarmos com o envolvimento dos clubes, dos municípios, de instituições de ensino superior, das IPSS [instituições particulares de solidariedade social] e de outras coletividades. A um contínuo crescimento no número de atletas terá de se somar uma maior e melhor oferta formativa do ensino do futebol, futsal e futebol de praia, adotando medidas transversais que permitam rentabilizar meios e recursos existentes.