Diário do Alentejo

IPBeja recebe Simpósio de Segurança Informática e Cibercrime

19 de maio 2023 - 12:00
“Ofuscação de Comunicações e Ofuscação de Identidade” é o tema do SimSIC 2023
Ilustração | Susa MonteiroIlustração | Susa Monteiro

Organizado pelo Laboratório UbiNET do Instituto Politécnico de Beja, a instituição recebe, nos próximos dias 23, 24 e 25 de maio, o Simpósio de Segurança Informática e Cibercrime – SimSIC 2023, tendo este ano como tema principal “Ofuscação de Comunicações e Ofuscação de Identidade”. Acolhendo especialistas académicos, militares e da indútria digital, a 13.ª edição do encontro pretende refletir, numa perspetiva internacional, sobre os desafios que atualmente se colocam em diversas áreas da segurança informática e do combate ao cibercrime.

 

Texto José Serrano

 

realiza-se nos dias 23, 24 e 25 de maio, o décimo terceiro Simpósio de Segurança Informática e Cibercrime – SimSIC, que decorrerá no auditório principal do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), assim como em algumas salas da Escola Superior de Tecnologia e Gestão desta instituição.

 

O evento tem este ano como tema “Ofuscação de Comunicações e Ofuscação de Identidade”, pretendendo refletir sobre a garantia de confidencialidade das comunicações e o combate ao crime e a defesa do Estado, refere Rui Silva, do Laboratório UbiNET – Segurança Informática e Cibercrime (Lab UbiNET), do IPBeja, entidade responsável pela organização.

 

Desta forma, no âmbito da ofuscação de comunicações, o simpósio contará com a presença do Comandante de Ciberdefesa do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Carlos Ribeiro, do Diretor do Centro Nacional de Cibersegurança, Lino Santos, e do chief information security officier da Claranet Portugal, Pedro Almeida.

 

A Fujitsu e a Innowave far-se-ão representar também no evento, no sentido de apresentarem as suas soluções de security operations center, operação que pretende garantir a segurança através da monitorização de comunicações – “portanto, nestas duas sessões pretendemos contrapor as técnicas de ofuscação com as de monitorização”, clarifica Rui Silva.

 

O responsável do Lab UbiNET, destaca a presença, no âmbito da temática sobre a ofuscação de identidade informática, de representantes de entidades estrangeiras, nomeadamente, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Brasil, e da Universidade Masary de Brno e da academia de ciências Cesnet, da Chéquia, pretendendo-se assim abordar o tema, em conjunto com intervenções de responsáveis do Lab UbiNET, “nas perspetivas brasileira e europeia”.

 

Do programa, Rui Silva considera existirem duas atividades “muito relevantes, associadas ao SimSIC deste ano”, ambas no dia 24. A primeira relaciona-se com um projeto científico desenvolvido entre o IPBeja e a PUC-PR, no qual um aluno de doutoramento, Leonardo Souza, está a investigar acerca da “Transformação Digital das Cooperativas”, do ponto de vista do Direito e das tecnologias, com uma forte componente de cibersegurança.

 

“No Brasil existem cooperativas com 20 000 associados e, desta forma, a realização de assembleias gerais em cooperativas desta dimensão é complexa. Agora, considere-se que estas assembleias se tenham que realizar no ciberespaço, como foi necessário na altura da pandemia – os desafios que se colocam, quer no domínio do Direito, quer no domínio das tecnologias e da cibersegurança, são enormes e por isso muito interessantes”.

 

Com esta tese de doutoramento, em que um dos orientadores é Rui Silva (em conjunto com uma professora da PUC-PR), pretende-se “avaliar o potencial desta transformação digital das cooperativas para uma sociedade no ciberespaço mais solidária, mais cooperante em outras dimensões da sociedade, além do movimento cooperativo. É este, também, o desafio”, transmite.

 

A outra atividade que Rui Silva considera, este ano, merecer destaque intitula-se “Casa do Crime”, atividade que consiste no simulacro de vários cenários de hacking – atividades ilícitas que procuram comprometer dispositivos digitais –, “onde uma equipa simula a intrusão na residência de um hacker, isolando-o e fazendo o levantamento de prova no local do crime, respeitando toda a cadeia de custódia respetiva”. Um simulacro que conta com a participação ativa de várias autoridades de segurança, sendo supervisionado e avaliado por inspetores da Polícia Judiciária que colaboram com o Lab UbiNET.

 

RENOVAÇÃO DO PROTOCOLO ENTRE O IPBEJA E O ESTADO-MAIOR GENERAL DAS FORÇAS ARMADAS

No decorrer do SimSIC 2021, o IPBeja assinou um protocolo com o Estado-Maior General das Forças Armadas (Emgfa), no âmbito da criação de uma escola de educação e treino em ciberdefesa. “Um processo que teve início, em outubro de 2020, com uma visita do Almirante Gouveia e Melo ao Lab UbiNET, na sequência da qual o Emgfa nos contactou para várias reuniões de trabalho”.

 

Daí resultou a elaboração, por parte dos responsáveis do Lab UbiNET, de uma proposta de um plano de estudos a ser lecionado.

 

“Sabemos que foram contactadas diversas instituições de ensino superior do nosso país, mas no final a proposta do IPBeja foi a escolhida”, valoriza Rui Silva. A articulação entre as duas entidades, que decorreu, numa primeira fase, entre março de 2022 e fevereiro de 2023, foi agora renovada “por mais três anos, de março de 2023 até fevereiro de 2026”, revela Rui Silva.

 

Está será, “suponho”, ressalva o responsável, “a primeira escola de ciberdefesa dirigida a militares”, o que constituirá a criação de uma nova especialidade, dentro dos vários ramos das forças armadas portuguesas, com “o primeiro contingente a entrar em março de 2022, o segundo em setembro do mesmo ano e o terceiro em março de 2023”.

 

Acerca de poder vir a ser considerada a possibilidade de Beja receber, nas suas instalações militares ou académicas, essa mesma escola de ciberdefesa (as aulas são lecionadas na Base Naval do Alfeite), Rui Silva adianta: “Essa decisão não depende de nós, não temos na sua tomada qualquer influência, mas para o Lab UbiNET do IPBeja seria muito bom, pois a colaboração que está a decorrer consiste num compromisso letivo, da nossa parte, de seis horas diárias, de segunda a sexta-feira e, portanto, se fosse em Beja seria para nós mais benéfico”.

 

Ainda no âmbito da cibersegurança, o IPBeja mantém, desde 2019, um protocolo de cooperação com a empresa japonesa Fujitsu. Sobre o estado em que se encontra atualmente esta parceria e de que forma tem beneficiado ambas as instituições envolvidas, Rui Silva manifesta: “Desta cooperação, entre a Fujitsu e a spinoff tecnológica do IPBeja, a SparkInt – Cyberintelligence Technologies, o mais relevante é o projeto ‘Cyber Security TechHub’. No âmbito deste projeto foi criado um Security Operations Center que neste momento já conta com 14 funcionários, ex-alunos do IPBeja, nomeadamente do Mestrado em Engenharia de Segurança Informática. Poder contar com uma multinacional como a Fujitsu nas instalações do IPBeja representa, sem dúvida, uma vantagem competitiva da instituição, relativamente a outras de ensino superior, e uma oportunidade para os seus alunos de informática. Para a Fujitsu será, também, certamente benéfico, pois o projeto iniciou-se há quatro anos e tudo indica a sua continuidade”, conclui.

 

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