A Infraestruturas de Portugal (IP) lançou o concurso público para a requalificação da Estrada Nacional 259, entre Santa Margarida do Sado e Ferreira do Alentejo. Luís Pita Ameixa diz que é uma boa notícia, mas considera que, face àquilo que está na lei, sabe a pouco e critica o Governo por “ir contra o seu próprio discurso”, menosprezando a ligação do litoral ao interior, em favor de uma ligação litoral-litoral.
Texto Aníbal Fernandes
A IP anunciou na passada segunda-feira, dia 6, o lançamento do concurso público para a requalificação do traçado do futuro IP8 entre Santa Margarida do Sado e Ferreira do Alentejo, uma obra orçada em 38 milhões de euros, suportados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “o maior investimento do PRR em infraestruturas rodoviárias até ao momento”.
O concurso, publicado em “Diário da República” na sexta-feira passada, dia 3, determina que os interessados possam apresentar as propostas até ao 33.º dia após o anúncio (5 de abril) e prevê 540 dias para a execução do contrato (cerca de ano e meio).
Segundo comunicado da IP, “a obra prevê a beneficiação estrutural da via, ao longo de um troço com uma extensão de cerca de 22,1 quilómetros, entre o final da A26, em Santa Margarida do Sado, e Ferreira do Alentejo, após a rotunda com a Estrada Regional 2”, acrescentando que irá ser construída uma variante a Figueira dos Cavaleiros, com 2,9 quilómetros de extensão, “criando uma alternativa mais eficiente e direta à circulação rodoviária”.
Luís Pita Ameixa, presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo, diz que esta é uma “boa notícia”, mas relativiza os festejos, já que a obra que está a ser lançada não corresponde ao “previsto no Programa Nacional da Politica de Ordenamento do Território (Pnpto)” e que prevê o eixo “fundamental” do IP8 entre Sines e Vila Nova de Ficalho.
No entanto, o autarca considera que mais importante do que continuar agora a ligação à fronteira, “seria finalizar a ligação do nó da A2 a Santiago do Cacém”. Pita Ameixa diz que falta pouco para concluir esta obra – grande parte já construída, nomeadamente, com obras de arte e terraplanagens – e critica o Governo por estar a “esbanjar os recursos já investidos” ao optar pela ligação de Sines a norte, contra o que é “estratégico” e está definido no Plano Nacional Rodoviário (PNR).
“Contra o seu próprio discurso, o Governo está a desviar o investimento previsto para a ligação do litoral ao interior, para uma ligação litoral-litoral, indo contra o que está previsto na lei”, acusa o autarca.
150 MILHÕES DO PRR
No comunicado, a IP refere que “mais de 150 milhões de euros do PRR estão já em fase de execução de obra ou da sua contratação”. A Infraestruturas de Portugal tem “um total de 13 obras lançadas” no âmbito do PRR, que “correspondem atualmente a um investimento de 154 milhões de euros”, indicou. No entanto, a ligação de Ferreira do Alentejo a Beja – e a respetiva variante a Beringel – não é mencionada no comunicado.