Diário do Alentejo

Centro de Alojamento de Emergência Social vai ser criado em Beja

13 de janeiro 2023 - 11:30
Projeto deverá entrar em funcionamento dentro de ano e meio
Foto | Marco Monteiro CândidoFoto | Marco Monteiro Cândido

A Cáritas de Beja, em parceria com a Segurança Social, vai criar um Centro de Alojamento de Emergência Social, na cidade, capaz de acolher cerca de 30 pessoas e cujo funcionamento terá início em meados de 2024.

 

Texto José Serrano*

 

A Cáritas Diocesana de Beja, em parceria com a Segurança Social, vai dar início à criação de um Centro de Alojamento de Emergência Social (CAES), em Beja, projeto avaliado em 800 mil euros, que deverá entrar em funcionamento dentro de um ano e meio.

 

O novo CAES de Beja, que tem 85 por cento de apoio garantido, através do Plano de Recuperação e Resiliência, terá capacidade para acolher 30 pessoas e irá ocupar as instalações do edifício conhecido como Casa do Estudante, que irá ser alvo, dentro de “três ou quatro meses”, de obras de requalificação, “nomeadamente, nas acessibilidades”, refere Isaurindo Oliveira, presidente da Cáritas de Beja.

 

A importância deste equipamento, que “será um alojamento de curta duração, até que as pessoas”, em situação de emergência social e sem-abrigo, “consigam ser encaminhadas para as diversas soluções”, é referida por Isaurindo Oliveira, “desde já, porque Beja é o único distrito do País que não tem esta estrutura”.

 

Tal significa que, atualmente, a cidade “não tem onde alojar”, sublinha o responsável, quem recorre à Linha Nacional de Emergência Social – 144, “que são pessoas que estão a precisar de ajuda, que estão na rua”, sendo que, refere, “ao que nós sabemos, através da Segurança Social, são ‘mais do que muitas’”.

 

O presidente da Cáritas de Beja elucida que a ausência de um CAES, em Beja, é uma de várias valências sociais inexistentes no concelho, dando como exemplo a inexistência de um Npisa – Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo, “que está agora a ser criado”, considerando: “É evidente que, até há pouco tempo, alguns destes problemas não eram muito significativos, mas, neste momento, eles começam a ter uma importância relativamente grande. Há, pois, que criar estruturas que possam minorar estas situações”.

 

Uma mudança de paradigma, no que diz respeito às dificuldades sentidas no território, consequente do número de trabalhadores agrícolas imigrantes a viver, no Baixo Alentejo, em situações de emergência social.

 

“Nós já tínhamos um problema de habitação e este agravou-se, ao chegarem aqui, de repente, mais uns largos milhares de pessoas. Onde é que essas pessoas vão ficar? Ou ficam na rua ou assiste-se à sobrelotação a que se assiste”.

 

Uma situação que Isaurindo Oliveira observa ser muito preocupante e que considera persistir, não obstante a mega operação da Polícia Judiciária, desencadeada no dia 23 de novembro de 2022, que desmantelou uma rede criminosa suspeita da prática de crimes de tráfico de seres humanos, trabalhadores da área agrícola, no distrito de Beja: “Quando se deteta qualquer coisa já as organizações fora da lei arranjaram um outro esquema de continuar este negócio ilícito, similar ao da droga ou de outras coisas do género. Duvido que se consiga, facilmente, acabar com este problema…”.

 

Desta forma, o presidente da Cáritas de Beja realça a urgente necessidade de se acabar com a falta de “ligação entre as várias entidades públicas e privadas”, “que, normalmente, trabalham, cada uma para si, de forma desarticulada, com medo de funcionarem em conjunto, de serem complementares. Todas as entidades devem estar articuladas, porque os meios humanos, materiais e económicos são escassos e os problemas são muitos. Mas existe aqui este conceito de ‘capelinha’, de poder, em que cada um tem de se pôr em bicos de pés, saltar para cima da mesa, encher o peito de ar, para dizer que é importante. E tudo isso dificulta a solução destas questões”, afirma.

*Com “Lusa”

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