Diário do Alentejo

Agricultores do Campo Branco pedem ajuda financeira “urgente”

16 de outubro 2022 - 09:00
A situação é grave e pode implicar “o fim do sequeiro e da pecuária em extensivo”
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A Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), de Castro Verde, pediu ao Governo uma ajuda financeira, “a fundo perdido” e “urgente”, face “às dificuldades inesperadas” criadas a agricultores e produtores pecuários da região pela seca.

 

“A situação é dramática” e “seria bom que viesse essa ajuda, que já houve anteriormente e em situações não tão gravosas como esta”, disse, à agência “Lusa”, José da Luz Pereira, presidente da associação.

 

De acordo com o responsável, os agricultores e produtores pecuários do Campo Branco, que abrange os concelhos alentejanos de Castro Verde e Almodôvar e parte dos municípios de Aljustrel, Mértola e Ourique, enfrentam “uma situação dramática”, dada “a sequência de anos [agrícolas] maus devido às secas consecutivas”.

 

“Este ano acabou por não se colher nada e as reservas habituais que temos de palha, fenos e algum cereal ‘abalaram’ todas”, acrescentou.

 

Segundo José da Luz Pereira, o último ano agrícola “foi terrível” e “um dos piores na região e em toda a zona do sequeiro e do extensivo”, não se avistando alterações numa altura em que se estão a iniciar as sementeiras das culturas de outono/inverno.

 

Um quadro que está, inclusive, a levar muitos produtores a vender animais do seu efetivo pecuário. “Nunca se tinha registado uma redução do efetivo na nossa região e este ano está a verificar-se isso, ou seja, uma redução bastante acentuada nos [efetivos de] bovinos e nos ovinos”, assegurou o presidente da AACB.

 

José da Luz Pereira criticou ainda o facto de a nova Política Agrícola Comum (PAC) “já não ter aplicação”, mesmo “antes de começar”.

 

“Quando esta PAC foi preparada e idealizada nada disto estava a acontecer, nomeadamente no que diz respeito à guerra na Ucrânia, que alterou tudo em todos os aspetos”, com “a escassez de alguns produtos e a subida de preço de outros”, justificou. “Seria bem-vinda uma ajuda extraordinária, porque a situação que vivemos é grave. Isto pode ser o fim do sequeiro e da pecuária em extensivo”, disse.

 

AUTARQUIA SOLIDARIZOU-SE

A Câmara Municipal de Castro Verde manifestou-se solidária com os agricultores do Campo Branco, que vivem num “verdadeiro desespero” devido à seca, exigindo “medidas rápidas para acudir à grave situação”.

 

“A profunda seca exige, na ótica da Câmara de Castro Verde, respostas concretas do Governo que contrariem os efeitos da seca, a escassez de alimentos para o gado e o expressivo aumento dos custos dos fatores de produção”, refere em comunicado.

 

Por outro lado, a autarquia pediu ao Ministério da Agricultura para que transmita aos agricultores do Campo Branco, com maior celeridade, “informação concreta sobre as regras e normas definidas para a nova Política Agrícola Comum (PAC)”.

 

“Estando a nova PAC à porta de iniciar-se, em 2023, é incompreensível que não haja uma participação mais aprofundada dos agricultores no respetivo processo em curso”, acrescentou a Câmara Municipal.

 

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