O Parque Natural do Vale do Guadiana é um “êxito” na reprodução de espécies em vias de extinção. Recentemente foram contabilizados novos nascimentos no cardume de saramugos e no bando de peneireiros-das torres.
Texto Ana Filipa Sousa de Sousa
O Parque Natural do Vale do Guadiana (PNVG) é casa de mais de 11 espécies residentes e autóctones de peixes, sendo o saramugo a mais emblemática e endémica da Bacia do Rio Guadiana. De forma a conseguir a preservação das suas populações, também em meio natural, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) tem desenvolvido “ex-situ”, na sua sede no PNVG, um projeto de reprodução de larvas de saramugo que, tal como aconteceu o ano passado, voltou a “ter êxito”.
“No passado mês de maio foram detetados nos tanques de reprodução, larvas correspondentes a três das cinco subpopulações que são mantidas no âmbito deste programa cujo principal objetivo se centra na manutenção das reservas genéticas destas subpopulações, assim como na sua reprodução. Esta nova descendência servirá agora para reforçar as populações existentes em meio natural”, revela o ICNF. O passo seguinte será a sua introdução nas ribeiras, visto tratar-se de uma espécie de água doce, quando as condições ambientais estiverem adequadas, entre “o outono, o inverno ou apenas na primavera”.
O saramugo é utilizado como uma espécie bandeira na conservação do ecossistema ribeirinho do Parque Natural do Vale do Guadiana desde 2010 e está classificado como “criticamente em perigo” a nível nacional e “em perigo” na escala global, o que consequentemente significa que outras espécies do habitat também estão ameaçadas.
PRIMEIRA CRIA DE PENEIREIRO-DAS-TORRES JÁ NASCEU
Além das espécies piscícolas, o Vale do Guadiana é residência de variadíssimas aves de rapina, estando nele a última colónia urbana, e uma das mais importantes a nível nacional, de peneireiros-das-torres. Nesta quarta-feira, 1 de junho, eclodiu pela primeira vez uma cria desta família de falcões, estando mais três para breve.
As câmaras instaladas pela Portugal Wildscapes, em parceria com o ICNF – Parque Natural do Vale do Guadiana e o município de Mértola, permitiram observar “a cria fora do ovo, um ovo semi-eclodido” e registar os primeiros “momentos da sua alimentação”. Durante o mês de junho será realizada uma sessão de anilhagem pública, com data a definir consoante a evolução das crias.