Diário do Alentejo

“A arte caracteriza o grau de civilização de um povo”

16 de maio 2022 - 11:10

Silvestre Luís Raposo tem 70 anos e é natural de Vila Nova de São Bento, Serpa. Licenciou-se em Artes Plásticas/Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Clássica de Lisboa e foi Membro do Conselho Pedagógico da Faculdade e da Assembleia Geral da Universidade e Professor de Design Gráfico em Pós Graduações no Instituto Universitário Dom Afonso III, em Loulé. Participou em mais de 100 exposições em Portugal e Espanha, tendo sido galardoado com prémios na área das artes plásticas, do design, da escultura e da fotografia. O seu trabalho, encontra-se em coleções particulares em Portugal, Espanha, Brasil e México.

 

Recentemente foi inaugurada, em Vila Nova de São Bento, a Casa Museu Silvestre Raposo, que apresenta parte significativa do espólio do consagrado artista plástico aldenovense.

 

Texto José Serrano

 

Doou à União das Freguesias de Vila Nova de São Bento e Vale de Vargo, para a constituição desta casa museu, um importante acervo da sua obra artística. Representa esta dádiva um confesso ato de amor à sua “Aldeia”?

Sim. Não faria sentido outro lugar. No entanto, só parte do acervo está exposta. Estamos a criar condições, através da associação Silvestre Raposo Associação Cultural, para, num esforço conjunto com a União de Freguesias, exibir o restante, adaptando o espaço.

 

Espera que esta casa museu, pela sua contemporaneidade, contribua para a perceção, junto dos mais jovens, de que o mundo poderá ser olhado de infinitos ângulos?

Claro que sim. A vida não tem apenas um único sentido, no caminho que traçamos. As atuais sociedades carecem de mais conhecimento, especialmente cultural, que pode e deve ter, além de uma linguagem mais apelativa, uma maior aproximação aos mais jovens. Os artistas e os autores culturais devem ter mais contacto com as escolas, estando estas recetivas para os receberem. Desse intercâmbio nascerá um novo conhecimento e uma capacidade diferente para saber apreciar a arte. Só assim, através dessa aproximação, se conseguirão resultados.

 

O que pode o público atualmente ver na casa museu e quais os projetos que tem planeados para este espaço artístico/cultural?

O público pode contemplar, entre outras, obras de Alberto Gordillo, Alberto German, Maria João Franco, António Inverno, Maria João Gamito, Isabel Sabino, Armando Alves, João Duarte, Florentina Resende, Carlos Farinha e Virgílio Domingues. Brevemente chegarão mais nomes, como Matilde Marçal, Gil Teixeira Lopes, João Hogan, Tom, Luis Durdil e Guilherme Parente. Para além do espaço físico, há um projeto com programação que, este ano, incluí cinco exposições e três prémios nacionais, nas áreas de pintura, fotografia e poesia. Faremos ainda uma gala, para entrega dos prémios. Estão também criados diplomas de mérito, para naturais da freguesia, que ao longo da sua vida tiveram um percurso significativo nas áreas da cultura, desporto e cidadania. É um projeto sem precedentes, em Portugal. Não existe outra casa museu, de uma junta de freguesia, com a riqueza artística desta, nem com a qualidade de programação que esta apresenta.

 

Que importância tem a arte e da cultura para o desenvolvimento do interior?

A arte é o que perdura através dos séculos, com ela se caracteriza o grau de civilização de um povo. A realização de eventos culturais e artísticos não só atrai visitantes como contribui económica e socialmente, para a valorização do interior. Desses eventos, que trazem enriquecimento histórico e cultural, se perpetuam memórias e raízes. Queremos dinamizar as artes e trazer, até nós, obras e autores que criem uma dinâmica de intercâmbio, para um Alentejo mais culto e intelectualmente mais rico.

 

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