Diário do Alentejo

“A investigação científica conduz a importantes avanços no combate ao cancro”

04 de maio 2024 - 12:00
Presidente da República condecora Ana Francisca Jorge
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Texto José Serrano

 

Ana Francisca Jorge 70 anos, natural de S. A. da Restauração, Moura

Iniciou funções como secretária clínica no serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia (IPO) em 1973. Licenciou-se em Medicina, como estudante trabalhadora, enveredando pela especialidade de Ginecologia, a que mais tarde acrescentou o mestrado em Ginecologia Oncológica. Após a conclusão da especialidade ingressou no IPO como médica especialista, assumindo, em 2009, as funções de diretora do serviço de Ginecologia.

 

 

A médica Ana Francisca Jorge, diretora do serviço de Ginecologia do IPO Lisboa desde 2009, foi condecorada no dia 23 de abril pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Medalha de Oficial da Ordem de Mérito.

 

Qual o significado que atribui a esta distinção?É evidente que me sinto muito honrada com este reconhecimento da parte de sua excelência o senhor Presidente da República. Penso que é um estímulo para todos os colegas da área da Saúde – apesar das dificuldades não se cansem e sintam todos os dias a alegria de bem-fazer em prol dos doentes.

 

No âmbito do diagnóstico e tratamento de doenças oncológicas, como classifica as necessidades, apresentadas pelo Serviço Nacional de Saúde, no plano nacional e, especificamente, na região do Baixo Alentejo?Em qualquer região do Pais, nomeadamente, no Baixo Alentejo, o que se pretende é que as pessoas estejam atentas aos programas, já implementados, de rastreio e que cheguem rapidamente aos serviços onde podem ser tratados nas melhores condições.

 

Como se tem revelado o impacto da diminuição de rastreios de cancro, durante a pandemia de covid-19, no diagnóstico e aumento de número de doentes, em Portugal, e nomeadamente, no Baixo Alentejo?A pandemia de covid-19 implicou uma reorientação da prestação de cuidados, para poder dar resposta ao desafio do novo vírus. Tal facto poderá ter tido impacto no diagnóstico precoce da doença oncológica, o que não invalidou a resposta digna e atempada aos doentes referenciados para tratamento.

 

Como se perspetiva o impacto positivo da investigação no combate à doença, nos próximos anos?A investigação científica conduz a importantes avanços no combate ao cancro. Com novas abordagens de que dispomos, atualmente, para o tratamento dos diferentes tipos de cancro, estas doenças passaram a ter a conotação de doença crónica, muito longe de um passado recente.

Com o conhecimento que a ciência hoje detém, é meramente utópica ou efetivamente credível a possibilidade de erradicar, através de vacinação, as doenças oncológicas nos próximos anos? Para alguns tipos de cancro esta já é uma realidade.

 

No âmbito da prevenção de doenças oncológicas, quais as principais atitudes que cada um de nós, cidadãos, deverá ter o cuidado de tomar?É sempre aconselhável a educação para a saúde e a promoção de estilos de vida mais saudáveis, mantendo um peso equilibrado, fazendo um dieta saudável, praticar, regularmente, exercício físico, não fumar, limitar o consumo de álcool, usar proteção solar, estar vacinado com as vacinas recomendadas (HPV e hepatite B). E não esquecer a participação em programas organizados de rastreio do cancro, nomeadamente, rastreio do cancro do intestino, mama e colo do útero. No caso de alguns cancros, como o carcinoma do colo do útero e do intestino, o rastreio pode, efetivamente, impedir o desenvolvimento da doença.

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