Diário do Alentejo

Urgências fechadas durante a noite no Hospital de São Paulo

27 de abril 2022 - 14:10
Falta de médicos condiciona funcionamento da unidade de Serpa

A preocupação face à situação do Hospital de São Paulo é partilhada pela autarquia e diversos partidos. As opiniões dividem-se quanto à melhor solução.

 

A Câmara Municipal de Serpa, através de comunicado, defende a reintegração do Hospital de São Paulo, gerido pela Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente, para a alçada da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba), apesar de reconhecer e respeitar “o esforço que a Santa Casa da Misericórdia tem vindo a realizar” para manter o equipamento em funcionamento. A autarquia acrescenta que o acordo de cooperação, assinado em 2014, não tem “acautelado o serviço público, as necessidades dos utentes”, pelo que a Ulsba e o Ministério da Saúde deverão garantir o direito à saúde da população. “A fixação de população também depende, entre outras, da existência de bons serviços de saúde, que deem resposta às necessidades das populações e da existência de uma urgência aberta, 24 horas por dia, com recursos humanos qualificados e com meios físicos”.

 

Também os eleitos da CDU na Assembleia Municipal de Serpa demonstram a “profunda preocupação com o deficiente funcionamento do Hospital de S. Paulo”. Em comunicado, sublinham que “a disponibilidade do serviço de saúde tem falhado às populações desde do início do ano de 2022” e que “a indefinição quanto ao futuro do Hospital de S. Paulo causa a maior das preocupações entre a população, mormente no que concerne ao serviço de urgência, pelo que não poderemos ficar indiferentes”.

 

A coordenação distrital de Beja do Bloco de Esquerda também está preocupada com a situação atual e futura do hospital e do acesso dos doentes aos cuidados de saúde. Em comunicado enviado às redações, é enfatizado o encerramento do Serviço de Urgência “desde janeiro” durante a noite, “da meia-noite às 8 da manhã, alegando falta de médicos”, e que “o mesmo tem vindo a acontecer progressivamente durante o dia, esvaziando este serviço, com prejuízo direto para as populações dos concelhos de Serpa e da margem esquerda do Guadiana”. O mesmo comunicado adianta ainda que “a falta de médicos e outros profissionais deve-se a condições salariais e de trabalho inferiores às praticadas no setor público e a instabilidade laboral estendeu-se a outras valências geridas pela SCM de Serpa, sendo frequentes os atrasos no pagamento de salários”, sublinhando que “em risco não está apenas o funcionamento do Hospital de São Paulo, mas também a moderna Unidade de Cuidados Continuados de  Nossa Senhora de Guadalupe”. “O bloco operatório, construído de raiz, ainda não entrou em funcionamento, nem há perspetivas de que tal aconteça nesta conjuntura”.

 

A distrital de Beja do PSD também marca posição nesta questão, manifestando a sua preocupação pelas dificuldades sentidas. No entanto, em comunicado, é referido que a CDU de Serpa, que “detém a gestão autárquica do concelho”, “mantém o clima de “guerrilha” institucional e os munícipes sem pleno conhecimento de causa são levados a acreditar que a melhor solução é retirar à Santa Casa da Misericórdia a gestão do seu hospital”. A distrital de Beja do PSD refere que a reversão do Hospital de São Paulo para a esfera pública significa que “seria imediatamente encerrado pois o edifício é propriedade da Santa Casa da Misericórdia e não se cumprem os rácios populacionais para manter o hospital em funcionamento”. “A única opção é manter o hospital na esfera de gestão da Santa Casa e em complementaridade ao hospital de Beja e SUV de Moura. Nesta situação o apoio da Câmara Municipal de Serpa e do seu executivo é fundamental”.

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