Diário do Alentejo

"É prioritário fixar recursos humanos no Hospital de Beja"

21 de janeiro 2022 - 11:00

João Francisco Martins tem 22 anos e é natural de Beja, frequentou o Conservatório Regional do Baixo Alentejo e a Escola Secundária Diogo Gouveia e atualmente está no 5º ano de Medicina, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL). No seu currículo conta com diversos projetos de formação para estudantes de ensino superior, entre eles, como Membro do Senado da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM).

Nos dias de hoje é também o atual presidente da Direção da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa (Aefml) e Membro do Senado da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM).

 

Texto José Serrano

 

É presidente da Aefml, para o mandato 2021/2022. Quais as características necessárias para um notável desempenho deste cargo?

Destaco a capacidade de gestão de trabalho, de ter uma visão crítica sobre o meio envolvente (ensino e saúde), de perceber como minimizar problemas, de otimizar processos e de atender às necessidades dos estudantes. Para além disso, considero basilar a capacidade para gerir todos os membros da associação de estudantes, potenciando as capacidades individuais, harmonizando o coletivo e promovendo uma transmissão de conhecimento, que permita a sustentabilidade da estrutura associativa, a longo prazo.

 

Considera que o facto de ser alentejano o tem ajudado no desempenho deste cargo de liderança?

Desde que entrei na FMUL, em 2017, dos cinco presidentes da Aefml quatro são alentejanos (dois eborenses e dois bejenses) – sinal empírico de que esta forma de estar se reflete em personalidades empreendedoras, confiáveis e com espírito altruísta. Daquilo que é a minha experiência individual, creio que esta génese alentejana tem uma percentagem muito significativa de responsabilidade, no desempenho deste cargo de liderança. Na base de tudo, creio que se encontra um enorme sentido de humanidade, que, associado à espontaneidade característica dos alentejanos, permite uma excelente gestão de todos os restantes dirigentes que compõem a Aefml, que se sentem motivados a desenvolver os seus trabalhos num ambiente que concilia o brio e o rigor com a disponibilidade para existirem momentos de descontração. Para além das competências sociais, o facto de ter crescido em Beja permitiu que maturasse a minha personalidade num ambiente culturalmente rico, em que sabemos a importância de aprender com as gerações mais experientes.

 

Como observa a realidade dos cuidados de saúde no concelho de Beja?

Temos em Portugal uma população cada vez mais envelhecida, o que se traduz em mais doença e uma maior procura pelos cuidados de saúde. O escasso investimento na saúde cria falhas no acesso e na qualidade dos serviços prestados. Em Beja, esta realidade está bem presente, sendo agravada por fatores próprios de um concelho do interior. Neste contexto, destaco dois eixos de ação que vejo como prioritários: fixar recursos humanos e potenciar o Hospital José Joaquim Fernandes como um hospital distrital mais abrangente nas suas especialidades e nos seus procedimentos médicos. Gostaria, ainda assim, de terminar com uma nota positiva: estima-se que no final de 2022 o hospital passe a dispor de um equipamento de ressonância magnética e que, em 2023, seja inaugurado, em Beja, o Hospital Privado do Alentejo. Que estas oportunidades sejam pontapés de saída para uma valorização da saúde, na região.

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