Diário do Alentejo

“A água é a nossa maior vulnerabilidade”

17 de dezembro 2021 - 09:30

A “questão da promoção do uso sustentável do bem comum ‘água’” é uma das grandes prioridades do novo presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro, eleito pelo PS, que sucede ao também socialista José Alberto Guerreiro.

 

Texto Nélia Pedrosa

 

Vai dar continuidade ao trabalho do presidente cessante, José Alberto Guerreiro, ou este será um mandato de renovação?

O trabalho autárquico é sempre um misto de trabalho de continuidade e de renovação em cada novo mandato e por isso este mandato será isso mesmo: um mandato em que daremos continuidade a um conjunto de investimentos e de processos que estavam lançados e/ou em processo de lançamento; e um mandato em que lançaremos alguns processos e investimentos novos que poderemos considerar como renovações. Desde logo a renovação do modelo de funcionamento interno e a criação do Fórum do Território como espaço inovador para a construção de um modelo de governança onde os cidadãos, a todo o tempo, possam participar nas decisões sobre o nosso futuro coletivo.

 

Quais foram as primeiras medidas deste novo executivo?

Tomámos, desde logo, uma medida com a qual não contávamos, mas que define bem o que é a capacidade de reação do poder autárquico: tivemos que decidir sobre o apoio de emergência ao Clube Fluvial Odemirense e foi isso que fizemos, de forma unânime na câmara municipal e, posteriormente, numa assembleia municipal extraordinária, com a aprovação de uma alteração orçamental que viabilizou esse apoio. Para além desta decisão de urgência importa referir todo o processo participado que conduziu à alteração do modelo orgânico interno, que foi gerido ao segundo, por forma a estar pronto antes do final do presente ano, o que permite que o processo de definição de objetivos e de avaliação interna seja claro e justo. Finalmente, importa referir a decisão de dar início ao processo de constituição do Fórum do Território e o processo de convidar as partes interessadas para o debate sobre o uso sustentável do bem comum “água”!

 

Quais são as suas prioridades para o concelho de Odemira? A que problemas pretende responder de imediato?

As prioridades são três: desde logo a questão da promoção do uso sustentável do bem comum “água”. O objetivo é reunir todas as partes interessadas na gestão deste bem comum e encontrar as ações e as responsabilidades de cada uma das partes que permitam que, num cenário de escassez que todos conhecemos, termos, na próxima década, maior reserva de água. Outra prioridade é construir as respostas de oferta de habitação para os nossos jovens e criar as condições para que a Área de Fracionamento Ilegal da Propriedade Rústica (Afipr), após décadas de indefinição, possa ter uma solução final que dignifique e ordene a zona norte de Vila Nova de Milfontes. Finalmente, outra das nossas prioridades, é colocar no terreno todos os projetos que têm financiamento comunitário e que, por razões diversas e alheias à vontade do anterior executivo, ainda não estão em execução. Um desses exemplos e de maior urgência é o Centro Escolar de São Luís.

 

Que outros projetos considerados estruturantes quer implementar neste seu primeiro mandato?

Constituir as indústrias culturais e criativas, como um terceiro setor económico no concelho, é um dos nossos projetos estruturantes, considerando que é uma oportunidade de emprego para os jovens qualificados e representa uma forma de tornarmos o nosso território mais atrativo. Outro projeto estruturante passa por, internamente, contruirmos uma capacidade de resposta integrada, rápida e de proximidade na melhoria da qualidade de vida dos nossos espaços urbanos: com mais e melhor limpeza; melhores ruas e passeios; mais e melhores espaços verdes.

 

Qual a importância que atribui ao Plano de Recuperação e Resiliência?

Tem uma importância muito significativa, pois pode ser a principal fonte de financiamento de uma das nossas prioridades: a habitação. Ainda que o PRR possa ser importante noutras áreas, a habitação será o nosso foco em termos de PRR.

 

Que comentário lhe merece o facto de Odemira ser o concelho do País com maior percentagem de aumento de população (+13,3 por cento), segundo os resultados preliminares dos Censos 2021? E a manter-se esta tendência de crescimento, o que é que isso representará para o concelho?

Representa futuro e vitalidade (social, económica e, também por isso, demográfica). Por outro lado representa que temos, pela frente, um trabalho muito relevante, em parceria com o Governo, considerando que temos que garantir mais e melhor oferta nos serviços públicos de base como na saúde, na justiça, no emprego, na segurança social e nas finanças. Não é sustentável continuar a diminuir a oferta nestes serviços ao mesmo tempo que aumenta a procura e a complexidade dessa mesma procura. Estas populações migrantes, por serem muito significativas e temporárias, precisam de um tipo diferenciado de oferta de serviços públicos que lhes seja fácil e compreensível aceder e é fundamental que esses mesmos serviços, no sentido tradicional, estejam libertos para a procura, que também aumenta, associada a quem cá vive e trabalha de forma permanente.

 

No que concerne às alterações climáticas, quais são no seu entender as vulnerabilidades atuais e futuras do território e qual deverá ser a estratégia a adoptar pela autarquia?

A água é a nossa maior vulnerabilidade e a nossa estratégia é clara: aumentar as reservas de água na próxima década, juntando à mesma mesa todas as partes interessadas num processo de partilha de responsabilidades para que, juntos, sejamos capazes de cumprir esse objetivo.

 

Como está a situação financeira da autarquia? 

É uma situação financeira ótima. Odemira tem uma escola de gestão financeira que está ao nível das melhores do País e, por isso mesmo, ser autarca em Odemira, é esperar sempre o que encontramos: uma excelente saúde financeira.

 

 

Tomou posse há mês e meio. Qual o balanço que faz destas primeiras semanas de governação?

Faço um balanço muito positivo. Tínhamos alguns objetivos até final do presente ano e temos sido capazes de cumprir, cada um deles, dentro das nossas expectativas. Para isso tem contribuído a coesão da equipa que agora começou e, fundamentalmente, a colaboração e empenho de todos os anteriores dirigentes, bem como de todos os trabalhadores desta grande autarquia. Queremos melhorar o modelo interno e melhorar a resposta das nossas equipas, mas a verdade é que já partimos de um nível muito bom. Foi mesmo muito bom reencontrar aquilo que é o espírito da Câmara Municipal de Odemira: cheia de pessoas boas e com muita vontade de fazer serviço público!

 

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