Diário do Alentejo

Mercado nacional impulsiona turismo no Alentejo

25 de setembro 2021 - 08:05

Em julho deste ano as receitas geradas pelo alojamento turístico em Portugal caíram cerca de 40 por cento, mas na região do Alentejo a queda foi de apenas dois por cento. Os proveitos com origem no alojamento turístico no Alentejo atingiram nos primeiros sete meses do ano 22,3 milhões de euros, o que representa um aumento de 87 por cento face ao ano de 2020.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a recuperação fica a dever-se ao aumento da procura por parte de turistas nacionais que subiu cerca de 13 por cento, minimizando, assim, o impacto negativo da ausência de estrangeiros. Em 2019 as quatro sub regiões do Alentejo registaram 2,7 milhões de dormidas. Este ano, até julho, foram contabilizadas 922.543 dormidas, mais 130.519 do que em 2020, mas longe do que se verificava antes da pandemia.

 

No Baixo Alentejo, por exemplo, este ano registou-se um aumento em relação ao ano passado (145.002 contra 120.254), mas muito aquém do total atingido durante todo o ano de 2019 em que foram registadas 384 617 dormidas.

 

Vítor Silva, presidente da Entidade Regional de Turismo Alentejo/Ribatejo diz que a recuperação do setor “está mesmo a acontecer, mas ainda longe de 2019, no entanto, já recuperámos dois terços do que tínhamos perdido”. O responsável pelo Turismo Alentejo lembra que “ainda faltam alguns meses para o fim do ano” e mostra-se convencido que até lá a recuperação atingirá os 20 por cento. Por outro lado esta recuperação ficou a dever-se ao turismo nacional que, agora, com o início do ano letivo terá tendência para reduzir.

 

Vítor Silva refere ainda que em termos de preço médio, “o rendimento por quarto nunca este tão alto como agora”, cenário que resulta do aumento da procura face à oferta disponível. “No próximo ano, se a situação sanitária assim o permitir poderemos ter uma grande recuperação da atividade”, diz o presidente da ERT Alentejo perspetivando uma redução do turismo nacional “já que as pessoas estiveram impedidas de viajar durante muito tempo” e será “natural” que assim que puderem o façam.

 

Em termos de promoção do destino já houve uma participação “simbólica e com muitas restrições” na Feira do Turismo (Fitur) de Madrid e em novembro está prevista a presença em dois importantes eventos, na China e em Londres.

 

João Rosa, empresário hoteleiro de Beja, foi apanhado pela pandemia a meio da construção de mais um piso no Beja Parque Hotel. A intenção era acrescentar mais 36 quartos à unidade de forma a dar resposta à procura que em 2019 acontecia. A situação sanitária não parou a obra, mas afastou clientes. O Hotel Francis, que também faz parte do grupo, encerrou e os poucos clientes desta infraestrutura foram encaminhados para o BejaParque Hotel.

 

“Os clientes dos dois juntos não chegavam para um”, diz o empresário. Neste momento já se assiste a uma moderada recuperação, mas a perspetiva “é boa”, no entanto, nas palavras de João Rosa, “há que esperar por 2022 para ver se atingimos os níveis de 2019”. O que tem equilibrado o balanço é aquilo a que chamam “turismo empresarial”, mas que no fundo não o é, uma vez que “não são turistas, são pessoas que vêm trabalhar na região” o que “nos últimos tempos se tem notado mais”.

 

De qualquer forma, de agosto para cá tem havido uma evolução positiva com cerca de 40 por cento de dormidas de portugueses, 20 por cento de espanhóis e o restante a ser dividido por pessoas de outras nacionalidades. Uma quebra significativa e com peso direto no negócio foi a quase paragem dos movimentos aéreos e da atividade no aeroporto de Beja, mas até aí já se nota alguma, pouca, recuperação.

 

A emblemática casa Luiz da Rocha, nas Portas de Mértola, é um bom barómetro para avaliar a recuperação da atividade turística. Também aqui “o mês de agosto superou as melhores expectativas”, disse ao “Diário do Alentejo António Leandro, adiantando que o movimento se manteve elevado até “meados de setembro”.

 

Agora, com o final do verão, o famoso café e restaurante de Beja – que esteve encerrado entre 15 de março e 8 de abril – vai começar a sentir “o esvaziamento do balão” já que com o final das férias “se nota logo menos pessoas a andar na rua”, uma situação com que contam todos os anos, conclui António Leandro.

 

DORMIDAS DE RESIDENTES AUMENTAM

O Algarve concentrou 34,5 por cento das dormidas em julho, seguindo-se o Norte, a Área Metropolitana de Lisboa e a Madeira. Regiões onde, curiosamente, o número de dormidas diminuiu nos primeiros sete meses do ano. Entre janeiro e julho, em termos de dormidas de residentes, registaram-se aumentos em todas as regiões. Neste período, todas as regiões apresentaram decréscimos no número de dormidas de não residentes, com exceção dos Açores. As menores reduções registaram-se no Alentejo (- 4,8 por cento), enquanto as restantes regiões apresentaram diminuições superiores a 16 por cento.

 

Entre janeiro e julho deste ano, o número de dormidas nas unidades hoteleiras do Alentejo ascendeu a 991 mil, dos quais 825 mil são referentes a turistas nacionais e 166 mil a não residentes. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, cada turista passa, em média, duas noites nas unidades hoteleiras da região.

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