Diário do Alentejo

“A expressão artística revela o que de melhor existe no ser humano”

23 de julho 2021 - 11:30

“Analogias Reais” é o título do mais recente romance de Maria Ana Ameixa, uma história na qual o leitor tem, de acordo com a autora, “oportunidade de se cruzar com famílias reais cujos dramas de vida são análogos aos existentes no nosso mundo”.

 

Texto José Serrano

 

Como nos apresenta este seu romance?

 

Este novo romance pertence a um género literário diferente de todos os meus anteriores trabalhos. Trata-se de uma história do fantástico, com reinos imaginários, mas como as emoções são praticamente todas vividas por humanos é muito fácil estabelecer analogias com a nossa vida. À semelhança das histórias publicadas anteriormente, há uma forte mensagem de superação da natureza humana. 

 

Ainda que ficcional pretende esta obra levantar algumas questões, problemáticas, atuais?

 

Os diferentes reinos desta história são governados por reis muito díspares, exatamente para chamar a atenção para vários problemas da atualidade, daí a designação de Analogias Reais – comparação entre os reinos e os governos do mundo. Todas as problemáticas são apresentadas de forma simples e clara, de modo a envolver emocionalmente o leitor. Para tal, recorro aos filhos dos governantes como narradores da história e geração inconformada com determinadas posturas governativas. Desflorestação, descriminação social, sede de poder e de riqueza e exploração dos desconhecidos são alguns dos temas abordados.

 

Por outro lado, sobre que valores reflete neste seu livro?

 

A história está construída de forma a que seja o leitor a fazer as suas próprias analogias de valor, em função da sua vida e das suas escolhas. Todavia, destaco uma que, em minha opinião, é comum a toda a humanidade: independentemente das circunstâncias envolventes, todos nós temos escolhas a fazer e o caminho escolhido ditará o tipo de transformação do ser humano. Boas escolhas, aquelas que promovem a expressão do melhor de nós, tornam o ser humano mais semelhante ao ser racional e superior que somos; más escolhas, aquelas que fazem libertar o lado negro de cada um, tornam o mundo cada vez mais desagradável e egoísta.

 

Qual a importância que a literatura poderá ter na “construção” de uma cidadania com maior capacidade de compreensão entre “nós” e os “outros”?

 

Esta é uma questão muito relevante e que considero de primordial valor. Penso que a literatura deve inspirar realizações altruístas. Toda e qualquer forma de expressão artística genuína revela o que de melhor existe no ser humano e, por isso, serve para motivar os outros a desejarem ir mais além, a escavarem no seu íntimo à procura do seu melhor. Quando o principal objetivo de vida do ser humano é a sua metamorfose, sem verdadeira consciência disso, ele está a transformar o mundo que o envolve.

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