Originário das montanhas do Tibete, Japão e zona este da Ásia e cultivado há mais de seis milénios, o goji, conhecido como fruto da alegria, tem vindo a “ganhar terreno” no ocidente e o Alentejo não é exceção. Entre vinhas e montado, flora silvestre e laranjais, searas e olivais é agora possível encontrar em Vidigueira a primeira cultura de goji na região. Um “superalimento” que cresce na Quinta dos Freixiais, pelas mãos de Hugo Bacalhau, o jovem agricultor de 32 proprietário da Goji Natur, empresa criada em 2017 e distinguida com a menção honrosa no último Prémio Nacional de Agricultura.
Texto Rita Palma Nascimento
A forte ligação emocional ao Alentejo, a par da vontade de criar um negócio próprio no sector agrícola, trouxe-o de volta à Vidigueira. “Queria apostar neste setor, mas com inovação. Após algumas experiências e pesquisas, tive conhecimento das bagas de goji e foi paixão à primeira vista”, conta Hugo Bacalhau. O projeto iniciou-se me 2012, com o cultivo das primeiras plantas e os testes de adaptabilidade ao clima e ao solo da região. Na altura, recorda, existiriam não mais de quatro produtores do fruto em solo nacional, pelo que a informação que obteve não era a suficiente. Contudo, o interesse pela viabilidade económica do goji levou-o a procurar respostas na internet. Comprou 50 variedades de plantas e iniciou os ensaios. “Optei por duas variedades que revelaram uma excelente adaptabilidade ao Alentejo, onde as noites são mais frias e os dias mais quentes. Uma variedade mais doce, que se pode comer diretamente da embalagem e uma outra, mais agridoce, que convida a que as bagas sejam adicionadas a iogurtes, cereais ou mesmo saladas”.
Após a plantação do pomar em 2017, a ideia passava por produzir e entregar a fruta a uma cooperativa ou a um revendedor. No entanto, por se tratar de uma cultura improvável, emergente e pouco desenvolvida, o empresário deparou-se com algumas dificuldades. A criação da marca Goji Natur viria assim, na sua perspetiva, ocupar essa lacuna, permitindo, em 2018, a entrada do produto no mercado com bagas frescas, “uma novidade em muitos espaços comerciais”, uma vez que é na sua forma desidratada, maioritariamente proveniente da China, que o fruto é mais disponibilizado.
Com o objetivo de crescer e marcar presença no maior número de espaços comerciais possível, de norte a sul do país, Hugo Bacalhau foi traçando caminho. Hoje, são já 100 os pontos de venda, entre lojas especializadas em produtos biológicos, espaços ‘gourmet’ e alguns supermercados. “Na nossa página de Internet é possível encontrar o ponto de venda mais próximo do consumidor”, explica Hugo Bacalhau. “Neste momento temos no mercado as bagas de goji frescas, as desidratadas, a compota de goji e a geleia picante de goji”.
Para breve, num futuro que quer próximo, espera o resultado das parcerias com “outros pequenos agricultores com interesse em iniciar a exploração desta cultura”, cujo objetivo é “aumentar a produção, de forma a conseguirmos entrar nas grandes superfícies” o que, aliás, “já está a ser negociado com algumas grandes insígnias”.