Diário do Alentejo

Partidos dão “tiro de partida” para as autárquicas

08 de março 2021 - 12:15

Marcadas para outubro, as autárquicas começam a agitar os partidos. No PS, três atuais presidentes de câmara não se podem recandidatar. Na CDU, o tempo é de “auscultação e avaliação” do trabalho realizado. No PSD, o presidente da distrital deverá ser candidato a Ourique, onde o espera uma “dificuldade acrescida” chamada Chega. No Bloco, nomes “nunca antes da primavera”.

 

Texto Marta Louro e Luís Godinho

 

Candidatos ainda não há, pelo menos oficialmente. Mas há certezas entre os socialistas: os presidentes de câmara em exercício de funções são automaticamente candidatos a um novo mandato, sem eleições internas, desde que o queiram e possam fazer. Assim sendo, fonte do PS dá como certa as recandidaturas de António Bota (Almodôvar), Paulo Arsénio (Beja), António José Brito (Castro Verde), Pita Ameixa (Ferreira do Alentejo), Álvaro Azedo (Moura) e Marcelo Guerreiro (Ourique). Em Barrancos, João Serranito Nunes está a cumprir o primeiro mandato mas a recandidatura não é dada como certa.

 

Garantido é que as Câmaras de Aljustrel, Mértola e Odemira terão novo presidente. Nelson Brito, Jorge Rosa e José Alberto Guerreiro atingiram o limite máximo de mandatos permitidos por lei (três), pelo que não poderão voltar a concorrer. “Essa questão não coloca nenhuma dificuldade [ao PS], porque a nossa responsabilidade e dever é criar candidaturas vencedoras”, garante diz Nelson Brito, presidente da Federação Socialista do Baixo Alentejo. “Temos como objetivo ganhar as câmaras que são do PS e as que não são. Em processos eleitorais democráticos não há derrotas nem dificuldades, devem existir sim opções e projetos políticos dedicados aos cidadãos. Essa é a verdadeira natureza da política: servir as pessoas”.

 

Em Mértola, o atual vice-presidente da Câmara, Mário Tomé, foi escolhido pela concelhia, por unanimidade, como cabeça-de-lista. “É o candidato ideal para me suceder”, garante Jorge Rosa.

 

Nelson Brito diz que o objetivo do PS é ter todos os cabeça-de-lista escolhidos até final de março. Depois se vendo, caso a caso, quando será feito o anúncio público pelas diversas concelhias. “O que posso adiantar é que tudo está a correr bem e dentro de um espírito de grande serenidade e de empenho em apresentar candidaturas fortes e vitoriosas”.

 

 “O PS tem a maioria das autarquias, quer em presidências de câmara quer em juntas de freguesia quer em eleitos. Tem perante os cidadãos a responsabilidade de vencer em cada órgão a que se candidata. Não por estatística ou contabilidade, mas porque essa responsabilidade é sobretudo um dever de trabalho empenhado em prol das populações”, acrescenta o dirigente socialista.

 

“PROCESSO INTERNO”

 

Também na CDU o momento é de debate interno sobre as próximas autárquicas. “Está a decorrer um processo interno de auscultação e de avaliação do trabalho. Em breve e a seu tempo serão divulgados os cabeças-de-lista e as listas concorrentes”, diz João Pauzinho, coordenador da Direção da Organização Regional de Beja (Dorbe) do PCP.

 

Os objetivos eleitorais é que já estão definidos: “Passam pelo reforço da CDU, e esse reforço passa pelo aumento do número de eleitos e de maiorias em freguesias e municípios do distrito de Beja”. Nenhum dos atuais presidentes de câmara eleitos pela CDU no distrito – António João Valério (Alvito), João Português (Cuba), Tomé Pires (Serpa) e Rui Raposo (Vidigueira) – está impossibilitado de voltar a concorrer.

 

Questionado sobre o eventual empenho da CDU em concelhos como Aljustrel ou Mértola, onde os atuais presidentes não se irão recandidatar, João Pauzinho diz que os nomes “não constituem” uma questão central. “O importante é a avaliação que as populações fazem em relação ao trabalho realizado, e no que toca ao PS uma coisa é certa: nós temos neste momento, um governo do PS, uma larga maioria de câmaras municipais socialistas e aquilo que constatamos é que o distrito continua a marcar passo, nomeadamente em relação às necessidades mais essenciais para a população. As obras essenciais e estruturantes para a região continuam a ser adiadas”.

 

“CANDIDATURAS AVANÇADAS”

 

Mais avançado está o processo autárquico no PSD. A começar pela capital de distrito, onde os sociais-democratas irão apresentar a votos uma lista encabeçada por Nuno Palma Ferro, professor na Escola Secundário D. Manuel I e ex-presidente do Clube de Patinagem de Beja. “Existem fortes probabilidades dessa candidatura se concretizar”, diz ao “DA” o presidente da concelhia de Beja do PSD, Pinela Fernandes, que será o cabeça-de-lista à Assembleia Municipal.

 

“Será uma pessoa que dará todas as garantias de um excelente resultado na autarquia de Beja”, acrescenta o presidente da distrital, Gonçalo Valente, que deverá apresentar-se a votos em Ourique. “Tenho vontade, faço questão de dar a cara, de ir para o terreno, para o combate”. Ora, justamente em Ourique, irá encontrar uma dificuldade acrescida: o Chega. “Sendo militante do PSD e havendo uma candidatura do PSD no concelho, ficava-me mal andar a fazer campanha com o Chega”, disse ao semanário “Expresso” o ex-presidente da concelhia de Ourique do PSD, Rui Brito, revelando que não irá entregar o cartão de militante, “pelo menos até às eleições autárquicas”. A sua esposa é que já se mudou para o Chega, tendo manifestado em casa disponibilidade para ser candidata à autarquia pelo partido, acrescenta o “Expresso”.

 

Gonçalo Valente diz que os objetivos eleitorais estão traçados: “Aumentar o número de eleitos, se existir a possibilidade de disputar uma câmara estaremos na luta e iremos acreditar até ao fim. Estamos conscientes que vamos encontrar muitas dificuldades, mas ao mesmo tempo, temos uma forte convicção de que conseguimos juntar as melhores equipas possíveis”. Um ponto a favor será a existência de uma coligação com o CDS, que nas últimas autárquicas alcançou quase tantos votos como o PSD no distrito de Beja: 928 contra 1076.

 

“DISCUSSÃO ABERTA”

 

Por sua vez, o Bloco de Esquerda diz estar “numa fase de discussão aberta em diversos concelhos, em torno de programas locais que reforcem o combate à crise pandémica, económica e social – esta última vai aprofundar-se nos próximos meses e marcará o próximo mandato autárquico 2021-2025”.

 

O objetivo é “reforçar os números de candidaturas”, para além das quatro a que tem concorrido: Beja, Odemira, Almodôvar e Serpa. “Os nomes só surgirão depois dos programas e nunca antes da primavera”, revela Alberto Matos, coordenador do BE.

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