Diário do Alentejo

Alto Alentejo: Empresários receiam mais falências

15 de janeiro 2021 - 12:15

Os empresários da região de Portalegre manifestaram receios de que o novo confinamento geral, devido à covid-19, se transforme na “machadada final” para muitas empresas, numa região que conta com um tecido empresarial débil. “Acho que é a ‘machadada final’. As pessoas queixam-se sempre muito relativamente à veracidade das coisas, empolam sempre um bocadinho mais, não digo que vá fechar muita gente, mas vai haver aqui graves problemas”, alertou o presidente da Associação Empresarial de Elvas (AEE), João Pires.

 

O responsável disse acreditar que, “para meados de fevereiro, comecem a ‘cair’ restaurantes mais pequenos, comércios mais pequenos, porque a machadada é muito grande”. Desde o início da pandemia, “não há” registo de muitos estabelecimentos comerciais encerrados naquele concelho raiano, mas João Pires alertou que o setor da restauração vai ser o mais afetado nos próximos tempos.

 

Elvas e os estabelecimentos de restauração vivem muito à base dos clientes oriundos de Espanha, que “pouco ou nada” têm ido àquela cidade da raia. Também o presidente do Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR), Jorge Pais, alertou para as consequências do novo confinamento, receando o encerramento definitivo de pequenos comércios e empresas. “Esta região já está uns ‘furos’ atrás das outras em termos de dinâmica empresarial, de vida económica, de população e o impacto destes encerramentos obrigatórios para os pequenos estabelecimentos e comércio é ainda mais dramático”.

 

Segundo o responsável, “o contexto em que vivem [comércio e pequenas empresas] é muito mau, mesmo sem pandemia já não era muito famoso. Agora, com estas situações, com a obrigatoriedade de fechar as portas, a situação agrava-se muitíssimo e muitos, com certeza, não conseguirão resistir”.

 

O presidente do NERPOR disse ainda esperar que os apoios do Governo aos pequenos empresários sejam distribuídos com celeridade, o que nem sempre ocorreu desde o início da pandemia. “Muitas das medidas que são anunciadas e apresentadas, depois, na prática, não estão a funcionar com a rapidez necessária, e escuto muitos empresários que estavam à espera dos apoios, mas depois há atrasos de processamento, burocráticos e acabam por não receber com a rapidez que seria necessário”, criticou.

 

Jorge Pais acrescentou ainda que as moratórias no crédito têm “aliviado um bocadinho” a vida das empresas, mas, como “não houve um perdão da dívida”, os pagamentos “vão aparecer” mais tarde, coincidido, presumivelmente, com um período em que se espera que as empresas “comecem a respirar”.

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