Diário do Alentejo

Quatro concelhos do Alentejo com desemprego nos 20%

15 de outubro 2020 - 10:00
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Moura, Mourão, Barrancos e Sines são os concelhos do Alentejo, que segundo um estudo publicado pela Universidade Nova de Lisboa deverão encerrar 2020 com uma taxa de desemprego superior a 20 por cento.

 

Texto Marta Louro

 

O agravamento do desemprego – ainda sem reflexo do fim do ‘lay-off’ simplificado nas empresas – surge diretamente associado à pandemia de covid-19. Em Moura, “algumas empresas e negócios fecharam devido à situação que se está a viver. Em consequência da pandemia muitos dos negócios retraíram-se, não neste concelho como em todos do distrito”, refere Álvaro Azedo, presidente da Câmara de Moura. “Falamos de microempresas e pequenos comerciantes que têm sentido muitas dificuldades para manter os seus negócios”.

 

Para tentar amenizar o problema, a autarquia criou “um plano de emergência empresarial - que já está em vigor - para que os pequenos empresários e comerciantes possam ir lidando com estas dificuldades de uma forma menos avassaladora”. O autarca diz estar “a procurar estruturar a dinâmica empresarial direcionada para o turismo e desenvolvimento dos produtos. O objetivo é garantir que nos próximos anos se consiga minimizar este número elevado de pessoas desempregadas”.

 

Em Barrancos, o desemprego “é uma realidade que se tem vindo a agravar nos últimos anos”. O presidente da Câmara, João Serranito Nunes, fala em “problemas de fundo” que se têm vindo a arrastar “ao longo dos tempos”. A autarquia “tem adotado algumas medidas de emprego direto, mas infelizmente não abrange toda a mão-de-obra disponível”, salienta.

 

Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines, diz ao “DA” que “o período de confinamento teve como consequência o adiamento de diversos projetos que estavam programados para este ano”, nomeadamente intervenções de manutenção industrial. “Uma vez que existe uma grande dependência de trabalho temporário neste tipo de intervenções é natural que no segundo e terceiro trimestre tenha havido um aumento do desemprego”.

 

Nuno Mascarenhas diz que não “antevê que [o elevado número de desempregados] seja uma tendência instalada e mostra-se convencido que a retoma se possa iniciar ainda neste último trimestre do ano.

 

AUMENTO DE 27,2 POR CENTO

De acordo com as previsões da Nova Information Management School, a taxa de desemprego em Portugal Continental deverá ultrapassar os 10 por cento no final do ano. “Com os dados disponíveis, e não esperando que novas limitações da atividade económica, tais como aquelas que sucederam em março deste ano, tenham lugar, prevê-se que a taxa de desemprego global possa atingir os 10,2 por cento”, referem os responsáveis do estudo.

 

Em agosto o número de desempregados inscritos nos centros de emprego do Alentejo aumentou 27,2 por cento face ao mês homólogo de 2019. Os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) revelam que na região estavam inscritos nos centros de emprego 18 156 indivíduos, mais 3 888 que em agosto do ano passado. Comparativamente ao mês anterior, o número de inscritos aumentou 0,9 por cento, o que corresponde a mais 161 inscrições. As ofertas de emprego na região Alentejo diminuíram 14,4 por cento face a agosto de 2019. Comparativamente a julho, as ofertas de emprego aumentaram 4,3 por cento.

 

O IEFP refere que para o aumento do desemprego registado no país, “contribuíram todos os grupos de desempregados, com destaque para as mulheres, os adultos com idades iguais ou superiores a 25 anos, os inscritos há menos de um ano, os que procuravam novo emprego e os que possuem como habilitação escolar o ensino secundário”. No final de agosto, Moura apresentava o maior número de desempregados (1042), seguindo-se Sines (829), Mourão (163) e Barrancos (77).

 

Arnaldo Frade, delegado regional do Alentejo do IEFP, reconhece que “a pandemia que estamos a viver provocou graves problemas na economia que se repercutem no emprego/desemprego. A redução drástica e em certos casos a paragem da atividade das empresas provocou um aumento de desemprego no país e na região Alentejo”. Em seu entender, o crescimento do número de desempregados “é uma consequência direta da pandemia”.

 

Segundo Arnaldo Frade, o Instituto de Emprego e Formação Profissional “procura ajudar as entidades [empregadoras] a lutar contra as adversidades no sentido da preservação do emprego, bem como os cidadãos a reorganizar a sua vida e a readquirirem o seu posto de trabalho”.

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