O representante da CNIS admite que a situação é “preocupante”, até porque “não está claro” o número de infetados. Os testes estão a ser feitos ao longo do tempo, porque o período de incubação do vírus é diferente de pessoa para pessoa. Também por essa razão estão a ser repetidos testes, e, algumas pessoas que começaram por dar negativo, agora já testaram positivo. As autoridades de saúde procuram evitar a disseminação, impondo o confinamento obrigatório a quem contraiu o vírus e a quem manteve relações diretas com pessoas infetadas.
Tiago Abalroado diz que, em geral, “a população está consciente da situação, mas também expectante que se resolva rapidamente, pois existe um grande desgaste em todos os envolvidos”. Por outro lado, espera que “os efeitos negativos [do surto] não sejam mais intensos do que já foram, causando a morte de três pessoas” – a quarta morte ocorreu minutos depois da entrevista.
Concretamente, no contexto das IPSS, dá conta de que “houve instituições que voltaram a suspender as visitas”, como medida de segurança. O lar Dona Ana Pacheco, em Saboia, concelho de Odemira, suspendeu as visitas por tempo indefinido. A regra entrou em vigor no passado dia 29 de junho. “Não existem casos na freguesia, mas existem muito perto, no Algarve, nos concelhos de Monchique e de Portimão. Como os familiares dos nossos utentes vivem nessas zonas, tomamos esta medida de precaução”, observa a presidente da direção do lar. Adília Dias diz que os envolvidos reagiram bem, pois sabem que é para salvaguardar os utentes. “Com quem está a ser mais complicado é com os utilizadores do centro de dia que, neste momento, não vêm à instituição”, conclui.
Sem casos ativos concelho, o lar da Santa Casa da Misericórdia de Mértola continua com o sistema de visitas que o desconfinamento possibilitou, uma só pessoa, por marcação, e cumprindo-se as regras de higienização e cuidados associados. A assistente social, responsável pelo lar e centro de dia, Ana Cristina Colaço, explica que o acesso à sala de encontro faz-se por duas portas distintas – a dos familiares dá para o exterior – e que a visita é realizada sem qualquer contacto físico, graças a um separador em acrílico. “Por isso, e para já, não vemos necessidade de suspender as visitas. Até porque também é difícil para os utentes estarem muito tempo sem verem os familiares”.
Com os casos de covid-19 a aumentarem no Alentejo, ninguém pode estar descontraído, e o espetro de novos surtos torna-se cada vez mais presente. “Nunca estamos verdadeiramente preparados para gerir uma situação desta natureza, porque é muito difícil fazê-lo, mas agora estamos mais capacitados tanto a nível de equipamento como de conhecimento”, resume Ana Cristina Colaço.
A apreensão das instituições de solidariedade social face ao surto de covid-19, na região levou 85 IPSS dos distritos de Évora, Beja, Portalegre e Setúbal a reunirem-se recentemente, online, para abordar a evolução da situação pandémica no território. Tiago Abalroado explica que o objetivo foi essencialmente a partilha das preocupações, no sentido de poderem tomar medidas “para todos”, de forma a ultrapassar este período. Assim como “encontrar um mecanismo de negociação coletivo que permita adquirir equipamentos de proteção individual a baixo custo nos próximos dias, com vista à criação de uma central de negociação, para as IPSS, em conjunto, poderem negociar o equipamento, pois verifica-se um grande inflacionamento dos preços deste material”. Por fim, foi abordada a necessidade de promover “a partilha de um serviço de apoio psicológico para acautelar as questões do foro mental nos utentes que estão em estrutura residência confinados, ou em domicílio”.