Diário do Alentejo

Sines: Trabalhadores da central com futuro em risco

17 de julho 2020 - 17:20

A federação sindical das indústrias elétricas manifestou preocupação quanto ao futuro dos trabalhadores da central termoelétrica de Sines, que vai encerrar em janeiro de 2021, apesar das garantias dadas pela EDP.

 

“Mantemos algumas reservas e preocupações relativamente à situação dos trabalhadores que a EDP tem na central de Sines, apesar de a empresa ter dito que vai cumprir as suas obrigações com todos os trabalhadores”, disse à agência Lusa Joaquim Gervásio, dirigente da Federação dos Sindicatos das Indústrias Elétricas, Metalúrgicas e Químicas (Fiequimetal), após uma reunião com a empresa.

 

Segundo o sindicalista, a EDP disse no encontro que já tem prevista a situação dos 107 trabalhadores da central de carvão de Sines, à exceção de 15, cujos casos ainda estão a ser analisados.

 

De acordo com a empresa, uma parte dos trabalhadores em causa preenche requisitos de reforma e pré-reforma, pelo que poderá ser acordada a passagem a essa condição, e os restantes poderão ter oportunidades de mobilidade no grupo EDP.

 

Joaquim Gervásio manifestou ainda preocupação relativamente ao futuro dos mais de 200 trabalhadores que prestam serviços em Sines, através de quatro empresas.

 

A EDP disse aos sindicalistas que, após o encerramento da central e num período previsível de cinco anos, decorrerão trabalhos de descomissionamento e desmantelamento, que deverão ser assegurados pelos atuais prestadores de serviços.

 

Na terça-feira, a EDP anunciou que apresentou à Direção-Geral de Energia e Geologia uma declaração de renúncia da licença de produção da central termoelétrica de Sines, no distrito de Setúbal, com efeitos em janeiro de 2021, ou seja, a manifestar a sua intenção de encerrar a central nesta data.

 

Fonte oficial da energética disse à agência Lusa que "a EDP está ativamente comprometida para que, em parcerias com instituições nacionais e também promovendo o acesso ao Fundo para a Transição Justa, se possa fomentar a requalificação do emprego e criação de novas oportunidades e projetos na região".

 

Em comunicado emitido na terça-feira, o presidente executivo interino da EDP, Miguel Stilwell d'Andrade, explicou que "a decisão de antecipar o encerramento de centrais a carvão na Península Ibérica é assim uma consequência natural do processo de transição energética, estando alinhada com as metas europeias de neutralidade carbónica e com a vontade política de antecipar esses prazos".

 

Miguel Stilwell d'Andrade foi nomeado na semana passada presidente executivo interino da EDP, substituindo António Mexia, que foi suspenso de funções na empresa como medida de coação decidida pelo juiz Carlos Alexandre no caso EDP.

 

A Fiequimetal aproveitou a reunião de hoje para transmitir à empresa a sua posição relativamente à suspensão de António Mexia. “Não fazemos juízos de valor, aguardamos que a justiça esclareça e resolva esta situação”, disse Joaquim Gervásio.

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