A região de Barrancos/Noudar conta-nos histórias de milénios que remontam ao Paleolítico. Foi conquistada aos mouros em 1167, pelo nobre Gonçalo Mendes da Maia, “O Lidador”, no reinado de D. Afonso Henriques. Nos conflitos com Castela, avanços e recuos eram frequentes, ora estava na posse de Castela, ora era pertença portuguesa.
Segundo a carta de doação de 4 de março de 1283, Afonso X entrega Noudar a Dona Beatriz, sua filha, já viúva de D. Afonso III, rei de Portugal.
Em 1295, D. Dinis concede foral à vila de Noudar, confirmado em 1513 por D. Manuel I. Com o seu castelo altaneiro, cercada por um pano de muralhas medievais e abraçada por dois cursos de água, a ribeira do Múrtega e o rio Ardila, a vila de Noudar foi resistindo às investidas por parte de Castela. Aquando da ocupação castelhana, em 1707-1715, Noudar foi votado ao abandono e já em 1835 aparece a designação de município de Noudar e Barrancos. Em 1836, com as reformas administrativas de Mouzinho da Silveira, Barrancos é elevado à categoria de vila.
O espólio do arquivo histórico, a nível de antiguidade, não é muito valioso, no entanto, é neste espaço que se encontram os velhos pergaminhos e documentos que contam a vida quotidiana de Barrancos.
O documento mais antigo que se conserva é um livro de 1724-1734, o da renda da Irmandade do Santíssimo Sacramento e as velhas atas da vereação, os livros onde se registavam as leis, provisões e ordens entre outros.
A inexistência de documentos mais antigos que documentem a história do município prende-se, provavelmente, com o facto de Barrancos ter sido “arrasado”/incendiado no período conturbado da Restauração de 1640, mais concretamente entre junho e agosto de 1641, quando, por ordem do rei, o exército português chegou à aldeia de Barrancos com o propósito da sua destruição.
O espólio do Arquivo Histórico de Barrancos está atualmente disperso por dois locais, a aguardar ser transferido para instalações próprias. Nesse espaço poderemos ler uma vida de trabalhos autárquicos e institucionais: a renda da igreja, o livro dos expostos, as velhas atas, entre outros.
O Arquivo Histórico de Barrancos é um tesouro de cultura ainda imaculado, que poucos conhecem, mas que deslumbra.
Cópia de uma carta de mercê de vizinhança… (Pedido de autorização para cidadão fixar-se na vila de Barrancos)“Dom João por Graça de deus Rei do Reino unido de Portugal e do Brasil e Algarve da quém e da lem// mar em África da Guine e da conquista, navegação, Comércio da Etiópia Arabia…faço saber aos que esta minha carta de vizinhança virem…”.
Fonte: AHM de Barrancos - C /B, L.v 1, fls, 11 a 12 v