O Museu Municipal de Arqueologia de Serpa encontra-se instalado na Casa do Governador, em plena Alcáçova do Castelo. Criado em 1984 por iniciativa do município, o museu foi alvo de profunda restruturação no início do século XX, reabrindo ao público a 24 de março de 2016.
A abertura das portas do museu revelou um novo conceito museográfico assente numa metodologia de interpretação do território. O museu centra-se atualmente nas coleções presentes na renovada Casa do Governador e na Alcáçova do Castelo, onde se expõe um conjunto de mais de 300 peças, numa distribuição cronológica iniciada no Paleolítico e que termina no Período Medieval. Conta com o apoio de painéis ilustrados, ecrãs interativos, projeções sonoras e visuais e um filme documental.
No piso térreo da Casa do Governador encontra-se a receção, que dispõe de material de apoio ao visitante, informação turística e publicações para venda. De seguida, o acesso à área expositiva faz-se por uma porta com uma pesada grade de ferro que serve de memória de quando o edifício serviu como prisão comum, entre as décadas de 1950 e 1970.
Esta sala acolhe, numa vitrina central, um variado espólio que espelha a riqueza do património arqueológico concelhio, incluindo as novidades obtidas com as intervenções arqueológicas dos últimos anos, sobretudo, durante a implementação do projeto Alqueva.
Na vitrina, dividida entre o mundo dos vivos, com materiais do quotidiano das populações, e o mundo simbólico, centrado em artefactos funerários e rituais, o visitante pode começar por observar os escassos líticos do Paleolítico, período pouco documentado no concelho de Serpa, passando pelos artefactos da revolução neolítica, relacionados com a agricultura, olaria, pesca, caça ou o trabalho têxtil, pelo Calcolítico, com o surgimento dos primeiros artefactos metálicos e a revolução dos produtos secundários, pela Idade do Bronze, novamente com destaque para a metalurgia, e terminando na Idade do Ferro, em que se exibem peças que relevam o contacto das sociedades indígenas com povos do Mediterrâneo.
A outra metade da vitrina expõe artefactos do Neolítico, Calcolítico e Idade do Bronze, correspondentes a oferendas funerárias que permitem percecionar mudanças nas crenças votivas. Nas paredes laterais, diversos painéis ilustrados contêm textos de apoio sobre os períodos retratados e dois ecrãs interativos permitem ver a distribuição dos sítios arqueológicos no território e destacar alguns pormenores.
A sala do fundo possui um ambiente recatado, adequado para o visionamento do filme do realizador João Botelho, “Nos Campos em Volta”, que conduz o visitante a uma viagem pela história da ocupação humana do território, desde as primeiras comunidades humanas às civilizações romana e islâmica, recordando lendas como a da “Serpente Alada” e tradições etnográficas de um passado mais recente.
O piso superior apresenta a coleção romana, em grande parte devedora dos trabalhos arqueológicos realizados na villa da Cidade das Rosas.
Esta coleção é apresentada em duas grandes vitrinas verticais, que ostentam desde simples objetos do quotidiano a ricas peças em ouro ou vidro, bem como a coleção numismática.
Na divisória central são exibidos elementos arquitetónicos e de construção, enquadrados por breves textos com ilustrações e um ecrã onde são mostrados outros elementos arqueológicos que se encontram em mãos particulares e no Museu Nacional de Arqueologia, como a conhecida estátua do deus Esculápio.
A sala do fundo é dedicada à epigrafia onde, para além das peças expostas, se pode ouvir um relato ficcionado inspirado nas inscrições aí patentes.
Segue-se a sala da Antiguidade Tardia, composta por elementos arquitetónicos relacionados com a afirmação do Cristianismo após a queda do Império Romano.
A exposição termina com a islamização do território, apresentando cerâmicas, moedas, metais e um molde com uma inscrição em árabe, onde a aproximação do visitante ativa um sensor áudio com a recitação.
O museu articula-se com a alcáçova e o próprio castelo, onde se dispõem materiais arquitetónicos ou pétreos, que vão desde um menir pré-histórico aos pesos de lagar romanos, capitéis da Antiguidade Tardia, estelas discoides ou marcos territoriais medievais. As próprias muralhas do castelo integram uma epígrafe romana reutilizada como material de construção.Na alcáçova existe ainda um edifício de apoio com uma sala polivalente utilizada para reuniões, conferências, oficinas ou exposições.
Mas o Museu Municipal de Arqueologia não é apenas o conjunto de peças que acolhe e expõe, é, sobretudo, um elo de ligação à comunidade local, que se reforça constantemente através de múltiplas atividades.
Museu Municipal de Arqueologia de Serpa