Diário do Alentejo

Rede de Turismo e Cultura: Ourique | Castro da Cola

24 de abril 2024 - 12:00
Foto| DR

Monumento nacional desde 1910, o Castro da Cola teve uma longa sequência de ocupação, em que a mais atinga se integra na Idade do Bronze e a mais recente na Idade Média.

O Castro da Cola integra-se num amplo conjunto arqueológico, designado Circuito Arqueológico da Cola, constituído por diversos monumentos megalíticos, povoado calcolítico, necrópoles da Idade do Bronze e do Ferro e os povoados da Idade do Ferro Porto Lajes e Fernão Vaz.

Este sítio localiza-se no topo de um imponente cerro xistoso, com 200 metros de altitude, situado junto à ribeira de Marchicão, próximo do rio Mira, a cerca de oito quilómetros a sudoeste da Aldeia de Palheiros e a 14 quilómetros de Ourique. Esta posição dotava-o de um bom domínio visual sobre a paisagem e garantia boas condições naturais de defesa. Os vestígios arqueológicos do Castro da Cola são conhecidos desde o século XVI, com as recolhas de André de Resende. Os primeiros trabalhos arqueológicos realizaram-se nas décadas de 50 e 60 do século XX, sendo dirigidos por Abel Viana e permitiram identificar uma longa sequência de ocupação, em que a mais antiga se integra na Idade do Bronze e a mais recente na Idade Média.

Seria, no entanto, Abel Viana a dar início a um estudo sistemático destes vestígios arqueológicos, já em pleno século XX (décadas de 50 e 60), com base em todo um imaginário popular da região eivado de lendas e tradições referentes à possível existência de tesouros das denominadas “mouras encantadas”. As campanhas arqueológicas começaram, então, em 1958, tendo sido, infelizmente, interrompidas em 1964, no seguimento do falecimento do arqueólogo.

Embora tivesse tido uma ocupação desde o Neolítico até à época medieval, a parte mais significativa do espólio exumado na altura permite concluir que os períodos de maior atividade humana neste sítio terão decorrido ao longo da Idade do Ferro (representada pelos resquícios de uma curta espada de antenas, urnas cerâmicas e pela presença de diversas contas de colar realizadas, quer em vidro – de tipo fenício ou púnico –, quer em ouro) e, sobretudo, na Idade Média, com especial destaque para o período islâmico, do qual abundam inúmeros exemplos, tendo-se encontrado apenas dois fragmentos de lucernas relativos à ocupação romana, mas que não bastam para se falar de romanização deste povoado.

Quer pela análise do espólio encontrado durante as escavações correspondente ao período islâmico, quer pelo estudo da sua localização no terreno, e, sobretudo, pelo numeroso conjunto de artefactos conectados com a atividade da tecelagem (cujos padrões parecem obedecer a uma gramática decorativa aproximada à do mundo islâmico), poder-se-á concluir que o Castro da Cola constituiu um importante complexo comunitário, cuja base económica deveria repousar sobre uma economia essencialmente agro-pastoril, a condizer com o potencial da região envolvente.

Na realidade, estas potencialidades naturais explicarão o facto de serem conhecidas nesta vasta área geográfica diversas estações arqueológicas com vestígios ocupacionais desde o Neolítico até à Idade Média, numa evidência da sua ocupação contínua por parte de agricultores, pastores e mineiros, que aí encontraram as condições essenciais ao exercício das suas atividades e à sobrevivência das povoações onde viviam.

Do período islâmico, fará, ainda, parte um conjunto bem representativo de cerâmica de variadíssimas espécies, numerosas agulhas de fusos de fiação e cossoiros de chumbo, entre outros materiais. Durante o período medieval islâmico (século X – XIII), o Castro da Cola era um povoado delimitado por uma fortificação de planta poligonal irregular, constituída por vários panos de muralhas, com cerca de 2,4 metros de espessura e cinco a seis metros de altura, reforçada por diversas torres quadrangulares.

A porta original localizava-se a norte, defendida por torre de maiores dimensões e muralha mais espessa. Este dispositivo defensivo era reforçado por cercas muralhadas, que se implantavam nos cerros vizinhos. No reinado de Afonso III (século XIII), as muralhas e estruturas habitacionais interiores sofreram várias remodelações, construindo-se a muralha divisória do castro e vários silos nas suas proximidades. O abandono do Castro da Cola terá ocorrido de forma pouco clara durante o seculo XVI, possivelmente, com a ascensão da vila de Ourique.

Cada pedra do Castro da Cola conta uma história. Não deixe de visitar a riqueza, a história e a beleza deste local.

Contactos/marcação de visitas:

Centro Interpretativo do Circuito da Cola: 963 090 894Posto de Turismo de Ourique: 286 510 414

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