Diário do Alentejo

Museu Municipal de Arqueologia e Etnografia de Barrancos

12 de abril 2024 - 12:00
Foto | D.R.Foto | D.R.

O museu de Barrancos surgiu da necessidade da criação de um espaço que garantisse um destino condigno e seguro para o importante espólio arqueológico e etnográfico existente. Ao longo dos últimos anos tinha-se reunido um importante acervo composto pelo espólio arqueológico resultante dos trabalhos de conservação e investigação executados no castelo de Noudar e noutras zonas da região e por um amplo e variado conjunto etnográfico, fruto das doações ou depósitos de particulares, principalmente, de barranquenhos.

É com o propósito de organizar um espaço não só de depósito, mas também de estudo, preservação e divulgação daquele património que, nos anos 90 do século passado, se inicia o projeto do “museu de Barrancos”. Para a sua instalação física optou-se pelas dependências de uma antiga casa senhorial do século XIX, que foi adaptada e requalificada para o efeito, sem descurar a traça original do edifício. A 24 de agosto de 2007 foi inaugurado o Museu Municipal de Arqueologia e Etnografia de Barrancos (Mmaeb) com a seguinte nota inaugural: “Aqui se guarda, estuda e preserva para o futuro, a cultura de Barrancos” e sobre a qual podemos estabelecer os pilares fundamentais desta unidade museológica.

À data apresentou ao público duas exposições de carácter permanente, a arqueológica e a representação do antigo gabinete médico municipal, que ao longo dos anos foram renovadas e melhoradas.

Na atualidade, o museu é constituído por cinco salas de exposições: nas duas salas de arqueologia, encontramos peças e utensílios desde o paleolítico ao século XIX que nos conduzem pela história da região através dos vestígios deixados pelo Homem ao longo dos tempos; a sala do antigo Gabinete Médico Municipal expõe o mobiliário e instrumentos médicos de diferentes especialidades da medicina, cronologicamente compreendidos entre os finais do século XIX e meados do século XX; numa das salas de exposições temporárias, atualmente está patente ao público o “Ciclo do pão – da terra à mesa”, na qual se apresenta um conjunto de alfaias e utensílios representativos das diferentes fases do ciclo do pão. Neste espaço outras coleções têm sido apresentadas e na sua maioria de cariz etnográfico, por se considerar um meio de difusão próprio para a divulgação do considerável espólio que o museu detém. A par do estudo e investigação decorrem os projetos de conservação e restauro que permitem dar corpo à divulgação do acervo através das exposições, brochuras, entre outras. É o caso do espólio etnográfico que integra a exposição temporária “Ciclo do pão” ou outras já realizadas, tais como “Alfaias de antigas profissões”, “Pesos e medidas” ou “Vestuário infantil”. É neste discurso museográfico que o valioso espólio cultural e arqueológico de Barrancos é apresentado ao público, dando testemunho da história deste território.

Na outra sala de exposição temporária, o Mmaeb acolhe o Núcleo de Arte Contemporânea, constituído por um conjunto de pinturas do século XX. É uma iniciativa do Novo Banco Cultura que, sob o lema “Arte e cultura partilha-se”, tem a finalidade de disponibilizar ao público o seu património artístico e cultural.

Enquanto unidade museológica, o Mmaeb tem como missão a investigação, recolha, interpretação, conservação, valorização, divulgação dos elementos do património e da memória histórico-cultural do município de Barrancos. Neste sentido, e com a pretensão de ser um museu dinâmico, projeta, desenvolve e concretiza atividades de carácter cultural e científico, como a organização e realização de exposições temporárias, colóquios, conferências e encontros. É o caso da sua colaboração e apoio na organização dos últimos “Encontros da Rede de Museus do Baixo Alentejo” que visam apresentar um conjunto de palestras acerca do Património Imaterial, especialmente, sobre a expressão oral, e discutir acerca do papel das entidades na sua preservação e divulgação. O VI encontro, sob a temática “A falar é que nos entendemos – a expressão oral como memória e património”, realizado em março de 2024 no edifício do futuro Centro Interpretativo do Barranquenho, evidenciou a necessidade de preservação da memória oral e, no caso específico, da “fala barranquenha”, assim como expôs a vontade e desejo das entidades na sua salvaguarda.

O museu não tem estabelecido formalmente o serviço educativo, mas considera essencial a componente educativa e, nesse sentido, planifica, organiza e dinamiza um conjunto de atividades lúdicos educacionais, tais como, visitas orientadas, oficinas e outras iniciativas. Como exemplo, referir a oficina “Ciclo do pão”, uma atividade inter-geracional, em que os mais jovens aprendem com os mais velhos as técnicas da confeção do pão, segundo as práticas tradicionais. É uma atividade que permite a transmissão de saberes e que contribuí para a sua preservação. É no âmbito deste serviço que o museu colabora desde a sua criação com a comunidade local, em especial, com o Agrupamento de Escolas de Barrancos.

O Museu Municipal de Arqueologia e Etnografia de Barrancos é uma unidade museológica local, repositório de história e de cultura que pretende ser um equipamento cultural ao serviço da comunidade, do desenvolvimento do conhecimento científico e um agente dinâmico na conservação e preservação da memória local.

 

Museu Municipal de Barrancos

Comentários