Diário do Alentejo

José Diogo Bento: "Ser alentejano está na moda!"

16 de março 2022 - 15:50

Texto Luís Miguel Ricardo

 

Tem 27 anos, nasceu em Beja, reside em Panoias – concelho de Ourique, é músico profissional, é cantador alentejano, é ensaiador de grupos corais e é formador de cante alentejano.

Ao longo do seu percurso artístico, já integrou vários projetos musicais com destaque para a participação no Grupo Coral de Ourique; Vozes das Terras Brancas, de Casével, onde acumulou a função de ensaiador; Campaniça Trio; Cantadores do Sul, Pequenos Camponeses do Sul e ensaiador do Grupo Coral Feminino «As Amigas de Panoias»

Entre 2016 e 2017 foi formador de Cante Alentejano na Escola de Música Tradicional, em Odemira, atividade que também iniciou, em 2016, em Beja, no Centro Escolar Santiago Maior, e que mantém ativa até aos dias de hoje, burilando as vozes e os gostos de muitos alunos da instituição.

Ao nível de participações discográficas tem, entre outras, colaborações em trabalhos de Pedro Mestre, Diogo Mendes, Viela dos Abraços, Moços d´uma Cana, Cantadores do Desassossego, e, brevemente, vai ser lançado o primeiro trabalho discográfico do grupo Cantadores do Alentejo.

Eis José Diogo Bento na primeira pessoa.

  

Quando e como o gosto pela música?

Tudo começou desde muito cedo por influência do meu pai e familiares (avó e tias), no Grupo Coral Infantil Pequenos Camponeses do Sul. Grupo formado na freguesia de Panoias, na década de 90. Outras influências são, naturalmente, todos os grupos corais que já tive a oportunidade de ouvir, seja ao vivo ou digitalmente, pois aprendemos com todos, assim como o músico Pedro Mestre, que sempre foi e continua a ser muito influente no meu processo constante de aprendizagem.

 

Que importância teve e tem o mediatismo da televisão no incrementar da carreira artística?

Naturalmente, o programa “Portugal Got Talent” teve um papel importante, porque queríamos promover o nosso trabalho, que é trabalhar e criar músicas do Alentejo à nossa maneira. Mostrar ao mundo e, principalmente, ao Alentejo que faz falta inovar.

 

Dos projetos realizados algum que justifique destacar?

Todos os trabalhos desenvolvidos até hoje são importantes, mas penso que o próximo disco dos Cantadores do Alentejo vai fazer a diferença, por ser um trabalho singular, um trabalho nunca feito por qualquer grupo. Vai ser inédito!

 

Como é composto o repertório?

Todas as letras e músicas são originais, compostas pelo grande Gonçalo Narciso, excelente tocador de guitarra portuguesa, membro dos Cantadores do Alentejo e também pelo seu avô, grande mestre de Cante, José Sequeira Narciso, residente em Aljustrel. Estes nomes são os principais “culpados” do trabalho inédito que em breve vai ser lançado.

 

Ser alentejano e estar no Alentejo é fonte de inspiração ou de limitações para a carreira?

Desde que exista qualidade e vontade para tal, qualquer alentejano tem condições para vingar no mundo artístico. Temos o exemplo do António Zambujo, do Pedro Mestre, do Buba Espinho, entre outros, e, mais recentemente, o Miguel Moura e o Luís Trigacheiro. Ser alentejano está na moda. Estamos a conquistar o mundo!

 

Qual o objetivo do ensino do cante nas escolas da região?

O objetivo é somente sensibilizar as crianças e mostrar a realidade do Cante Alentejano no passado e no presente. Existem, naturalmente, meninos e meninas com capacidade para vingar, tudo depende da opção deles. O nosso trabalho é deixar lá apenas a semente do gosto pelas nossas tradições.

 

Que papel desempenham as novas tecnologias na carreira artística de José Diogo?

As novas tecnologias são uma mais-valia, porque hoje em dia é bastante fácil e práticos termos acesso à informação e promoção de qualquer tipo de trabalho. Milhares e milhares de pessoas estão conectadas à Internet em permanência.

 

Como tem sido vivido este período de “stand by” no mundo?

Tem sido complicado, porque tivemos muito tempo parados. Muitos grupos de música alentejana e corais ficaram afetados e alguns deles, infelizmente, até terminaram as suas atividades. Mas, finalmente, começamos a ver a luz ao fundo do túnel. Tudo vai voltar a normalidade, esperamos nós!

 

Que sonhos artísticos moram em José Diogo Bento?

O meu sonho é continuar a cantar, sensibilizar os mais jovens e continuar a atuar com os mais velhos, pois eles são os detentores do saber e com eles aprendemos todos os dias.

 

O que está na manga a curto e médio prazo?

O próximo CD dos Cantadores do Alentejo. Ansioso por esse momento! E muitos concertos, pelo menos é isso que espero!

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