Diário do Alentejo

Crónica de Né Esparteiro: “O Diabo no Mundo Quântico”

19 de maio 2021 - 16:45

“Dinger” – “Que nome tão estranho para uma gata” - pensei eu, quando o meu filho me apresentou a sua mais recente aquisição, uma gatinha preta de lindos olhos verde-esmeralda, aconchegada ternamente no seu braço.

 

- “Não conheces o gato de Schrödinger, mãe?” – questionou. E acrescentou: - “É o gato mais famoso no mundo da física, o do paradoxo de Schrodinger, um dos cientistas criadores da física quântica. E “Dinger” é apenas um diminutivo para Schrödinger!”. Eu já tinha ouvido o nome do cientista, mas não fazia ideia de qual era o paradoxo.

 

Há algum tempo, foi-me sugerido pela namorada do meu filho, a outra dona da Dinger, enquanto remexiam em livros do quarto dele: - “Leia este livrinho, que trata a física quântica em forma de história. Vai gostar de ler”.

 

O meu filho e a namorada são engenheiros físicos, pelo que não admira que se sintam fascinados por este livro publicado pela editora Gradiva em 2013, na coleção Ciência Aberta, dirigida então pelo conhecido físico Carlos Fiolhais. E assim me aventurei por “O Diabo no Mundo Quântico”, de um autor português, Luís Alcácer, professor jubilado do Instituto Superior Técnico, onde lecionou matérias da química-física e da química quântica.

 

Não se trata de um manual ou de um livro técnico, mas sim de uma pequena obra onde, através do diálogo entre duas irmãs, Alice e Beatriz, somos conduzidos pelos meandros da misteriosa e difícil tarefa de entender teoria quântica. O capítulo três do livro leva-nos até ao paradoxo do gato de Schrödinger: “Muitas pessoas já ouviram falar do gato de Schrödinger, mas poucas conhecem a verdadeira história…. Alice conhece-a bem. Beatriz já ouviu falar, mas não sabe exatamente do que se trata”.

 

E de que trata, afinal, o paradoxo?

 

Em resposta a um artigo publicado por Einsten e outros autores, Shrödinger publicou, em 1935, o artigo “A Presente Situação da Mecânica Quântica”, no qual descreve uma experiência imaginária, onde um gato é colocado numa caixa de aço durante uma hora e existe um mecanismo, com uma pequena quantidade de uma substância radioativa, que com 50 por cento de probabilidade faz acionar um mecanismo que pode provocar a morte do gato, mas que com os restantes 50 por cento de probabilidade, o mecanismo não dispara e o gato está vivo. Então, antes de abrirmos a caixa, o gato está vivo e morto – um paradoxo.

 

Não é uma leitura fácil, mas faz-nos entrar de mansinho no complexo mundo da teoria quântica e perspetivar que há mais mundo para além do que entendemos. E não esqueçamos que os computadores quânticos são uma realidade e que a própria NASA, em colaboração com o Google, utiliza o maior computador quântico do mundo para resolver desafios da informática.

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