Diário do Alentejo

Agostinho Moleiro publica livro autobiográfico

30 de dezembro 2020 - 12:00

“O Filho do Sapateiro Valentino”, obra autobiográfica de Agostinho Moleiro foi recentemente apresentado ao público, na Biblioteca Municipal de Beja. Uma obra em que o autor homenageia “todos os ‘sapateiros’ e ‘camponesas’ que, nas mais adversas condições de vida, fizeram tudo pelo bem-estar dos seus filhos”.

 

Mais do que um livro de memórias, é este um livro de homenagens?

No dia que nasci ainda se ouviam sinos a assinalar o fim da guerra [Segunda Guerra Mundial – 1939/1945], certamente a apelar ao nascimento da paz, ao desenvolvimento e entendimento entre os povos. Neste livro, tento transmitir uma imagem real da minha família, da minha aldeia e de todas as circunstâncias determinantes com que fui confrontado ao longo da vida, sempre sem cruzar os braços e com o carinhoso apoio e incentivo familiar e a generosidade de muitas outras pessoas. Em abono da verdade, também tive muita sorte! A história da vida de Valentino é também o reflexo da história desta nova era, de paz, de desenvolvimento económico e social, de tolerância e partilha. Traçamos um lindo caminho. Entre nós nasceu a democracia e a partilha do espaço europeu. É convictamente uma homenagem a meus pais e a todos aqueles que, como eles, fizeram o melhor pelos filhos, em troca de nada.

 

Qual o episódio que mais terá contribuído para o rumo da sua vida?

É uma questão difícil, porque a vida tem muito de imprevisível e pouco de certeza. Admito contudo que o facto de meus pais me terem deixado, antes dos 13 anos, entregue aos donos do café, dizendo: “Não queremos que nos paguem nada, só pedimos que o tratem bem e que coma da vossa comida”, foi determinante para a minha trajetória de vida. O ambiente familiar que tive a felicidade de viver, com carinho e tolerância e exigência de seriedade e respeito pelos valores da vida, não foi certamente indiferente à minha personalidade. O meu pai dizia: pobres mas trabalhadores e sérios.

 

Considera que Portugal evoluiu na equidade que proporciona a cada cidadão?

Portugal fez um percurso extraordinário nas últimas décadas: ensino e saúde, universais e gratuitos; melhoria franca das condições de vida e dos apoios sociais. O acesso ao ensino, nomeadamente superior, está hoje ao alcance de todos; a mortalidade infantil que era, em 1974, de 38 por mil é hoje da ordem dos 3 por mil, uma das melhores do mundo. A nossa média de vida é também uma das mais altas.

 

Qual o sentimento que experimentou ao assinar a última página escrita deste livro?

Foi gratificante escrever mais um livro, foi um delicioso exercício de memória. Pedi ajuda, à minha irmã mais velha, na certificação dos dados mais antigos. Um sonho partilhado – com a minha família, os amigos, a minha terra e outras mais – e um pedacinho da história do meu país. Bem ou mal, nunca perfeito e sempre real. Os “sonhos” não terminaram e antes que o Sol se ponha vamos a outro!

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