Texto e foto Firmino Paixão
“O Sporting Clube de Cuba sempre desenvolveu um excelente trabalho na área da formação. Através dos tempos foi sempre uma terra conhecida por terem sido aqui formados muitos e bons jogadores, alguns deles até saíram para outros clubes com maior projeção regional e nacional. Hoje em dia, e apesar dos tempos mais difíceis pelos quais o clube passou, também existe, e continuará a existir, um foco muito intenso na formação”.
Quem fala assim é Duarte Serrano, mais um “produto” da fabulosa “cantera” cubense. Nascido há 15 anos naquela vila alentejana, rica em tradições, o miúdo feito futebolista no Campo de Jogos Dr. Augusto Amado de Aguilar, que há duas épocas representava o Despertar Sporting Clube, de Beja, fez as malas e viajou para Coimbra, cidade onde vai representar a “briosa” Académica.
É mais um jovem talento que o futebol sul-alentejano exporta para os grandes clubes nacionais. Um diamante descoberto na sua terra natal e lapidado nas oficinas de formação do Despertar, tal como muitos outros, de que aqui temos dado conta.
Até ao final do ano letivo frequentou o agrupamento de escolas da sua terra natal, que tem como patrono Fialho de Almeida, o médico e escritor que, em vida, ali residiu e onde foi sepultado. “Comecei a jogar futebol quando tinha cinco anos. Iniciei-me no Sporting de Cuba e por aqui permaneci até ao escalão de infantil de segundo ano. Depois fui para Beja representar o Despertar, emblema onde joguei nas duas últimas épocas desportivas”. E ali se deu a conhecer a outros mundos do futebol, despertando o interesse dos “estudantes”.
“Nas últimas férias da Páscoa contactaram-me para eu ir treinar a Coimbra, estive lá três dias e, cerca de um mês depois, ligaram-me a dizer que gostariam de fazer conta comigo já na próxima época”, conta.E foi assim que as portas se abriram. “São oportunidades que surgem, nem todos se deparam com elas, temos de ser competentes mas, principalmente, termos sorte, porque isso ajuda muito”, garante Duarte Serrano, um jovem que tem os pés bem assentes na terra. Senão, vejamos: “Gostaria de ser profissional de futebol, mas sei que, na verdade, as coisas nem sempre resultam, então estou motivado para me habilitar com um curso que me permita conciliar a atividade desportiva e a profissional. Estou no 10.º ano, vou continuar os estudos em Coimbra e gostaria de tirar um curso de Economia”.
Predestinado para o futebol, nunca praticou outros desportos. Cresceu a ver o seu pai, António Carlos, aprontar a camisola listada de verde e leão ao peito, para os grandes dérbis do histórico emblema cubense. Por isso, até a posição no terreno, herdou do progenitor: “Jogo a defesa central, tal e qual como o meu pai jogava no tempo dele. Opção minha, mas, naturalmente, influenciada por aquilo que ele foi como jogador, nesta mesma posição. Sou um jogador dentro da média, o que faz a diferença é a forma e a intensidade com que trabalho. Possuo as qualidades básicas para ser um bom defensor. A dedicação e o empenho poderão fazer a diferença”.
Duarte não tem na memória a primeira vez que pisou o campo de futebol com o propósito de ser futebolista, mas garante: “Sinto-me muito orgulhoso por ter vestido a camisola com o emblema do Sporting Clube de Cuba. É o clube da minha terra e, depois, foi também o emblema que o meu pai, durante tantos anos, representou e onde foi feliz. Quem sabe se, um dia, mais tarde, voltarei a vestir essa camisola”.