Diário do Alentejo

Clube Desportivo de Beja procura crescimento e afirmação no universo do futebol feminino

22 de novembro 2025 - 08:00
A porta está aberta
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Com cerca de meia centena de atletas, o Clube Desportivo de Beja tem atualmente duas equipas (sub/15 e sub/17) a competir nos campeonatos regionais organizados pela Associação de Futebol de Évora e uma (sub/19) a disputar o Campeonato Nacional da 2.ª Divisão Feminino.

 

Texto Firmino Paixão

 

“O clube tem condições para que as atletas cresçam e evoluam e temos as portas abertas para receber mais jogadoras que queiram vir juntar-se ao nosso projeto”, garantiu Nelson Teixeira, coordenador do futebol feminino no Clube Desportivo de Beja. O técnico afirmou: “Temos como meta, até ao final da presente época, constituir um grupo de 60 atletas nos diferentes escalões”.

 

Qual é a realidade do futebol feminino no Clube Desportivo de Beja?

Neste momento o Clube Desportivo de Beja tem um grupo de 48 atletas. Começámos a época com menos mas, entretanto, foram aparecendo novas meninas e outras que transitaram de outros clubes. É um número interessante, contudo, apontamos para um objetivo de 60 atletas. Sentimos uma grande dificuldade no recrutamento, sobretudo, nos escalões mais baixos, porque nessas idades podem competir em equipas mistas e optam por ficar nos clubes das suas terras. Quando atingem os escalões de sub/14 ou sub/15 é que nos procuram. O clube está a participar em três competições nos escalões de sub/15, sub/17 e sub/19 (na foto). São equipas exclusivamente femininas que, por falta de oportunidades locais, estão a competir no Campeonato Interdistrital das Associações de Futebol de Évora e Beja. A participação nestes campeonatos pode, eventualmente, ser uma ferramenta de recrutamento de outras jogadoras que não se sintam bem ou não queiram continuar a competir com rapazes, nas equipas mistas dos escalões mais baixos.

 

Já se esbateram os preconceitos de outrora quanto à prática de futebol pelas raparigas?

Não me parece que isso se mantenha, até porque muitas das miúdas chegam até nós trazidas pelos próprios pais. Aliás, os pais, hoje em dia, dão-nos uma ajuda muito importante naquilo que é a nossa atividade, porque muitas delas, talvez mais de metade do nosso grupo, vêm de fora de Beja. Claro que o clube também investe e proporciona o transporte a muitas das atletas. Repare que temos atletas de quase todos os concelhos em redor de Beja. Se não fossem os próprios pais a trazerem as meninas aos treinos seria muito difícil para nós. Mas sentimos que as meninas quando vêm praticar futebol fazem-no por gosto e os pais apoiam-nas e acompanham-nas.

 

Sendo assim, nesta altura, o Clube Desportivo de Beja é o clube que, na área do futebol feminino, ganhou maior dimensão?

Sim, e estamos recetivos a receber todas as atletas que queiram juntar-se a este projeto do Desportivo de Beja. O nosso contexto passa por um período a que chamamos de iniciação, em que estão as atletas que já competem nos campeonatos de sub/15, mas que não deixam de ser meninas que estão ainda a apreender e a desenvolver o conhecimento técnico daquilo que é o futebol. Conjugamos dois fatores, ou seja, treinam para evoluir, mas procuramos que evoluam em competição ao fim de semana. Numa fase mais adiantada temos uma outra equipa já a competir no Campeonato Nacional Sub/19. Depois temos um corpo técnico constituído por licenciados em Educação Física, treinadores habilitados com o segundo nível, temos, inclusivamente, duas ex-jogadoras que tiraram o curso de treinadoras e estão connosco. O enquadramento técnico é bastante qualificado.

 

Que meta persegue o clube? Claro que não se exige que conquistem campeonatos. Seguramente que se privilegia o desenvolvimento desportivo das jovens e a promoção do clube…

O que nos move é que elas possam crescer e, quem sabe, daqui por dois anos conseguirmos formar uma equipa muito mais trabalhada e competitiva nos sub/19. Comecei a coordenar este projeto no início do último mês de agosto e aquilo que foi pensado logo nessa altura, e que foi devidamente apresentado e partilhado com os pais das atletas, foi que o projeto seria dividido em três pilares distintos: iniciação, evolução e competição. Primeiro haveria um grupo de iniciação, com atletas até ao escalão sub/14, depois, as atletas no escalão até sub/17 são enquadradas num grupo de evolução, e, finalmente, o conjunto de atletas até ao escalão de sub/19 integram-se num contexto de competição. Dentro destes três patamares queremos, essencialmente, promover o crescimento das atletas, mas que evoluam com boas condições de treino e com competição ao fim de semana, porque se não competirem abandonam. Percebemos que existia falta de hábitos competitivos, por isso, o clube, as próprias atletas e as suas famílias estão a fazer um esforço grande, porque estamos em três competições diferentes. As deslocações nem sempre são pequenas.

 

Mas o clube também está preparado para ver sair, para clubes de outra dimensão, algum “diamante” que possa ser lapidado noutra “joalharia”?

Sim, fará todo o sentido, tendo em conta a nossa realidade nesta área. Nós trabalhamos para que elas possam evoluir, para que possam mostrar o seu talento através dos torneios interassociativos em que as seleções participam. Temos, agora, a Constança Pita em observação na seleção nacional e acredito que, se calhar, ainda nesta época, serão convocadas mais atletas para estágio da seleção. Temos atletas que também já foram prestar provas ao Sporting e acredito que num futuro breve possam ir ainda mais.

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