Diário do Alentejo

Clube de Patinagem de Beja disputa Campeonato Regional de Lisboa de Hóquei em Patins Sub/19

16 de novembro 2025 - 08:00
Que futuro terá o hóquei?
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

A escassez de clubes com equipas sub/19 na área de intervenção da Associação de Patinagem do Alentejo obriga a que alguns dos seus filiados – Clube de Patinagem de Beja, Diana de Évora e Estremoz – disputem o Campeonato Regional da Associação de Patinagem de Lisboa.

 

Texto Firmino Paixão

 

O Clube de Patinagem de Beja ficou inserido numa série com o Paço d’Arcos, o Física de Torres Vedras e o Stuart de Massamá, porventura, a equipa mais acessível para os jovens hoquistas alentejanos que, no último fim de semana, tiveram uma jornada dupla na cidade de Beja. No sábado defrontaram o Stuart (5-7) e no domingo jogaram com o Paço d’Arcos (1-14). Poucos treinos (e a horas tardias) e escassez de opções são algumas das dificuldades da equipa bejense que se debate também com a insólita situação de ter um treinador para os treinos e outro para os jogos. Os resultados desnivelados têm refletivas essas contrariedades. O jogo mais equilibrado foi a derrota com o Stuart, por dois golos de diferença. André Alves, treinador que comanda a equipa em competição, admitiu que, pese embora o resultado negativo, esta terá sido a exibição melhor conseguida. “Este foi o primeiro jogo da segunda volta. Considerando que o nosso grupo tinha as duas melhores equipas de Lisboa, a Física e o Paço de Arcos, a Stuart seria aquela equipa que nos permitiria competir com mais equilíbrio”. E adiantou: “Avaliando o jogo que fizemos, no reduto deles, na primeira volta, considero que, realmente, este jogo em Beja foi muito melhor. Não conseguimos um resultado melhor porque eles quiseram ganhar o jogo por cinco golos de diferença, para ficarem à frente no confronto direto na classificação final. Eu pedi-lhes para ganharmos só por um, mas eles entusiasmaram-se, queriam vencer por cinco, cometeram muitos erros defensivos e, na segunda parte, o jogo virou mais para o lado da Stuart”. Um pormenor, senão “por maior”, que tem sido recorrente é a quebra física dos hoquistas no segundo período de jogo. O técnico reconheceu: “Vem acontecendo em todos os jogos. Mesmo com o Paço d’Arcos conseguimos competir em toda a primeira parte e conseguimos um resultado ao intervalo muito nivelado, apesar de prevalecer a supremacia do adversário. Hoje já jogámos bem melhor do que a Stuart na primeira parte, construímos várias oportunidades de golo e a quebra física na segunda parte acabou por ser um bocado o reflexo de não termos muito tempo para treinar. A realidade é essa, e os miúdos acabam por sentir essas dificuldades nas segundas partes, até porque, na gestão do plantel, se der mais tempo de descanso a uns, acabo por deixar a equipa mais permeável em alguns momentos do jogo”. Instado a identificar outras fragilidades, além da escassez de treinos que impacta na condição física, André Alves foi claro. “Esta é uma equipa que nem era para existir. Uma fragilidade grande é a questão do treinador. Eles treinam com o treinador da equipa sénior, porque eu não tenho disponibilidade àquela hora, mas depois sou eu que acompanho a equipa nos jogos. Logo isso é um handicap para a equipa, apesar de existir uma boa comunicação entre os dois treinadores, é sempre diferente e reflete-se na equipa em todos os momentos. Mas é uma equipa que tem muita garra, muita vontade, tem aquele espírito alentejano, com vontade de disputar todos os lances até ao limite. É uma equipa que joga bem em ataque direto, joga rápido, dois ou três passes e baliza, mas quando é preciso jogar em quatro para quatro eles não conseguem”. Esta primeira fase terminará com uma deslocação dos bejenses a Torres Vedras, mas a competição não se esgota por aqui. “Terminada esta primeira fase, em que tivemos a sorte de competir com duas das melhores equipas, Paço d’Arcos e Física, que certamente estarão a disputar o campeonato nacional a par do Benfica e do Sporting, teremos ainda um segundo momento competitivo, com os grupos reorganizados em função das classificações. Serão mais 12 jogos e já disse aos jogadores que terão de vencer a maior parte deles”, garantiu o técnico, lembrando que o percurso destes atletas irá em direção à equipa sénior. “Existe ainda o escalão de sub/23, mas aqui, em Beja, já é complicado fazer uma equipa sub/19 quanto mais uma de sub/23. Temos outro problema nesta região que é a impossibilidade de recrutar atletas porque, normalmente, são bons alunos e seguem as suas vidas académicas para zonas fora deste território, é bom para eles, mas é mau para o clube e para a modalidade”. O que fazer, então, para combater ou minimizar esta escassez de atletas? André Alves constata: “O enraizamento do hóquei está a perder-se, apesar de termos alguns clubes a trabalhar bem na base, mas teremos de ver se esse trabalho dará frutos daqui por cinco ou seis anos e a região conseguirá ter mais equipas nestes escalões de sub/13, sub/15, sub/17 e sub/19. Muitas vezes temos um plantel de escolares ou benjamins e ficamos satisfeitos, mas não pode ser, teremos de ter 15 ou 20 atletas, porque sabemos que, por esta ou por aquela razão, haverá sempre uma boa percentagem de abandonos. Quando temos 10 atletas ficamos muito satisfeitos mas, às vezes, estraga-se uma equipa porque, por exemplo, o guarda-redes abandona e a equipa perde-se. É um pouco isto que acontece neste momento aqui em Beja”.

Comentários