O Despertar Sporting Clube quer evitar os sobressaltos da última época desportiva, em que garantiu a manutenção na primeira divisão distrital da Associação de Futebol de Beja in extremis, no último jogo da época. Formou uma equipa nova, mas mantendo a mística e os valores do clube.
Texto Firmino Paixão
“Há coisas de que não abdicamos”, garantiu Jesus Neca, treinador da equipa sénior do Despertar, especificando: “Temos o nosso lema que é o compromisso, a atitude, a garra, a entreajuda, a amizade e a lealdade, princípios que têm que estar sempre presentes nos treinos, durante a semana, e na competição, ao domingo. Isso não se negoceia, terá de estar implícito na nossa família, no nosso grupo, e é por aí que vamos”. O técnico analisou aqui o atual momento da equipa.
Percorrido que está um terço do campeonato, como é que avalia o percurso do Despertar nestas primeiras jornadas?
O calendário foi um bocado complicado para nós, porque, na parte inicial da prova, tivemos jogos muito exigentes. Começámos por receber o Renascente, fomos ao terreno do Aldenovense e, logo a seguir, fomos a Moura. Depois recebemos o Aljustrelense, fomos a Milfontes e recebemos o Odemirense. Jogámos em Ferreira do Alentejo e recebemos o Cuba. Um percurso em que conseguimos dois empates e duas vitórias consecutivas (Odemira e Ferreira). Teria sido importante ganhar ao Sporting de Cuba, pois seria a terceira vitória consecutiva. Seria moralizador e permitia-nos ter dado um saltinho na tabela. Estamos com oito pontos, acho que, com um pouco mais de sorte, podíamos ter feito algo mais.
Não serão todas as equipas que empatarão em Moura e vencerão em Ferreira do Alentejo. O Despertar já o fez…
O campeonato será muito equilibrado e será decidido em pormenores. Pelo que tenho observado, qualquer equipa pode roubar pontos a outra. Temos um lote de equipas que são candidatas ao título. Temos um campeonato com, pelo menos, quatro treinadores que são profissionais de futebol. Só fazem aquilo e têm jogadores que também não fazem mais nada. Nós temos atletas que não são profissionais, têm as suas profissões e jogam futebol. O campeonato está competitivo e será decidido nos detalhes. Quem tiver mais compromisso, mais atitude, será bem-sucedido. É por aí que vamos. Trabalhamos com o intuito de ganhar os jogos, umas vezes conseguimos, outras não. Mas não abdicamos da atitude e do compromisso para com o clube.
O objetivo passa pela manutenção, mas com maior tranquilidade do que na época passada?
O nosso primeiro objetivo é a manutenção. Penso que, com 21 ou 22 pontos, essa meta será atingida. Logo que os consigamos prepararemos a equipa para a meta seguinte, que será uma classificação entre os primeiros seis lugares. A nossa ideia é irmos subindo na tabela, ganhando tranquilidade, para evitarmos os sobressaltos da época passada, que foi atípica. Utilizámos 12 juniores e sentimos muitas dificuldades.
O próximo jogo será em Almodôvar. Mais uma partida difícil…
O Almodôvar é realmente uma equipa muito forte. Conheço a maior parte dos jogadores, porque, em passado muito recente, treinei lá em dois momentos diferentes. O treinador atual assumiu que quer ser campeão, admiro isso, é de louvar. Foi um treinador que chegou ao clube e assumiu logo essa ambição, não é costume ver isso noutros colegas. Mas nós iremos a Almodôvar como fomos a Ferreira, como fomos a Moura, ou como iremos a outro campo qualquer. Temos a nossa estratégia e o nosso modelo de jogo e não fugimos dele. A ideia é sempre pontuar. Sendo competentes, podemos ganhar a qualquer equipa.
Na Taça Distrito de Beja receberão, neste domingo, o vizinho Penedo Gordo…
Os jogos da taça são sempre diferentes, depois existe essa rivalidade entre duas equipas muito próximas. Não se pode dar nada por garantido. Temos de assumir a responsabilidade de sermos um clube do escalão superior ao do adversário. Queremos ganhar o jogo e faremos tudo para passar à próxima eliminatória. Qualquer treinador ambiciona chegar à final e ganhar esse troféu. Mas, primeiro, temos de vencer os jogos e depois termos sorte nos sorteios.
A equipa está mais robusta do que na época passada?
Neste ano temos mais soluções. Quando fizemos o plantel quisemos recrutar alguns jogadores com qualidade para a primeira divisão distrital mas não conseguimos porque, ao nível financeiro, era impossível concorrermos com outros clubes. Tenho quase a certeza de que o Despertar será o clube com o orçamento mais baixo, daí termos convidado jogadores e eles terem-se comprometido com outros clubes. Conseguimos ir buscar o Jaber Souza ao Penedo Gordo e o Fábio ao Aljustrelense, os restantes são atletas da segunda divisão. É com este grupo que temos vindo a trabalhar mas, comparando com o da época passada, temos, de facto, mais soluções.
Está confiante? Lidera um grupo unido e sente-se apoiado pelo clube?
Esta direção assumiu o clube com a prioridade de o recuperar e tem-no conseguido na perfeição. Ainda recentemente inauguraram o Posto Médico Enfermeiro Jorge Costa, um espaço que acredito não haverá igual por esse distrito. Nós não conseguimos proporcionar aos atletas grandes valores monetários, mas oferecemos outras condições, quer para os jogadores crescerem e se sentirem bem, quer a todos os treinadores do clube, para que possam desempenhar as suas funções com todo o rigor e perfeição. Por outro lado, esta direção assume o setor da formação como prioritário. Um caminho que o clube está fazendo mercê do trabalho fantástico do presidente e da sua equipa diretiva.