Diário do Alentejo

“Se não der para ganhar…”

08 de agosto 2025 - 16:00
O Vasco da Gama de Vidigueira regressa, amanhã, ao Campeonato de Portugal, jogando no recinto de O Elvas
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Vasco da Gama, de Vidigueira, regressará, na tarde de amanhã, ao Estádio Municipal Domingos Patalino, em Elvas, recinto onde, há duas épocas, conquistou os três pontos na ronda inaugural deste campeonato.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

“O Elvas tem um investimento fortíssimo. No ano passado quis subir à Liga 3, neste ano a ideia será a mesma, portanto, esperamos um adversário muito competitivo, difícil e de extrema qualidade. Mas nós temos os nossos argumentos, lá dentro seremos 11 contra 11 e também temos muita qualidade”, garantiu Ricardo Vargas, treinador do Vasco da Gama, na antevisão da partida de amanhã. O técnico admitiu ainda: “Estou certo de que eles também se preocuparão connosco, apesar de irmos para a primeira jornada com quatro semanas de trabalho. Mas temos uma base que conhece as ideias, conhece as dinâmicas e isso facilita o nosso trabalho, portanto, iremos disputar os três pontos. Tive um treinador que me dizia que ‘se não der para ganhar, não podemos perder’”.

 

Como foi a preparação do Vasco da Gama para uma época que marca o regresso do clube ao Campeonato de Portugal?Foi uma fase muito difícil de gerir. Estes campeonatos começam sempre muito cedo. Sabemos que, nestas alturas, e neste contexto, em que não temos muitos atletas profissionais, embora neste ano até temos jogadores a ficar na Vidigueira, mais do que tem sido normal nos últimos anos, mas temos muitos outros que trabalham, que têm que gozar as suas férias, porque têm os seus filhos as suas famílias, portanto, é sempre uma fase em que não os conseguimos reunir todos. Só na quarta semana de trabalho, uma semana antes do início do campeonato, é que conseguimos reunir todos os nossos atletas. É sempre um trabalho difícil. Agora, em termos de atitude, daquilo que é o empenho dos atletas, tem sido um período fantástico, mesmo até nas semanas em que treinámos em Portel.

 

Certamente que a base do plantel se manteve e esse conhecimento do plantel permite-lhe criar boas expectativas para o que poderá ser a época desportiva?Sim, a base tem-se mantido. Perdemos um ou outro atleta que gostaríamos que tivesse cá ficado. Outros, já sabíamos que, por variadíssimas razões, dificilmente continuariam, mas os que ficaram são em grande parte a base da equipa, a sua espinha dorsal, dão-nos totais garantias. Agora, resta-nos incorporar os outros que vieram de novo. Jogámos duas vezes contra o Lagoa e até o fizemos com uma ideia de jogo diferente daquilo que será a nossa para o campeonato, mas penso que, nesta fase, os resultados foram importantes, principalmente, as derrotas, porque fazem-nos ver muitas coisas. Fomos a Lagoa com uma semana de trabalho, depois recebemo-los cá e fomos jogar com o Lusitano, uma equipa de outro contexto, da Liga 3, mas, a verdade é que estes jogos mostraram-nos certas coisas que nós precisávamos de ver.

 

Prevalece a identidade do clube e aquele espírito que o Ricardo costuma definir como a “alma do Vasco”?No dia que isso de perder ficará mais difícil. O núcleo forte do grupo continua cá. Mas não chegará só a alma. Em muitos momentos ela é muito importante para nós, mas, primeiro, temos de reunir um bom conjunto de atletas, depois temos de construir um bom grupo e, então, partir para uma boa equipa. Mas é mais fácil quando temos um lote de atletas tecnicamente e taticamente elevados. Gostamos de apostar na juventude, mas, sim, o Vasco vive muito da alma no interior e fora das quatro linhas. Essa união é importante, sabemos que as vitórias é que alimentam isso tudo e, mais do que as vitórias, a forma como jogamos, a alma com que o fazemos e a qualidade que mostramos cá para fora. Podemos, às vezes, perder, mas que as pessoas saiam daqui conscientes de que a equipa fez tudo para vencer.

 

O objetivo passa por evitar aquele percalço de há duas épocas, mantendo o clube neste patamar nacional?Não podemos falar em manutenção. Podemos falar em fazer a melhor classificação. Aconteceu connosco a manutenção pela primeira vez. No primeiro dia, o nosso presidente disse que o objetivo era a manutenção e eu, sobre as palavras dele, disse que o objetivo seria melhorar a classificação que o Vasco já conseguiu, porque foi essa que lhe deu a manutenção. Portanto, o grande objetivo nem passa pela manutenção mas por melhorar aquilo que, no passado, já foi conseguido. O Vasco da Gama é um clube que merece estar neste patamar e precisa de se estabilizar a este nível. O Campeonato de Portugal está cada vez mais profissionalizado e estas equipas que são muito semiamadoras, ou mesmo amadoras, têm sempre muitas dificuldades nestes campeonatos.

 

As dificuldades que revelou em reunir atempadamente todo o plantel não comprometem o início da época? Este talvez tenha sido o ano em que conseguimos reunir todo o plantel mais cedo. Gostaria de ter aqui mais jogadores da nossa zona, a verdade é que muitos já não querem estar neste contexto. Optam por estar no distrital, treinam menos vezes, não fazem tantas viagens e nós, se calhar, até perdemos um atleta por isso mesmo. Mas eu respeito isso. Portanto, tivemos de ir a outros mercados que nem sempre são fáceis. Não temos o poderio financeiro que outros têm, temos de viver com aquilo que é possível. Mas, sim, gostaria de ter aqui mais quatro ou cinco atletas que têm qualidade para aqui estar. Tentámos, mas não foi possível.

 

O campeonato não será fácil, já o admitiu, e a série D está cada vez mais recheada de clubes históricos e com um palmarés elevado?As equipas que subiram também estão todas muito fortes. Os clubes terão de se mentalizar que terão de apostar e criar condições para estar neste campeonato, ou, então, vamos lá por ir. E isso não faz sentido. Nós não vamos com essa mentalidade, queremos ser muito competitivos em todos os jogos, mas vejo clubes que, no ano passado, foram e fizeram três ou quatro pontos. Ou não investiram, ou foram lá só por ir. Mas o Vasco da Gama mereceu subir, assumiu este campeonato e assume que quer fazer uma classificação melhor do que aquela que lhe garantiu a manutenção pela primeira vez.

 

PLANTELRenovações: José Luís, Tomás Coelho, Daniel Lança, Guilherme Fouto, Matheus Xavier, Daniel Andrade, Marco Castelhano, André Castelhano, António Baixinho, João Pazinho, Bruno Costa, Alberto Lubambi, Luciano; reforços: Ruan Gabriel (Juventude Évora), Miguel Tinoco (Aldenovense), Welson Lopes (Almada), Rodrigo Souto (Serpa), Caio Zuca (Alcains), Emanuel Eze (Celoricense), Cristiano Quaresma (Seixal) e Samuel Galo (Lusitano Évora).

Comentários