O regresso imediato do Piense Sporting Clube ao escalão principal do futebol regional está comprometido. O clube já não depende, apenas, de vencer na tarde de amanhã em Barrancos, precisará que os concorrentes diretos, Albernoense e Boavista dos Pinheiros, não consigam pontuar.
Texto Firmino Paixão
Os três empates que o Piense consentiu, no seu terreno, nesta fase final do Campeonato Distrital da 2.ª Divisão, terão sido determinantes para que o clube não consiga regressar, já neste ano, ao escalão principal do futebol regional. Ocupa o terceiro lugar, a um ponto do Albernoense e em igualdade com o Boavista dos Pinheiros. Ganhando em Barrancos, precisará que a equipa de Albernoa não vença, em casa, o Negrilhos. Mas, Ricardo Estrela, de 37 anos, antigo jogador, e hoje o técnico da equipa, é um homem de fé: “Sou sempre um treinador com o pensamento positivo. Enquanto for matematicamente possível, acreditarei sempre. Será muito difícil, não dependemos só de nós, mas, no futebol, quem acredita tem sucesso, quem não acreditar está logo derrotado” referiu.
O percurso do Piense teve altos e baixos?
Foi uma época muito difícil. Um campeonato muito longo, mas é um campeonato que se torna mais competitivo, e é isso que se pretende. Fizemos uma boa primeira fase, qualificámo-nos antes da última jornada. Na fase de apuramento de campeão as coisas têm sido mais complicadas. Mantivemo-nos até à penúltima jornada, quando recebemos o Odemirense, dependendo apenas de nós próprios, mas a subida ficou mais difícil. Com a derrota que sofremos em Albernoa complicámos a nossa qualificação para o segundo lugar. Matematicamente, ainda é possível, mas já não dependemos apenas de nós e teremos um jogo difícil em Barrancos.
Mas, consentiram três empates em casa. Foram seis pontos perdidos que nesta altura fazem bastante falta?
Dois desses empates considero até que foram resultados com alguma justiça. O único empate que considero ter sido um mau resultado foi frente ao Negrilhos. Fizemos tudo para ganhar, mas eles tiveram a sorte do jogo. Criámos imensas oportunidades que não conseguimos concretizar. Com o Odemirense foi o mesmo, tivemos bastantes oportunidades e não marcámos, embora o Odemirense tenha a melhor equipa que vi jogar neste campeonato. Foi campeão com todo o mérito.
Que dificuldades identificou para que as coisas não tivessem acontecido?
Sinto que os clubes aqui da margem esquerda do Guadiana têm sempre muita dificuldade em recrutar jogadores com qualidade para formar equipas competitivas. Temos que recorrer à formação, mas, atualmente, os clubes aqui próximos já nem fazem equipas de juniores com regularidade. Não temos em casa, ou temos pouco, procuramos fora e não encontramos, é muito difícil. Os jovens vão para as universidades ou optam por outras áreas que lhe garantam outro futuro.
Nessa linha, o plantel deste ano foi o possível. Muita juventude oriunda da formação com dois ou três jogadores da região mais experientes...
O Tó Miguel, o João Paulo Agatão, o Malagueta e o André Covas são ainda grandes exemplos no futebol distrital. Têm a vontade que falta a muitos jovens que por aí andam. Foi uma equipa muito difícil de constituir. Mas, repare que os jogadores que aqui temos, que estão já para lá dos 40 anos, ainda fazem a diferença na segunda divisão distrital, além da experiência, do saber e do exemplo que partilham com os mais jovens.
O vosso “décimo segundo jogador” é incansável no apoio à equipa?
As pessoas de Pias apoiam, incondicionalmente, o clube da terra. Não será por falta desse carinho, e desse apoio, que as coisas não acontecerão. Quem vem aqui sabe que o campo do Piense tem sempre uma moldura humana muito bem composta, quer nos momentos mais difíceis, como nas vitórias. Na época passada, no final da primeira volta estávamos praticamente despromovidos, na segunda volta conseguimos ainda fazer 12 pontos, mas os nossos adeptos nunca nos abandonaram.
A primeira divisão é o patamar ideal para o Piense. Terá de ser esse o foco mais imediato?
O Piense merece, como merecem mais equipas que estão neste patamar. Mas, como já referi, hoje é muito difícil recrutar jogadores para nos ajudarem, atletas que tenham qualidade e vontade em vestir esta camisola. No passado queriam vir porque o campo era relvado, hoje existem sintéticos em todo o lado e as coisas mudaram. Depois, é a tal falta de jovens da formação para que possam reforçar as equipas.
Seja com o Piense na primeira ou na segunda divisão, qual será o futuro de Ricardo Estrela?
O futuro dependerá de muita coisa. Se subirmos ou não subirmos. O Piense terá eleições para os órgãos sociais. Não sabemos se o atual presidente se recandidata. Mas, é assim, quando se atingem os objetivos, o treinador e a equipa merecem todos os créditos, quando isso não acontece, o treinador assume toda a responsabilidade e é isso que eu farei. Haverá sempre quem apoie a minha continuidade, como haverá quem peça a minha saída. Tudo dependerá do resultado final, porque o nosso objetivo foi sempre a subida de divisão.